Witness Lee (1905 – 1997)
“Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas” (Apocalipse 17:1).
“Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21:9).
Das duas mulheres faladas em Apocalipse 17:1-3 e 21:9,10, uma é chamado a grande meretriz e a outra é chamada a Noiva. No capítulo 17, versículo 1, lemos: “Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas”. Então no capítulo 21, versículo 9, diz: “Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro”. Novamente, o capítulo 17, versículo 3 diz: “Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher”. E o capítulo 21, versículo 10, diz: “e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus”. Quando o Espírito Santo inspirou o homem para escrever a Bíblia, Ele propositadamente usou uma estrutura paralela para mostrar essas duas mulheres para que pudéssemos ter uma impressão clara.
Vamos considerar alguns pontos relativos à meretriz. A meretriz falada em Apocalipse 17 e 18 é Babilônia, cujos feitos são extremamente desagradáveis a Deus. Por que sua conduta é tão ofensiva a Deus? Que Babilônia representa e qual é o princípio de Babilônia? Por que Deus insiste em tratar com a Babilônia, e por que é necessário esperar até que a Babilônia seja julgada antes de a esposa do Cordeiro aparecer? Que Deus nos abra os olhos para que possamos realmente ver o que a Babilônia é de acordo com a Bíblia.
Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra
“Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA. 6 Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto” (Apocalipse 17: 5,6).
“Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra” (Gênesis 11:4).
A Habilidade Humana Tentando Alcançar o Céu
O nome “Babilônia” origina-se de “Babel”. Lembramo-nos da história da torre de Babel da Bíblia. O princípio da torre de Babel é o da tentativa de edificar algo na terra para atingir o céu. E quando os homens construíram essa torre, eles usaram tijolos. Há uma diferença básica entre tijolo e pedra. Pedra é feita por Deus e tijolos são feitos pelo homem. Tijolos são uma invenção humana, um produto humano. O significado de Babilônia é que o homem tenta de sua própria maneira construir uma torre para alcançar o céu. A Babilônia representa a habilidade humana. Ela representa o falso cristianismo, um cristianismo que não permite que o Espírito Santo tenha a autoridade. Ela não busca a direção do Espírito Santo, mas faz todas as coisas pelo esforço humano. tudo consiste de tijolos cozidos pelo homem; tudo depende da ação do homem. Estes homens não vêem que são limitados, mas tentam fazer a obra do Senhor com sua habilidade natural. Eles não permanecem na posição onde realmente são capazes de dizer ao Senhor: “Senhor, se não quiseres nos dar graça, nada podemos fazer”. Eles pensam que a habilidade humana pode bastar para coisas espirituais. A intenção deles é implantar na terra algo que alcance o céu.
Deus, no entanto, não pode aceitar tal coisa? Devemos enfatizar que não há lugar para o homem na Igreja. Coisas celestiais podem vir somente do céu; as coisas dessa terra nunca podem ir até o céu. A dificuldade do homem é que ele não vê que está sob julgamento, nem vê que nada mais é que pó e barro. O homem pode construir alto, mas o céu é mais alto que a mais alta altura humana. Não importa quão alto os homens possam construir sua torre, elas ainda não podem tocar o céu. O céu sempre está acima do homem. A razão de Deus ter destruído o plano do homem de construir a torre de Babel, foi mostrar ao homem que ele me si mesmo é inútil nas questões espirituais. O homem nada pode fazer.
O Princípio da Hipocrisia
“Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma barra de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata, por baixo” (Josué 7:21).
“Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5:3,4).
Vemos um outro acontecimento no Velho Testamento que manifesta enfaticamente esse princípio. Quando os israelitas entraram na terra de Canaã, a primeira pessoa a pecar foi Acã. Qual foi o pecado cometido por Acã? Ele cobiçou os despojos de Jericó, entre eles, uma boa capa babilônica. Uma capa babilônica foi o que seduziu Acã a cometer pecado. Que significa uma boa capa? Uma boa capa é usada com o propósito de dar boa aparência. Quando alguém veste uma boa capa, significa que ele se adorna um pouco para melhorar a aparência. A cobiça de Acã pela capa significa que ele buscava parecer melhor.
Então, no Novo Testamento, logo após a Igreja ter sigo introduzida, quais foram os primeiros a cometer pecado? As Escrituras nos mostram que foram Ananias e Safira. Qual foi o pecado que cometeram? Eles mentiram ao Espírito Santo. Eles não amaram muito ao Senhor, mas quiseram ser vistos como aqueles que amavam muito o Senhor pelos outros. Eles estavam apenas fingindo. Não desejavam oferecer as coisas alegremente ao Senhor, mas diante dos outros, agiram como se assim fosse. Essa é a capa babilônica.
O princípio da Babilônia, portanto, é a hipocrisia. Na verdade, não existem tais coisas, mas ainda assim, as pessoas agem como se houvessem, para obter a glória do homem. Aqui está um perigo real para os filhos de Deus – fingir ser espiritual. Há muito comportamento espiritual que é desempenhado na falsidade. É vestido tal qual uma capa.
Os filhos de Deus não sabem quanta falsidade eles têm vestido para receber a glória do homem. Essa é uma atitude inteiramente oposta à da Noiva. Tudo o que é feito em falsidade é feito no princípio da meretriz, não no princípio da Noiva. Se os filhos de Deus puderem ser libertos de fingir diante dos homens, será uma grande coisa. O princípio da Babilônia é fingir para receber a glória dos homens. Se colocarmos atenção na glória e posição humanas, estamos no pecado da capa babilônica e no pecado cometido por Ananias e Safira.
O Cristianismo Corrompido
“O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver!” (Apocalipse 18:7).
Uma outra condição de Babilônia é vista em Apocalipse 18:7. Ela está sentada como rainha. Ela perdeu toda a sua característica de viúva. Ela nada sente a respeito do Senhor Jesus sendo morto e crucificado na cruz. Ela perdeu a fidelidade, o alvo adequado. Este é o princípio de Babilônia e é o cristianismo corrompido.
O capítulo 18 também nos mostra muitas outras coisas sobre a Babilônia, especialmente relacionadas à luxúrias que ela desfrutava. Há muitas coisas que podemos usar quando precisamos. Assim como o apóstolo Paulo falou sobre utilizar o mundo (1 Coríntios 7:31), nosso propósito para com estas coisas é simplesmente usá-las. Mas o desfrute da luxúria é outra questão. Deus nos permite tudo o que precisamos, mas Ele não permite coisas que são além da necessidade.
Acabamos de ver que o princípio da Babilônia é misturar as coisas do homem com a Palavra de Deus, e a coisas da carne com as coisas do Espírito. É fingir que algo do homem seja algo de Deus. É receber a glória humana para satisfazer a concupiscência do homem. Portanto, Babilônia é aquele cristianismo misturado e corrupto.
Qual Deve ser a Nossa Atitude em Relação à Babilônia?
“Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).
Vemos também em 2 Coríntios 6:17, 18: “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas”. A Palavra de Deus é que Seus filhos não podem ser envolvidos em qualquer assunto que tenha o caráter de Babilônia. Deus diz que devemos sair de toda situação onde o poder do homem está misturado com o poder de Deus, onde a habilidade humana está misturada com o trabalho de Deus, e onde a opinião do homem esteja misturada com a Palavra de Deus. Não podemos participar de qualquer coisa que tenha o caráter da Babilônia. temos que sair disso.
Babilônia teve o seu início na torre de Babel, e, dia após dia, está se tornando cada vez maior. Mas, no final, Deus irá julgá-la (Apocalipse 19:1-4). Em todo o Novo Testamento, há apenas uns poucos aleluias, e eles estão expressos nesse capítulo. Por quê? Porque a Babilônia, a que adulterou a Palavra de Cristo foi julgada.
A passagem de Apocalipse 18:2-8 nos diz a razão da queda e julgamento da Babilônia. Os atos pecaminosos de Babilônia são proclamados e as consequências do seu julgamento estão estabelecidas.
O princípio da Babilônia é o da confusão e impureza; portanto, seu nome é meretriz. Que o Senhor, por Sua graça, não permita que busquemos glória nem hora fora de Cristo. O que o Senhor pede é que nos deleitemos e que sejamos absolutos com Ele.
“Quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Crônicas 16:9).
Extraído do capítulo 5 do livro “A Igreja Gloriosa”, de Witness Lee. Livro publicado pela Editora Arvore da Vida (esgotado).
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Gostei ,foi um aprendizado bom,
Vou preparar uma ministração.
Sobre o assunto.