Uma Fé Fortalecida pelo Exercício

O artigo “Uma fé fortalecida pelo exercício” é uma compilação de extratos selecionados da “Autobiografia de George Müller”, publicada pela Editora Ide (esgotado).

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George Müller (1805-1898)

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg 2:2,3).

Uma das coisas de que os filhos de Deus mais precisam é ter sua fé fortalecida. Visitei um irmão que trabalhava de 14 a 16 horas por dia no seu negócio. Seu corpo doía, sua alma estava abatida e ele não tinha alegria em Deus. Mostrei-lhe que deveria trabalhar menos para que sua saúde não viesse a sofrer. Ele poderia reunir forças para seu homem interior pela leitura e meditação na Palavra de Deus e pela oração.

Ele retrucou: “Mas se eu trabalhar menos, não ganharei dinheiro suficiente para sustentar minha família. Mesmo agora, trabalhando tanto, tenho apenas o estritamente necessário”.

Ele não confiava em Deus e não tinha fé real na verdade desta palavra: “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33 – ARC).

Eu lhe expliquei: “Meu querido irmão, não é o teu trabalho que sustenta a tua família, e sim o Senhor. Ele te alimentou e à tua família quando tu não podias trabalhar devido à enfermidade. Ele certamente proveria para ti e à tua casa, se ao buscar alimento para o homem interior, trabalhasse menos horas por dia para ter o tempo de repouso apropriado. Começas a trabalhar após uns poucos momentos apressados de oração. Deixas teu trabalho à noite e tens intenção de ler um pouco a Palavra de Deus, mas, então, estás muito desgastado no corpo e na mente para ter prazer na leitura. Frequentemente adormeces enquanto lês as Escrituras ou enquanto estás sobre os joelhos em oração”.

O irmão admitiu que era verdade. Concordou que meu conselho era bom, mas li na sua expressão, mesmo que ele não o dissesse realmente: “Como poderei pagar as despesas se eu seguir o teu conselho?” Desejei ter algo a dar ao irmão como uma prova visível de que nosso Deus e Pai é o mesmo Deus fiel que sempre foi. Ele continua desejando mostrar-Se como o Deus vivo a todos os que puserem sua confiança Nele.

Uma prova visível para uma fé fortalecida pelo exercício

Às vezes, os filhos de Deus temem envelhecer e não serem capazes de continuar trabalhando. Se eu lhes declarasse como seu Pai sempre ajuda aqueles que depositam sua confiança Nele, eles talvez não chegassem a dizer que os tempos mudaram. Entretanto, é evidente que eles não vêem Deus como o Deus vivo. Gostaria de colocar algo diante dos filhos de Deus, para que pudessem ver que Ele não abandona, mesmo em tempos difíceis, aqueles que Nele confiam.

Sei que a Palavra de Deus tem que ser suficiente. Entretanto, dar aos irmãos uma prova visível da imutável fidelidade do Senhor poderia fortalecer sua fé. Quero ser o servo da Igreja no aspecto em que obtive misericórdia – em poder crer em Deus pela Sua Palavra e nela confiar.

A melhor maneira de fazer isto parece-me ser através do estabelecimento de um orfanato – algo que poderia ser visto pelo olho natural. Se eu, um homem pobre, simplesmente pela oração e fé, sem pedir a ninguém, obtivesse os recursos para estabelecer e conduzir um orfanato, isto poderia fortalecer a fé dos filhos de Deus. Isto também seria um testemunho aos não-convertidos da realidade das coisas de Deus.

Esta é a primeira razão para o estabelecimento do orfanato. Certamente desejo ser usado por Deus para ajudar as crianças pobres e treiná-las nos Seus caminhos. Mas o primeiro objetivo do trabalho é que Deus seja magnificado, porque os órfãos sob os meus cuidados, terão a provisão de tudo que precisarem através da oração e fé. Todos verão que Deus é fiel e ouve a oração.

George Müller (1805-1898) e sua esposa Mary Groves começaram um orfanato em 1836 em sua própria residência, inicialmente para 30 crianças. O trabalho continuou a crescer. 21 anos depois, 5 orfanatos haviam sido criados, com capacidade para alojar quase 2.000 crianças. Aproximadamente 10 mil órfãos foram cuidados por esse ministério. O trabalho de Müller foi a prova da providência de Deus, suprindo-o em todos os momentos. Muitas vezes, faltando comida para dar as crianças, recebia horas antes das refeições doações anônimas para eles. Nessas casas, as crianças recebiam uma boa educação, boa comida e boas roupas, levando consigo Bíblias quando as deixavam. Ele nunca pediu dinheiro (ofertas) para ninguém, crendo que era o Senhor que sustentaria a Sua obra. Nunca recebeu salário nos últimos 68 anos do seu ministério, não contraiu nenhum empréstimo, nem mesmo se endividou. O Senhor sempre supriu as suas necessidades e as das crianças do orfanato.

O trabalho do irmão George Müller influenciou muitos ao redor do mundo. Para se ter uma ideia, em 1834, antes do início do orfanato do irmão Müller, havia em toda a Inglaterra acomodações para 3.600 órfãos e o dobro de crianças com menos de oito anos estavam na prisão. 50 anos depois que começou seu trabalho, a realidade da Inglaterra mudou: cerca de 100 mil órfãos eram atendidos naquele país.