Lance Lambert
“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Efésios 4:1).
É maravilhoso ser chamado para ser a noiva de Cristo, chamado para estar em união com Ele, mas é ainda mais admirável pensar que somos chamados para o trono para reinar com Ele. Penso que isso é simplesmente incrível.
“Para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória” (1 Tessalonicenses 2:12).
“Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).
Esse é um dos capítulos mais impressionantes do Novo Testamento, porque o apóstolo Paulo diz que ele conta tudo com refugo. Ele não considera a si mesmo como que tendo alcançado aquilo para o qual Deus o conquistou, mas prossegue. Para o que ele prossegue? “Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. É literalmente, “o chamado para o alto”. Não é impressionante? O pensamento é o trono. Não somos chamados apenas para ser parte da cidade, mas somos chamados para o governo divino.
“Sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo” (2 Tessalonicenses).
Por que o texto diz, “ser considerados dignos…”? Certamente tudo é pela graça. Mas aqui temos outro lado. Não perdemos nosso lugar no reino de Deus. Se nascemos de Deus, nascemos no reino dos céus, mas podemos perder nosso lugar no governo divino. Ninguém jamais me dirá que cristãos que tem corações tão pequenos como uma ervilha, e um entendimento do Senhor quase tão pequeno como o coração, irão um dia sentar em tronos de ouro julgando o mundo. Seria uma bagunça total. Isso só será possível se Deus fizer algo em nós por meio de coisas pelas quais sofreremos, por meio de treinamento, disciplina, relacionamento mútuo, e coisas inexplicáveis que acontecem nas circunstâncias ao nosso redor e nossas vidas, seremos trazidos ao ponto onde aprendermos os princípios do governo divino.
“Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pd 1:11).
Se nascemos de Deus, estamos no reino; não perdemos nosso lugar, mas estamos falando de governo. Esse é outro lado – poder e domínio soberanos. Que coisa maravilhosa é ser capaz de morrer como o apóstolo Paulo; tendo corrido a carreira, acabado a corrida, concluído o ministério e saber em seu espírito que você pode ir para a presença de Deus, com uma entrada amplamente suprida para o governo de Deus. Oh, isso é impressionante!
Sempre achei as últimas palavras de C. T. Studd, quando estava em seu leito de morte, tão comoventes. Quando eles perguntaram a ele se tinha algo a dizer, ele disse essas simples, mas profundas palavras: “A única coisa que posso dizer é que tudo que Deus sempre me pediu para fazer, eu fiz”. Penso que essa é a coisa mais maravilhosa, ser capaz de morrer dizendo que tudo que Deus me pediu para fazer, eu fiz. Afinal de contas, isso é tudo que Deus pede de nós. A mai do nosso Senhor disse àqueles servos, “Fazei tudo o que ele vos disser” [João 2:5]. Nessas simples palavras dela temos a chave da vida cristã, de seu crescimento, do serviço e a chave da vida da igreja. “Fazei tudo o que ele vos disser”.
“O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial” (2 Timóteo 4:18).
O apóstolo Paulo é um homem perturbador, não é? Ele já está salvo, mas fala de ser livrado de toda a obra maligna e ser preservado para seu reino celestial. Acredito que ele quis dizer o seguinte: Eu não desejo perder meu lugar no governo divino. É por isso que ele disse em outro lugar, “para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” [1 Coríntios 9:27]. Ele não queria dizer que não era salvo. Ele falava que tendo pregado a outros, e ajudando a conduzi-los ao reino, para Cristo, a salvação, ele então se encontrasse rejeitado naquilo que diz respeito ao governo divino, à herança. Esse mesmo apóstolo disse que podemos ser salvos como que através do fogo, mas podemos perder tudo, madeira, feno, palha, tudo pode ser queimado.
“Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:22).
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Romanos 8:15-17).
Aqui nesse texto temos um “se”. Não perdemos nossa salvação, mas o texto diz: “se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados”. Saberemos o que é entrar na herança. Por outro lado, não perdemos nossa salvação, mas perdemos nossa herança.
Assim descobrimos algumas coisas que vamos sumarizar. Primeiro, sabemos que no propósito original de Deus o homem deveria ter domínio com, em, e por Deus. Esse foi o propósito original de Deus para o homem.
Em segundo lugar, temos a queda e a escravidão do homem. Não há distinção, “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” [Romanos 3:23]. Existe um tipo diferente de homem hoje. Somos diferentes. Nossa constituição mudou daquela constituição na qual fomos criados. Ainda temos em nós mesmos, em nossa constituição, algumas marcas de ter sido feitos à imagem e semelhança de Deus, mas, uma corrupção, perversão e depravação tomou lugar. Estamos em escravidão.
Somos escravizados às coisas materiais. Veja o mundo todo ao nosso redor. Não existe entendimento de suas almas, dos seus espíritos, nem do mundo invisível. Pessoas gastam toda a sua vida construindo seu pequeno império que finalmente, deixarão para trás quando morrerem.
Então nos tornamos escravizados do físico. Existem todo tipo de coisas, seja na carreira, sexo, ou qualquer outra coisa, percebemos escravidão. Vemos isso em Gênesis 3. Em si mesmo, não vemos nada de errado, mas algo entrou em cena.
Basicamente, a constituição do homem mudou daquilo que ele foi originalmente feito para ser, um ser centrado em Deus, para um ser centrado em si mesmo. Com todo o egocentrismo, veio a consciência de si mesmo e a auto-suficiência. Claro que isso é estúpido. Nunca fomos criados para sermos auto-suficientes. Pessoas saem por aí dizendo: “Sou independente, serei independente”, apertando os dentes. É um tipo de obstinação. Nunca fomos criados para ser independentes. Isso não quer dizer que fomos criados para ser dependentes um do outro, mas sim para entrar em união com Deus e encontrar nossa suficiência Nele. Então nos tornamos um verdadeiro ser humano, apenas a partir daí. Não somos verdadeiros seres humanos até que encontremos nossa união com Deus. A escritura fala de pessoas que brutos irracionais [2 Pd 2:12 / Jd 1:10]. Eles vem a Deus e chegam a uma união com Ele e então, pela primeira vez, descobrem o sentido da vida, o sentido de sua própria constituição, e o sentido da salvação.
Somos escravizados dos poderes espirituais também. Quando pensar nisso, os ateus são as pessoas altamente escravizadas por poderes espirituais que as cegam, iludem e enganam. Encontramos outras pessoas envolvidas em coisas como o espiritismo e outros cultos que foram cegadas, possuídas, escravizadas e acorrentadas. Eles não chegarão perto do evangelho e são incapazes de fazer um movimento em direção ao Senhor Jesus.
Então encontramos Cristo, a resposta, a resposta de Deus, o segundo Homem, o último Adão (veja 1 Coríntios 15:45,47). Ele é o homem em união com o Pai, e Ele faz tudo a partir do Pai Nele. Ele disse: “Não falo de Mim mesmo, mas falo do que o Pai fala me Mim”. Ele apenas faz as obras que Ele vê o Pai fazendo [João 5:19]. Ele disse: “O que é a vontade do Meu Pai, isso Eu faço”. Tudo é do Pai Nele. Mesmo como Filho, Ele ainda faz tudo a partir do Pai Nele. Ele está nos ensinando uma grande lição. “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci” [Ap 3:21]. É o Pai Nele.
Tradução de extratos do Capítulo 1 do livro “Reigning with Christ” (Reinando com Cristo) de Lance Lambert.