Elias – Um Tipo do Arrebatamento

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D. M. Panton (1870-1955)

“Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. Tornou-lhe Elias: Dura coisa pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não me vires, não se fará. Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2 Reis 2:9-11).

Observando o grandioso arrebatamento de Elias, ainda na dispensação da Lei, temos marcante profecia dos eventos dos últimos dias. Em Elias temos o modelo de prontidão, uma vez que ele foi o único homem que, de antemão, sabia do seu arrebatamento. Ele sabia do fato, e provavelmente da data que iria acontecer, e compartilhou essa informação com outros que o acompanhavam. Passo a passo, ele (como Enoque) andou com Deus: “o Senhor me mandou a Betel”; “O Senhor me enviou a Jericó”; “O Senhor me enviou ao Jordão” (2 Reis 2:2).

Assim como Filipe – o homem arrebatado pelo Espírito (Atos 8:39) – é um tipo da alma arrebatada que buscava os perdidos, assim Elias é um tipo da alma que trabalhava no estabelecimento dos santos quando isso aconteceu. Ele combateu o rápido surgimento da apostasia em seu tempo, através do estabelecimento de locais de devoção e estudo nas escolas dos profetas. Elias amou aqueles que foram deixados para trás; e era ávido por deixar o melhor de si. Falava (com Eliseu) apenas de assuntos que não fossem incompatíveis com a faísca instantânea da presença de Deus; testemunhou pelo Senhor sem medo, esperou Nele sem desanimar – “Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, o achar fazendo assim” (Mt 24:46). Podemos, viver assim, como ele viveu, de forma que a contemplação do Advento seja pura alegria. 

Subitamente uma multidão de nuvens, o estrondo do trovão; um repentino tornado – uma carruagem de fogo – dois profetas separados – o arrebatamento de um profeta – um manto derrubado – um céu aberto – a tempestade acabou, e um profeta se foi. Assim são os ‘Elias’ – ‘senhores fortes’, que dominam o pecado e determinam, até certo ponto, o próprio destino. Eles desaparecem. Pelo milagre da transladação, pela santidade que tornou esse milagre possível, Elias fez mais pelos filhos dos profetas que talvez toda a sua vida e ensino jamais fizeram.

Mas, nessa ocasião, uma memorável pista é dada do arrebatamento que ainda iria ocorrer. O Espírito coloca grande ênfase na palavra ‘dois’. “Ambos foram juntos”; “ambos pararam junto ao Jordão”; “passaram ambos em seco”. Temos então dois homens.  O Salvador, tempos depois, disse: “então, dois estarão no campo, um será tomado, deixado o outro… PORTANTO VIGIAI” (Mt 24:40).

A separação das águas do Jordão ocorreu apenas três vezes, e em todas elas havia uma implicação do arrebatamento parcialmente revelada. Josué, um tipo da entrada dos vivos na Terra Santa pelo arrebatamento; Elias, um sinal de sua própria iminente remoção; e, então Eliseu; passando por um leito seco onde o Rio da Morte fluía se esvaziando no Mar Morto.

“Se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará” [2Rs 2:10], disse Elias a Eliseu quando ele pediu uma porção dobrada do Espírito. Enorme será essa necessidade para aqueles que forem deixados (Ap 3:18, 5:6); e, uma incalculável herança pode ser legada àqueles que seguirem os nossos passos, e finalmente participarem do nosso desaparecimento. O Espírito é derramado (como o manto) em Eliseu do alto dos céus abertos, e ele segue para realizar exatamente o dobro (dezesseis) dos milagres de Elias.  Por seguir de perto os passos de Elias, recusando ser abalado, bebendo profundamente do espírito de Elias, Eliseu “levantou o manto, feriu as águas, e elas foram dividiram para um e outro lado” – a natureza reconheceu o magnífico domínio que vem de Cristo – “e Eliseu passou.” No momento que o discípulo recebe o espírito de Elias ele participa do seu arrebatamento. Enquanto Elias é uma rosa madura, Eliseu é um botão de rosa; mas tanto as primícias como a colheita serão reunidos no final, conforme vemos em Apocalipse 15, versículo 3.

Muito instrutivos também são os dois grupos que permanecem – os filhos de Deus ainda na terra; e um mundo escarnecedor. Os Filhos dos Profetas, olhando dos alpendres mais altos, não creram na palavra profética que esteve nos lábios de Elias (2 Reis 2:5). Quando o arrebatamento ocorreu, ainda assim não acreditaram. Como foi algo invisível, organizaram um grupo de busca de montanhistas resistentes, para vasculhar a passagens da montanha e desfiladeiros íngremes onde o tornado poderia ter lançado o corpo de Elias. Então Eliseu, amadurecendo para o arrebatamento, fica envergonhado da falta de fé dos seus companheiros crentes (2 Reis 2:17). O único homem que vai encontrar o corpo de Enoque, de Elias ou do nosso Senhor é o homem que, compartilhando do espírito deles, for arrebatado para seu lar. 

É surpreendente observar os comentários Cristãos da atualidade, que prefiguram a incredulidade que virá por parte dos crentes não arrebatados. Alguns Cristãos explicam de diversas formas o desaparecimento de Elias. Uma explicação é que “ele pode ter sido atingido por um raio, ou carregado por um furacão, um tornado ou uma tromba d’água. Ele pode ter sido enterrado na areia, atirado no vale, ou no Jordão. Talvez possa ter sido carregado em uma carruagem pelos guardas do rei; ou se perdeu em uma nuvem descendo da montanha, e estava ainda vivo. Ainda, essa narrativa pode ter sido apenas uma visão que Eliseu teve em seu sono, durante o qual Elias o deixou” (citando Keil e Bertheau).

Mas o mundo não será um lugar para os santos no tempo do fim. O mundo conhece, mas escarnece do arrebatamento. “Sobe, calvo! Sobe, calvo!” [2 Rs 2:23], gritaram arruaceiros para o Eliseu não arrebatado. “Sobe!”, ascende onde o seu mestre foi, porque você foi deixado? Vá embora! O mundo vai bem sem você. Os não vigilantes “vão andar nus, e os homens verão sua vergonha” (Ap.16:15). Isto ocorre em Betel, cidade cujo nome tanto Oséias como Amós mudaram de ‘Betel’, a Casa de Deus, para ‘Bete-Áven’, a Casa dos Ídolos.

O arrebatamento surge em um pano de fundo de apostasia; e os escarnecedores do arrebatamento vão falar sob a sombra do Ídolo do grande escarnecedor, o Anticristo. “E abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu” (Ap.13:6) – os arrebatados, que agora estão longe do seu alcance.

Eliseu suportou o insulto por um tempo, então – evidentemente por uma direção de Deus em seu interior – se voltou; e, não no seu próprio nome, mas no de Deus, lançou a maldição, que é exatamente um dos julgamentos dos apóstatas, e uma das aflições da Grande Tribulação: “Se andardes contrariamente para comigo e não me quiserdes ouvir… enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão” (Lv 26:21); “então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles”; assim como Deus, no tempo do fim, vai matar “por meio das feras da terra” (Ap 6:8).

Assim, os ardentes e santos Elias permanecem diante de nós, como uma repreensão a toda a ideia de um arrebatamento fácil e imaturo. As tradições religiosas tentam encobrir a severidade dessa doutrina. Alguns pensam que o mais ultrajante apóstata – o crente excomungado por fornicação ou bebedice e dado a Satanás para destruição da carne – está ‘pronto’, e será chamado em um momento, como algo pra ele de alegria inigualável, para a presença do Senhor [1 Co 5:1-5; 1 Pd 1;8].

Alguns ensinam que todos os crentes da presente Dispensação serão glorificados no momento da volta do Senhor. Tentando uma solução alternativa, asseveram que, no final, todos os crentes vivos serão, por um ato excepcional da graça de Deus, tornados obedientes, santos e vigilantes. Isto é, ao menos, uma franca admissão de que eles não o são agora. Sem qualquer dúvida, o irmão incestuoso (por exemplo) era crente, e, se ele tivesse morrido no seu pecado, teria aparecido diante do Senhor excomungado.

Extraído do livro “Rapture”, de D.M. Panton. Livro publicado pela Schoettle Publishing.

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