Witness Lee (1905 – 1997)
“Aqueles que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não pode ser abalado, mas permanece para sempre. Como estão os montes ao redor de Jerusalém, assim o Senhor está ao redor do seu povo, desde agora e para sempre” (Salmos 125:1-2).
Os salmos 120 a 134 formam por si só um pequeno volume, chamados os salmos ou Cânticos dos Degraus. Eles falam do escalar das profundezas, do vale escuro, para as alturas ensolaradas, que é onde o Senhor sempre deseja que o seu povo esteja.
O salmo 84 fala do passar através do vale de Baca, mas nesta conexão devemos sublinhar as duas palavras “passar através”, porque este vale nunca significou ser lugar da habitação do povo de Deus, mas somente um lugar por onde eles passariam. Sião, o lar montanha, é onde Deus quer que seu povo habite. É certamente instrutivo observar que o Senhor estabeleceu períodos de ascensão como uma ordenança em Israel; todos os homens deveriam subir a Jerusalém três vezes por ano.
Deus quis que essas ordenanças de subidas fossem de natureza governamental; isto é, o povo de Israel não deveria ser governado pelas planícies ou vales, mas deveria ser um povo das montanhas.
Eles teriam que passar um tempo, talvez muito tempo, aqui em baixo, mas a vida normal deles era continuamente interrompida pelo comando de subir. A vida deles, sua vida real, estava em cima, nos lugares altos. Se pudéssemos ter nos ajuntado às suas caravanas, assim como três vezes ao ano eles se aprontavam e seguiam a marcha, deixando os vales e planícies para trás e seguindo acima em direção a Jerusalém, teríamos achado que essas jornadas tinham uma tremenda influência na vida do povo.
Essas canções, por exemplo, se tornaram canções para todos os tempos; elas foram providenciadas para os degraus daquelas ocasiões particulares, mas elas não foram reservadas para “as três vezes por ano”, pois tornaram-se as canções perpétuas de Israel nas quais nós mesmos encontramos muito valor permanente. Isto porque pelo cuidado do Senhor para com o seu povo, eles não deveriam habitar nos vales profundos e escuros, embora de vez em quando eles tivessem que passar por deles. Eles deveriam ser um povo das alturas, com suas vidas governadas por aquilo que está em cima e não pelo que está em baixo.
Tenho ficado muito impressionado com o lugar de destaque que as montanhas tinham na vida e no ministério do Senhor Jesus, como pode ser verificado no evangelho de Mateus, que começa no capítulo 5 com o Monte da Instrução e termina no capítulo 28 com o Monte da Comissão. Pode ser observado que através de todo o evangelho, os eventos de pico estavam associados com montes, como se eles encontrassem uma resposta no próprio coração e natureza de nosso Senhor. Não é verdade que Jesus desceu e passou através deste vale de Baca, a fim de nos encontrar e nos levantar com Ele?
Toda a Sua vida, em cada aspecto e atividade de oração, ensino e obra, foi uma vida num plano ascendente, um levantar, um retorno em direção ao céu, que tomaria de volta com Ele tantos outros quanto possível. Não havia nada no nível baixo dos caminhos deste mundo que lhe desse prazer. Assim, não é surpresa que Ele amasse as montanhas.
A própria natureza e espírito do Senhor Jesus era uma completa contradição do curso natural do movimento humano, que é constantemente escorregadio e cada vez mais dirigido para baixo. O Senhor Jesus está em direto contraste com isto; o completo efeito e influência de Sua presença em todo lugar sendo dirigido para erguer. Ele somente veio a este vale para nos levantar dele.
“Mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas; terra de que cuida o SENHOR, vosso Deus; os olhos do SENHOR, vosso Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano.” (Dt. 11:11,12)
A Excelência de Sua Terra
A maioria de nós está ciente de que a terra de Canaã é uma terra elevada. Ela está, no mínimo, entre 600 e 1.200 metros acima do nível do mar. É uma terra de montanhas. Os livros de Deuteronômio e Ezequiel contém muitas passagens que nos dizem que a terra de Israel é um país montanhoso e elevado.
Isto tipifica de Cristo? Para responder a esta questão devemos olhar em nosso mapa. De um lado da terra de Canaã está o Mar Grande, ou Mar Mediterrâneo. Do outro lado há um outro mar, o Mar Morto. Assim, de ambos os lados desta terra há mares. Segundo os tipos das Escrituras, os mares representam morte. Isto quer dizer que em volta de Cristo não há nada além de morte! Mas desta morte algo foi levantado. Cristo foi levantado de entre os mortos! Então esta terra elevada, a terra sobre as montanhas tipifica o Cristo ressurreto, o Cristo ascenso. Cristo foi levantado de entre os mortos e exaltado aos céus.
Ele é o alto monte.
Irmãos, como podermos estar nas regiões celestiais? Apenas por estar em Cristo. Cristo ascendeu. Cristo é agora a montanha elevada neste universo. Ele é a terra elevada.
Algumas vezes você diz: “Oh! Estou muito deprimido!” Sabe o que isto significa? Significa que vocês estão debaixo do poder da morte. Sempre que se sentem deprimidos no espírito ou no coração, significa que estão debaixo da ameaça da morte, estão debaixo do poder das trevas. Vocês devem aprender a aplicar Cristo, o Cristo ascenso à sua situação.
Devem contatar Cristo imediatamente, dizendo: “Não concordo em ser deprimido por nenhum tipo de situação. Tenho o Cristo ascenso; estou no Cristo ascenso”. Devem falar com o Senhor, devem contata-Lo. Quando tocam Nele, vocês estarão nas montanhas elevadas, não nos vales. Estarão na terra elevada, bem acima do nível do mar. O problema é que sempre que se sentem deprimidos vocês esquecem de Cristo, esquecem que têm tal Cristo que está ascenso acima de tudo.
Irmãos, como vocês podem lutar a batalha dentro de vocês? Digo-lhes: a única maneira é estar no Cristo ascenso. Nos céus, com este Cristo ascenso vocês podem lutar contra o inimigo; o inimigo estará debaixo dos seus pés.
Extratos do capítulo 3 livro “O Cristo Todo-Inclusivo”, de Witness Lee, publicado pela Editora Árvore da Vida (esgotado).