A Importância do Estudo das Profecias

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G.H.Pember

“Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:19-21).

O Deus Supremo deixou revelações em Sua palavra para comunicar Seus propósitos ao homem. Então, por um gentil processo, Ele deseja dobrar mentes dos homens à Sua poderosa e irresistível vontade. No entanto, miríades de professos Cristãos estão contentes em chegar ao fim de suas vidas totalmente ignorantes a esse respeito, enquanto alguns que se consideram ministros de Cristo são frequentemente incapazes de discorrer sobre elas.

Mas, desde que Deus se propôs a colocar essas profecias diante de nós, será que não O estaremos deliberadamente acusando de insensato se as negligenciarmos? Não é a nossa conduta reprovável se persistirmos em pervertê-las de seu verdadeiro uso e significado? Tomando como exemplo, temos aqueles que encontram muito pouco em Apocalipse além dos eventos que já se tornaram história antes que ele fosse escrito, e das doutrinas que são plenamente ensinadas em outras partes das Escrituras – isso apesar do próprio Senhor declarar que o objeto do Livro é para “mostrar aos Seus servos as coisas que vão em breve acontecer?” (Ap.1:1) – [Esse livro diz respeito ao futuro, considerando o tempo em que ele foi escrito, e ao futuro apenas. Nós não podemos violar essa regra, quando interpretamos a Mulher com Dores de Parto, no capítulo 12, com a Igreja em aflição. Apesar de suas dores terem começado muitos anos antes de João ter tido essa visão, elas ainda devem continuar por um tempo, e foram destinadas a continuar por alguns 1800 anos depois].

Não devemos atribuir muito da apatia da Cristandade, o espírito de Laodicéia que nos rodeia e o mundanismo do Cristianismo popular, ao fato de que esses crentes não se devotam aos estudos e meditação daquilo que Deus proveu a eles nas Escrituras?

A passagem na Epístola dos Hebreus parece nos dirigir a essa conclusão. O escritor inspirado se queixa da dificuldade de comunicar o que deseja falar a respeito de Melquisedeque, porque aqueles para quem está escrevendo se tornaram tardios em ouvir e inexperientes na Palavra da Justiça. A sua condição traz uma severa advertência, seguida pela exortação:

“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno” (Hb 6:1,25).

Podemos observar que esta lista de fundamentos inclui aproximadamente todas as doutrinas ouvidas normalmente em nossos púlpitos. O Apóstolo ainda compara esses que estão incessantemente ocupados com esses assuntos, com alguém que desperdiça trabalho e tempo por repetidamente colocar e colocar de novo a fundação em um edifício, enquanto deveria estar levantando a superestrutura. Portanto, ele exorta solenemente aos Hebreus a passar dos princípios elementares para a perfeição, e pressiona sua exortação nessas palavras:

“É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia” (Hb 6:4-6).

Então – sem entrar no pleno significado dessas palavras aterrorizantes – devemos admitir que o contexto não nos deixa dúvida da maneira pela qual as pessoas são colocadas sob o risco do lapso contemplado diante de nós, e do apavorante julgamento que inevitavelmente se seguirá.  Esses são aqueles que se recusam a olhar além dos princípios elementares de Cristo; aqueles que não estudam, meditam e se submetem ao Espírito Santo para que Ele transforme as suas mentes pelas revelações que Deus proveu para esse fim. Elas nos são oferecidas por Ele para preencher o nosso coração e satisfazer o nosso intelecto. Entretanto, esses cristãos se esforçam inutilmente em se desculpar pela indolência e falta de apetite pelas coisas celestiais, afirmando que o simples Evangelho é suficiente para eles – como se o efeito de provar as coisas de Deus não nos levasse a ter um desejo por mais delas. Apesar de o Seu banquete estar posto; Ele não cessa de dizer: “Comam, meu amigos; bebam, sim, bebam abundantemente, ó amados.”

Assim, ao longo de toda a dispensação cristã, apatia espiritual e o perigo de apostasia sempre ameaçaram aqueles que negligenciam a busca – dentro de sua capacidade – das afirmações Divinas, por meio das quais estaremos capacitados a ter uma correta estimativa das coisas terrenas, e seremos movidos a olhar para a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.

O que, então podemos dizer de nós mesmos (sobre quem o final dos tempos é chegado), que parecemos viver nos tempos onde as predições antigas estão no ponto de cumprimento! Quão mais convincente é a palavra de exortação para nós, que podemos vislumbrar o Dia se aproximando!

Isaac Taylor pensava que Deus iria finalmente dividir aqueles que suportam e aqueles que se opõem a verdade, através do Livro de Apocalipse. E, sem dúvida, sua ideia geral está correta; porque uma incontestável autoridade disse isso no Apocalipse do Velho Testamento:

“…estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12:9,10).

Essa, então, será a marca distintiva dos eleitos de Deus na última hora de provação. E ao sábio dessa geração (a nossa ou alguma outra), a palavra da profecia não será um assunto a ser negligenciado, mas uma revelação de transcendente importância!

Não podemos enumerar quão grandes questões dependem de recebermos essas profecias, mesmo no caso daqueles que não viverão para vê-las se tornarem história. O grande Criador age sobre nós durante a presente vida de maneira que não compreendemos, e com resultados que não vão aparecer plenamente, até que esse mortal seja colocado na imortalidade. Certamente um paciente estudo dessas revelações das escrituras, acompanhado por oração, deverá revelar os propósitos de Deus, produzindo assim um tipo de mente favorável à santificação e crescimento espiritual. Isso afetará nossa condição eterna de forma significativa. Deus prescreveu meios de educação que devem ser os melhores, e até esses que pensam que fizeram grandes coisas por meio de obras de diferentes tipos, podem ter suas esperanças despedaçadas pela dura repreensão:

Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22).

A causa que tem maior poder para levar os homens a negligenciar as revelações de Deus do futuro, é a rejeição da mente humana a qualquer coisa que é contrária, tanto à sua experiência, como às aspirações de sua natureza caída. Existe uma maravilhosa profundidade na repreensão do Senhor, quando Ele disse: “Ó néscios e tardos de coração para crer em tudo o que os profetas disseram!” (Lucas 24:25) – não tardios de coração para saber, ou para entender, mas para crer. Era uma aversão instintiva ao curso da vontade de Deus que levou os próprios discípulos a não compreender as predições do primeiro advento. Um sentimento similar vai acometer os Cristãos que serão tomados por surpresa no segundo. 

Essa aversão, entretanto, é raramente percebida. É normal atribuir esse desinteresse a causas irreais, como a mais frequentemente usada – a grande diversidade de exposições. Nossa perplexidade aumenta ao observar o desinteresse pela averiguação, quando um intérprete de alguma dessas escolas se apresenta. Nessas circunstâncias, quanta admiração é devotada às interpretações mais estranhas! Mas se a Igreja acordasse da sua indiferença, e estivesse se esforçando para aplicar os devidos testes, o grande engano seria rapidamente checado e restringido. Dois testes óbvios são estes:

1) Ninguém pode alegar ser algo além de um expositor experimental da profecia, a não ser que possa formular um completo e consistente esquema [Com a permissão de manipular à vontade passagens selecionadas, seria possível, é claro, aplicar profecia a qualquer evento ou eventos – uma vez que quase todas as doutrinas concebíveis já foram ensinadas por pessoas inescrupulosas e engenhosas, usando textos isolados da Bíblia].

2) Nenhum sistema pode ser verdadeiro, a não ser que todas as profecias principais da Bíblia se encaixem facilmente e naturalmente nele.Estamos bem conscientes que muitos objetam a simples menção de um sistema de profecia: mas certamente não é necessária muita reflexão para descobrir que esse sentimento é simplesmente irracional.  Se as profecias são as afirmações de alguém que tem o mesmo Espírito, elas devem ser capazes de ser reduzidas a um esquema ordenado, e, certamente não podem ser compreendidas de outra maneira. A não ser possamos descobrir qual é esse esquema, somos desventurados, porque, uma vez que a maioria dos Cristãos parece concordar que estamos nas bordas do fim dos tempos, o conhecimento disso será em breve uma marca distintiva naqueles que Deus escolheu. Por isso, no tempo do fim, “os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12:10).

Pontos importantes nesse esquema são: (i) o reconhecimento de que existem três classes distintas na humanidade, (ii) um conhecimento dos períodos proféticos, e (iii) estar familiarizado com o princípio simples sobre o qual Deus computa a cronologia da história dos Judeus.  Uma clara apreensão desses pontos vai remover toda a dificuldade e incerteza no que diz respeito à interpretação geral e sistemática. 

Mas, quando nós entramos em detalhes, não é possível falar com tanta confiança, porque existem, sem dúvida, algumas predições que não serão plenamente compreendidas até o seu cumprimento. Independente disso, devemos estudar e agarrar firmemente essas profecias em nossa mente: e se assim fizermos, aquilo que está faltando será revelado no momento de necessidade. Então, no momento de uma crise que deixará outros perplexos, ou, que talvez nem seja percebida, nós teremos pleno entendimento do que está para acontecer, e do que devemos fazer. 

Os primeiros discípulos eram provavelmente incapazes de explicar o mandamento do Senhor de que eles deveriam correr para as montanhas assim que vissem Jerusalém sitiada. Como – eles devem ter pensado – fugiremos nessas circunstâncias? Certamente o próprio sinal que Ele prometeu vai tornar a obediência impossível.

Mas no tempo certo, tudo se tornou claro para eles; e seus corações devem, de fato, ter transbordado com gratidão, quando eles perceberam os arranjos graciosos que o Senhor os deu. Não meramente um sinal, mas também a oportunidade para a fuga. Ele também removeu, ao mesmo tempo, os fanáticos conterrâneos do caminho que iriam impedi-los. 

“Os que esperam em mim não serão envergonhados” (Is 49:23).

Extraído do Prefácio do livro “The Great Prophecies: Volume 1” (As Grandes Profecias – Volume I) publicado pela Schoettle Publishing

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