T. Austin-Sparks
“Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co 15:25).
Duas Palavras de Cunho Pessoal
No encontro de Paulo com o Senhor, no caminho de Damasco, duas palavras de cunho bem pessoal foram usadas, e imagino que toda a experiência dele esteja centrada neste fato. Em primeiro lugar, Paulo foi chamado pelo seu próprio nome: “Saulo, Saulo!” Seu próprio nome foi chamado e reiterado. Ele foi incluído nessa visão de forma pessoal. A partir daí, não dá mais para fugir, ele não poderia mais entender errado o que foi dito. Aquilo foi direcionado para ele. Ele foi chamado pelo nome. Naquele momento, ele não estava misturado com a multidão, nem se deparou com um ensino geral, mas aquilo foi algo dirigido diretamente à ele: “Saulo, Saulo!“.
Não estou sugerindo que todos temos que ter a mesma forma de encontro com o Senhor, mas todos nós temos que ter a mesma crise, qual seja, todos temos e podemos ter, em algum ponto de nossa vida, um encontro face a face com o absoluto Senhorio de Jesus Cristo. A partir dali, teremos uma crise quando olharmos para o futuro. É algo tremendo encarar face a face o Senhorio de Cristo. É algo maior do que encarar a Sua redenção. Existem muitas pessoas que são salvas e O possuem como seu Salvador, mas essas vidas carecem seriamente do poder de Seu Senhorio.
A outra palavra bem pessoal que foi dita a Saulo foi a resposta a sua pergunta: “Quem és tu, Senhor?” A resposta veio: “Sou Jesus…”; e, para que Paulo não pudesse prevaricar, tentar evadir ou fugir dessa afirmação, dizendo: “Sim, mas o nosso país está cheio de homens chamados assim; qual o Jesus que você se refere?“– o Senhor adicionou: “a Quem tu persegues” – “o Jesus a Quem tu persegues – esse Jesus“. Saulo sabia o suficiente Quem era Aquele que ele perseguia. Ele tinha apenas um Jesus em todos os seus pensamentos e planos, e aqueles Jesus ele estava determinado a cortar e apagar da memória do mundo. Saulo estava pronto a erradicar qualquer traço desse Jesus. “Eu sou Jesus – Aquele que você está perseguindo”. Podemos perceber como o Senhor trouxe isso para o caráter pessoal. Ele trouxe isso diretamente em direção ao homem, e então para o propósito de sua vida – o próprio objeto para o qual ele tinha dedicado toda a força de sua mente e corpo: “Eu sou Jesus“.
Algo assim é realmente necessário, tanto em nós como na Igreja, se desejarmos qualquer tipo de repetição daqueles resultados que vimos na vida de Paulo. Deve haver um ponto onde, ao contrário de sermos apenas um em uma multidão, vamos, de forma pessoal e individual, nos colocar sob o absoluto e pessoal domínio e Senhorio do Senhor Jesus. Toda a nossa vida – todas as nossas ambições, nossos empreendimentos, todos os nossos compromissos, tudo deve ser trazido ao Seu Senhorio. Isso é algo tremendo, mas a glória daquele Trono aguarda a aceitação do Seu Governo, Seu Senhorio.
Extraído do Capítulo 8 do livro “Men Whose Eyes Have Seen the King” – de T. Austin-Sparks