As Oito Bem-Aventuranças – Parte 2

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G. H. Pember

“Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; 2 e ele passou a ensiná-los, dizendo…” (Mateus 5:1,2).

As Promessas de Recompensa

[Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus – Mt 5:3]:  Por meio da ajuda do Espírito, ele alcançou a verdadeira humilhação do ego e, portanto, certamente será exaltado. Porque a pura humildade é a primeira grande qualificação para o Reino, e aquele que a possui está tão certo de receber todas as outras graças necessárias no devido progresso, dele pode até ser dito que já ganhou o Prêmio. O orgulho, que envolve fazer a vontade própria e praticar a auto deificação, é a raiz de todo o mal, quando Eliú nos diz o principal fim dos tratos de Deus com nossa raça, ele diz: “para apartar o homem do seu desígnio e livrá-lo da soberba” (Jó 33:17).

[Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados – Mt 5:4]: Aquele que chora por seus pecados será confortado ainda nessa vida, pela realização da feliz verdade, que “o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado” [I Jo 1:7]; e, no futuro, ele buscará seus pecados e não encontrará, porque Deus enxugará todas as suas lágrimas [Ap 7:17; 21:14].

[Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra – Mt 5:5]: Os mansos serão desprezados pelos homens e roubados de todas as suas possessões, mas eles deixarão alegremente que tomem os seus bens, porque eles aparecerão em glória com Aquele a Quem, não havendo visto, amam [I Pe 1:8] e, então, olharão para baixo para toda a terra como os senhores indicados para ela.

[Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos – Mt 5:6]: Aquele que tem fome e sede de justiça será satisfeito e colocado bem além do alcance do pecado.

[Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia – Mt 5:7]: Aquele que demonstra misericórdia aos seus companheiros obterá misericórdia do Senhor Naquele Dia, quando todo o Seu povo precisará dela intensamente (2 Tm 1:18).

[Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus – Mt 5:8]: Aquele que é puro de coração será permitido vislumbrar, com olhos encantados, a gloriosa visão do Santo e Poderoso Deus.

[Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus – Mt 5:9]: Aquele que luta para trazer a paz entre os irmãos será reconhecido no universo como um filho [gr. huios] de Deus, o Grande Pacificador, Quem reconciliou o mundo Consigo Mesmo pela morte do Seu Filho.

[Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus – Mt 5:10]: Aquele que tem sido perseguido aqui por causa da justiça logo mudará sua amarga experiência pela paz e glória da Cidade Celestial, onde a justiça habita e reina, onde “não há noite” [Ap 21:25; 22:5] “e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor” [Ap 21:4].

“Mas”, pode ser dito, “nós raramente ou nunca vemos esse regular processo de santificação na vida espiritual das pessoas ao nosso redor, nem experimentamos isso nós mesmos”. Isso é verdade, mas esse fato está muito distante de provar que a descrição do Senhor está equivocada. Não! O problema está em nós. Por nossa negligência de vigilância e oração, e suas tristes consequências, abafamos o Espírito de Deus, frustrando Sua obra. Se, por meio de nosso mundanismo e resistência ao Seu poder, a convicção de pecado, que Ele forjou em nós, for enfraquecida, quão grande será o desastre! Então, não podemos lamentar nossa condição caída com perfeita sinceridade. Nossa mansidão não pode ser confiável, ao ser engolida, em alguns momentos, por ataques de orgulho, temperamento maléfico ou ressentimentos. Nosso anseio por justiça pode se tornar intermitente. Podemos, aqui e ali, nos mostrar ásperos, ao invés de misericordiosos. Alguma dissimulação poderá ser detectada em nosso coração e poderemos nos encontrar nos juntando a disputas e questionamentos, ou as estimulando, ao invés de nos esforçarmos para reconciliar os disputantes, e, finalmente, nos encontraremos dispostos a cobrir nossa justiça por um momento, quando percebermos perseguição se movendo em nossa direção.

Então, o processo de santificação será tedioso e excessivamente doloroso, quando, de outra forma, poderia ter sido rápido e envolvido, comparativamente, pouca disciplina.

Muito frequentemente Deus é levado a nos tratar como fez com Israel. Porque, devido às suas murmurações, reclamações e idolatria, o povo não alcançou Canaã para possuir a Terra, antes de se passar trinta e oito anos depois que deixaram o Sinai, e ainda, como Moisés enfatizou, toda a jornada não requereria menos de 11 dias (Dt 1:2).

E finalmente, o Senhor não afirma, de maneira nenhuma, que o processo de santificação será sempre conduzido como Ele desenhou. Não! O que Ele diz é que são abençoados aqueles que provam tais coisas dessa maneira.

Tendo Ele falado de forma geral, agora Ele se endereça especificamente para os discípulos diante Dele, nas seguintes memoráveis palavras:

“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt 5:11-12).

Aqui, o Senhor passa para uma aplicação prática do teste final do discipulado. Com efeito Ele diz: “não estou os ensinando meras teorias, que vocês ensinarão a outros. Não! Se vocês forem Meus, e forem, portanto, amar e seguir pela justiça, vocês devem estar preparados para sofrer perseguição do mundo”. Onde a injustiça reina, a justiça não pode esperar por paz. Onde Satanás é ainda o Príncipe, aqueles que são de Cristo não têm esperança de não serem perturbados.

Nesses dois últimos versículos das Bem-Aventuranças, três tipos de injustiças são mencionados:

Injúria – é apenas um abuso verbal.

Perseguição – pode envolver atos de tratamento ruim.

Mentira, dizendo toda a sorte de mal – difamação do caráter.

O último é duplamente doloroso, porque traz uma desgraça temporária para o Senhor, assim como para nós mesmos. Entretanto, esse homem encontra sua realização nas inúmeras calúnias que o Diabo nunca se cansa de inventar, a fim de justificar e intensificar o tratamento maligno, ao qual ele se esforça para expor os Filhos do Reino.

Acusações como de canibalismo, impureza e ateísmo foram trazidas contra os crentes nos tempos da igreja primitiva. Tais também eram as muitas calúnias que incessantemente foram fabricadas desde aqueles dias, assim como as inescrupulosas e cruéis mentiras que tem sido frequentemente usadas com o propósito de destruir a influência dos servos individuais do Senhor e de inflamar o ódio do mundo contra eles.

As palavras “por Minha causa” são uma advertência para que nos certificamos que estamos sendo perseguidos apenas porque somos seguidores do Senhor Jesus, e não por causa de nossa conduta injusta e comportamento errado.

Tais palavras nunca poderiam se aplicar aos Judeus, porque eles, enquanto nação, nunca poderiam sofrer por amor do Senhor Jesus, uma vez que não creram Nele, tanto naquela ocasião, como agora, mas apenas crerão quando Ele voltar novamente em glória.

Na Era Milenar, nem Israel, nem a Igreja sofrerão perseguição alguma. Como vimos, a aplicação desse discurso é conferida àqueles que, tendo se tornado discípulos do Senhor Jesus na presente era, estão ansiosos, a qualquer custo, para andar de maneira digna de seu chamamento e viver para Sua glória.

Tais crentes vão se alegrar, independente de quão grandes forem seus presentes problemas. Isso porque, tendo deliberadamente escolhido sofrer por Cristo, ao invés de escolher desfrutar dos prazeres do pecado temporariamente, eles também reinarão com Ele, de acordo com Sua promessa, e grande será a recompensa nos Céus.

As últimas palavras garantem outra prova da restrição do discurso, em sua aplicação literal, aos crentes Cristãos, a quem apenas serão dadas recompensas nos céus.

Mas, aqueles que tem que suportar angústias e perseguições por causa do Senhor não devem, de maneira alguma, estranhar o fogo ardente que surge no meio deles, destinado a prova-los, como se alguma coisa extraordinária estivesse acontecendo [veja I Pe 4:12,13]. Eles estão apenas participando de parte de tudo aquilo que todos profetas e testemunhas do Senhor que viveram antes deles passaram, e podem se alegrar, e até exultar, porque eles, também serão considerados dignos de serem numerados entre Seus amados especiais.

Extratos do capítulo The Eight Benedictions, do livro The Great Prophecies of The Centuries Concerning The Church, de G. H. Pember.

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