Participante de Cristo
“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (Is 40:3).
“Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías” (Jo 1:22,23).
Quando nos lembramos da primeira vinda de Jesus, não podemos deixar de lembrar de João Batista. Ele foi o percursor de Cristo, aquele que foi enviado para preparar o povo para Sua vinda.
Sua mensagem era contundente. Os Judeus achavam que o Reino seria a coroação de sua Nação. Eles se consideravam superiores, filhos de Abraão. João ousadamente os diz: “Arrependam-se, e sejam batizados”.
Muitos realmente reconheceram que eram pecadores, apesar de Filhos de Abraão, e se batizaram no Jordão… seguindo os passos de seus pais, que seguiram Josué. O Jordão era o leito de morte, mas também havia vida após sua travessia. O Jordão era a entrada para a terra prometida.
No Jordão ficava o velho homem, e em Canaã entrava o novo homem. Esse novo homem iria despojar os inimigos e conquistar as riquezas da terra, que foram prometidas a eles pelo Pai.
De onde veio a autoridade de João Batista? Haviam características de João, que são claramente vistas nos escritos dos evangelhos:
- Recebeu uma palavra do ALTO. Depois de 400 anos de silêncio, Deus falou com João, o comissionou. Ele falava daquilo que ouviu do Pai.
- João era descendente de uma família sacerdotal, mas não estava exercendo sua função em meio ao mundo religioso da época. Ele, ao contrário, vivia no deserto, longe desse sistema.
- João era descomprometido com as autoridades humanas daquele tempo. Isso indica que ele não esperava receber nada do mundo naquela época, mas ao contrário, confrontava diretamente Herodes e sua conduta errada.
- Seu ministério não girava em torno de si mesmo, mas em direção ao Senhor, o Messias, o Cordeiro. Ele estava ali com uma única finalidade, que era a de indicar o Noivo.
- Tinha um encargo da palavra do Reino – ele trouxe ao povo daquela época um avivamento nessa esperança, e os preparou dentro do possível para receber o Messias.
Hoje vivemos na iminência da segunda vinda do Messias. A palavra deixa evidente a condição da Igreja nesse tempo que antecede a volta do Senhor:
– As pessoas não estão interessadas em fazer parte das bodas do Filho – estão muito mais preocupadas com suas próprias vidas e interesses (Mt 22:3-8).
– As pessoas não estarão preparadas para a volta iminente do Senhor e estarão completamente desavisadas, apesar de terem um ministério profético, como foi nos dias de Noé (Mt 24:36-44).
– O humanismo e o egocentrismo estarão atingindo no seu ápice (2 Tm 3:1-4).
– As pessoas terão uma resistência à sã doutrina e buscarão mestres que dirão o que querem ouvir – se recusarão a dar ouvidos a verdade (2 Tm 4:3-4).
– Haverá um esfriamento geral na igreja – o amor dos irmãos pelo Senhor vai esfriar, devido às condições perversas do mundo (Ap 3:16 / Mt 24:12).
– Haverá um senso de riqueza, autossuficiência da Igreja. Todo o tipo de manifestação carnal (ciúmes, contendas, maledicências, divisões, partidos) será muito visível, por ser consequência do orgulho espiritual, que é obra do homem natural, da carne no governo (Tg 3:13-17 – Sabedoria terrena x sabedoria do alto).
– Haverá um ambiente de engano espiritual, fruto da falta de comunhão com Deus. Ou seja, a Igreja pensa que está rica, mas é miserável, pobre, cega e nua aos olhos de Deus (Ap 3:17).
– Falta de experiência subjetiva com o Senhor – a obra da Cruz – a única forma de viver pelo Espírito. A Igreja vai viver para sua própria satisfação e vai tentar fugir de tudo que a desagrada (provações, dificuldades, etc.) e por isso não vai amadurecer. O único caminho para ter ouro fino é passar pelo fogo, e isso é fruto de um preço (Ap 3:18).
– Cristo do lado de fora, indicando a falta de comunhão íntima com Ele (ceia), um alimentar-se Dele. E o pior, as pessoas não estarão apercebidas disso / Se Alguém ouvir a minha voz – indica que seriam poucos aos olhos do Senhor que iriam perceber (Ap 3:20).
– Como descrito nas epístolas proféticas às sete igrejas da Ásia, a Igreja que corresponde ao nosso tempo é Laodicéia – Seu nome já diz tudo: julgamento do povo, o povo decretou, opinião do povo. O que prevalece é o senso comum, a opinião das pessoas, não a palavra de Deus. A palavra do Senhor para essa Igreja é “Arrepende-te”, eu “Disciplino” todos que amo. Ou seja, é uma exortação ligada ao arrependimento (Ap 3:19).
O Ministério de João nos nossos dias
“Arrepende-te” – Essa é uma mensagem para um povo enganado a respeito de si mesmo, como eram os Judeus no tempo da primeira vinda do Senhor Jesus. Muitos Cristãos pensam que, por conhecerem Jesus e serem salvos, podem viver para si mesmos, podem fazer o que quiserem, mas não sabem que para sentar no trono com Ele (Ap 3:21), é necessário passar pelo fogo, passar pelo treinamento da disciplina, se arrepender de si mesmo e viver pelo Espírito de Deus, não confiando em Si mesmo.
Que o Senhor nos ajude a ouvir Sua voz nesses dias, e ser a Voz que clama no deserto!