Lance Lambert
“Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina entre os teus inimigos. Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora, serão os teus jovens”.
(Salmo 110:1-3)
Um Povo que se Apresenta Voluntariamente
Deus, o Pai, disse a respeito do Filho: “O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina entre os teus inimigos. Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder”. Precisamos marcar cuidadosamente que é o próprio Cristo que vai governar em meio aos Seu inimigos, e é o Pai que vai fazer Seus inimigos o estrado dos Seus pés. Entretanto, devemos notar que nessa conexão, quase que imediatamente, nos é introduzido um povo de Deus que voluntariamente permanece com Ele no dia do Seu poder.
Nós, que pertencemos ao Senhor, sabemos muito bem que vivemos em meio à inimigos espirituais. Desde o momento em que experimentamos o novo nascimento, os poderes das trevas nos espreitam. O problema que encaramos é a co-relação entre o Messias entronizado, sentado e triunfante, e as situações, circunstâncias e condições nas quais nós, que estamos fisicamente vivos, nos encontramos nesta Era e neste mundo.
Por um lado, o Senhor Jesus venceu completamente. Por outro lado, temos o poder ostensivo das hostes de satanás e sua aparente vitória se manifestando repetidamente, enquanto eles se opõem ao propósito de Deus pelos redimidos e pelas nações. Considere por um momento as divisões, facções e heresias que dividiram a Igreja de Deus por toda a história. Houve tempos onde os poderes das trevas e do mal quase que virtualmente extinguiram a luz de Deus na Igreja. Tempos em que a Igreja se tornou mundana e corrupta como o mundo ao seu redor. Em outros momentos, Satanás aparentemente extinguiu o Testemunho de Jesus por martirizar os crentes.
Se o “cetro de Seu poder” não tivesse sido estendido e estabelecido de Sião, se não fosse pelo simples e glorioso fato do Senhor Jesus governar em meio aos Seus inimigos, a obra de Deus teria sido liquidada. O Messias, entretanto, governa, apesar dos Seus inimigos. Repetidas vezes Ele começou movimentos por meio do Espírito Santo, a partir do trono de Deus, que sustentaram a luz de Deus acesa na terra. Em tais movimentos, vimos o Testemunho de Jesus sendo sustentado, apesar da oposição e do frequente martírio. Crentes fiéis foram conduzidos à morte calmamente e com fé, sabendo que seu Senhor venceu.
Nós que fomos salvos pela graça de Deus, fomos unidos pelo Espírito ao Senhor Jesus à destra do Pai. A união foi produzida pelo Espírito Santo, que nunca pode ser quebrada. Nossa posição “em Cristo” é obra do Próprio Deus. Nós precisamos de iluminação para compreender que, Nele e por Ele, vamos permanecer.
Uma vez que aprendemos a permanecer dentro da vontade e propósito de Deus, e proclamarmos o Seu Senhorio e Sua vitória, estamos no treino do Seu triunfo. Precisamos aprender como “ser fortes no Senhor, e na força do Seu poder”; como “colocar toda a armadura de Deus”, que é o próprio Senhor Jesus. Nesse grande conflito que estamos lutando com principados, poderes, dominadores das trevas e hostes dos espíritos da maldade nos lugares celestiais, precisamos aprender, como Igreja e como crentes individuais, a permanecer dentro da Sua vontade revelada e a resistir no “Dia Mal”, e tendo feito tudo, permanecer inabaláveis. Esse “tudo” pode cobrir uma vasta área de problemas e circunstâncias, desde problemas pessoais até questões nacionais! Não é fazer “nossas próprias coisas”, ou simplesmente seguir nossa própria vontade e entendimento. É o discernimento da Sua vontade em qualquer questão que é vital e prático, seja na esfera internacional, nacional, local ou pessoal. Somente o Espírito de Deus pode revelar a mente do Senhor e a Sua vontade a nós, e Ele está muito mais desejoso de revelar isso, em qualquer que seja a situação, do que estamos desejosos de ouvi-Lo.
O Centro do Seu Poder
“O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder…” A palavra Hebraica traduzida traduzida como “cetro”, significa um bordão, um bastão, ou um galho que foi moldado como um símbolo de autoridade. Essa foi a mesma palavra que encontramos em Êxodo 4:2,3: “Que é isso que tens na mão? Respondeu-lhe: Um bordão. Então, lhe disse: Lança-o na terra”. Esse foi o bordão que Moisés usou em seus tratos com Faraó e que depois ergueu sobre o Mar Vermelho para o dividir. Esse foi o bordão que Deus usou para trazer água da rocha. Ele simbolizava a autoridade divina.
Essa também é a mesma palavra que encontramos em Números 17:2,3: “Fala aos filhos de Israel e recebe deles bordões, um pela casa de cada pai de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, isto é, doze bordões; escreve o nome de cada um sobre o seu bordão. Porém o nome de Arão escreverás sobre o bordão de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá um bordão”.
Houve, nessa ocasião, uma rebelião contra Arão, e o Senhor havia dirigido Moisés a colocar esses bordões no Tabernáculo, diante da Arca do Testemunho. O Senhor então disse: “O bordão do homem que eu escolher, esse florescerá” (vs 5), ou seja, esse terá a Minha autoridade. Quando chegou a manhã, eles descobriram que o bordão de Arão não tinha apenas florescido, mas também tinha gomos e dava amêndoas, tudo no mesmo bordão. Todo o círculo de estações foi cumprido no bordão desde os brotos até os frutos.
O que isso significa? Apenas quando há a autoridade divina em nosso meio, onde não é apenas reconhecida, mas obedecida e experimentada, pode a vontade de Deus ser cumprida entre nós. Isso é porque é tão comum nos ajuntarmos em um pequeno grupo de crentes, mas termos muito pouca vida e muito pouco fruto. Quando nós reconhecemos o Encabeçamento do Senhor Jesus Cristo, aprendemos como nos dobrarmos à esse Encabeçamento, a discernir a Sua vontade e a entender Sua vontade juntos. Ao obedecê-la, experimentamos vida abundante e frutos espirituais. Essa é a experiência do encabeçamento de Cristo de forma prática, por meio do Seu poder de ressurreição, por meio dos membros de Seu corpo. Esse é o sentido do bordão dando brotos, flores e frutos.
“O bordão do homem que eu escolher, esse florescerá”. Se parafrasearmos isso, será mais claro para nós: “O Senhor vai demonstrar Sua autoridade divina de Sião”. É importante notar que Deus o Pai é quem envia de Sião a autoridade divina do Senhor Jesus. Onde quer que estejam os redimidos reunidos sobre o fundamento do Senhor Jesus, sendo edificados juntos para habitação de Deus no Espírito, Ele demonstrará a divina autoridade do entronizado Senhor Jesus desde Sião.
Tradução do capítulo 4 do livro “In The Day of Thy Power” de Lance Lambert.