Desfrutando da presença de Deus

Print Friendly, PDF & Email

Desfrutando da presença de Deus é a tradução da Carta I do irmão Lourenço que está no livro “Brother Lawrence – The practice of the presence of God the best rule of a Holy Life” (pgs 21, 22).

***

Irmão Lourenço (1614 – 1691)

“Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” (Mateus 22:3).

Já que você deseja tão seriamente que lhe explique o método pelo qual cheguei àquela sensação habitual da presença de Deus, que nosso Senhor, por Sua misericórdia, teve o prazer de me conceder, apenas lhe digo que foi com grande dificuldade que cedi às suas importunações. Só o faço agora com a condição de que você não mostre minha carta a ninguém.

Não o faria se soubesse que você deixaria isso ser visto, apesar do anelo que tenho pelo seu avanço espiritual.

O que posso afirmar é que apesar de ter encontrado muitos livros diferentes sobre métodos para me achegar a Deus e de ter conhecido diversas práticas da vida espiritual, cheguei à conclusão de que elas serviram mais para me confundir do que para facilitar minha busca, que se resumia no desejo de me tornar totalmente de Deus.

Isso me fez decidir doar tudo que tinha e então, depois disso, me entreguei totalmente a Deus para que Ele tirasse o meu pecado, renunciando, por amor a Ele, a tudo o que não era Ele mesmo. A partir disso comecei a viver como se não houvesse mais ninguém no mundo além de nós dois.

Às vezes, quando estava diante dEle, me considerava como um pobre criminoso aos pés de seu juiz; em outras ocasiões, eu O via em meu coração como meu Pai, como meu Deus. O adorava com a maior frequência que conseguia, mantendo minha mente fixa em Sua santa presença, e sempre a chamava de volta quando me afastava dEle.

Esse exercício foi bastante doloroso no princípio, mesmo assim continuei, independente das dificuldades, sem me incomodar ou inquietar quando minha mente vagava involuntariamente.

Tornei isso minha principal ocupação ao longo do dia, assim como nos horários designados para oração. Em todos os momentos, a cada hora, a cada minuto, e até mesmo no auge das minhas atividades, afastava de minha mente de tudo que era capaz de interromper meu pensamento sobre Deus.

Essa tem sido minha prática desde que ingressei na vida monástica; e embora tenha feito isso de maneira muito imperfeita, ainda assim encontrei grandes benefícios. Sei que devo atribuir esses benefícios simplesmente à misericórdia e bondade de Deus, porque não podemos fazer nada sem Ele, principalmente eu.

Quando somos fiéis em nos manter em Sua santa presença e colocá-Lo sempre diante de nós, isso não apenas nos impede de ofendê-Lo e fazer qualquer coisa que possa desagradá-Lo, pelo menos intencionalmente, mas também gera em nós uma santa liberdade. Essa liberdade nos proporciona uma familiaridade com Deus, que nos capacita a pedir com sucesso pelas graças de que necessitamos. Enfim, a repetição desses atos faz com que se tornem habituais, tornando a presença de Deus natural para nós.

Agradeçamos juntos a Ele, por favor, por Sua grande bondade para comigo, que sempre ultrapassa minha capacidade de admiração pelas tantas graças que Ele concedeu a um tão miserável pecador como eu.

Que todas as coisas lhe tragam louvor!

Amém.

Leia mais artigos do Irmão Loureço aqui.


Post anterior
Inquietante e Perturbador
Próximo post
Almejando ser um verdadeiro adorador

1 Comentário. Deixe novo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.