“O amargo e o doce” são extratos selecionados do livro “Experimentando Deus através da Oração”, de Madame Guyon. Livro publicado pela Danprewan Editora (esgotado – nova edição Editora dos Clássicos).
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Madame Guyon (1648-1717)
“A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce” (Provérbios 27:7).
Queridos, sejam pacientes durante o sofrimento. Foi através do Seu sofrimento no Calvário que Jesus deu a grande demonstração de amor. Não sejam como aqueles que se entregam a Jesus somente por um tempo e retiram-se dEle em outro. Entregam-se a Ele apenas para serem acarinhados, porém, quando em tempos de tribulação, voltam-se para o homem em busca de consolo. Não, amados amigos, vocês não encontrarão consolação em qualquer coisa, a não ser no amor da cruz e total renúncia. Se vocês não desfrutarem da cruz, não poderão desfrutar das coisas de Deus (veja Mat.16:23).
É impossível amar a Deus sem amar a cruz. Se você apreciar a cruz, vai descobrir que mesmo as coisas mais amargas tornam-se doces.
“PARA ALMA FAMINTA TODO AMARGO É DOCE” (Prov.27:7), porque ela encontra-se faminta de Deus na mesma proporção como o está pela cruz.
Deus nos dá a cruz, e ela nos dá Deus. Renúncia e cruz seguem de mãos dadas. Quando qualquer coisa lhe for apresentada sob a forma de sofrimento, e então você começar a sentir-se resistente em seu espírito, submeta-se a Deus imediatamente. Dê-se a si mesmo e suas circunstâncias a Ele, em sacrifício.
Então, quando a cruz surgir, não será tão pesada, porque você submeteu-se a ela. Entretanto, não quero dizer que você não sentirá o peso da cruz. Se não sente a cruz, você não sofre. A sensibilidade ao sofrimento é uma das principais partes do próprio sofrimento. O próprio Jesus Cristo escolheu sofrer pacientemente o rigor da cruz.
Algumas vezes suportamos a cruz em fraqueza, outras em poder, mas ainda assim a vontade de Deus para nós é a mesma. Renuncie a sua própria vida e entregue-a a Deus, creia nEle, e então estará propiciando o bem para você e glória para Ele.
Jesus disse: “EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA. NINGUÉM VEM AO PAI, SENÃO POR MIM” (João 14:6)
Renuncie a sua própria vida e entregue-a para Jesus. Siga-O como o Caminho. Espere por Ele para lhe revelar a verdade. Permita a Ele animá-lo com vigor. Renúncia é o meio que Deus usa para nos revelar Seus mistérios.
Suportar todas as marcas de Jesus Cristo é mais admirável do que simplesmente meditar nEle. Paulo disse: “TRAGO NO MEU CORPO AS MARCAS DO SENHOR JESUS” (Gl.6:17). Ele não disse que meramente pensava nelas, mas disse que as suportava.
Assim que você se renunciar para Jesus, Ele revelará aquelas marcas para você. Não há escolha senão procurá-Lo. Habite com Ele. Mergulhe no nada diante dEle. Aceite indistintamente todas as Suas dádivas, sejam elas doces ou amargas. Não permita que retarde seu progresso mesmo por um momento.
Deus pode tomar alguns de vocês à parte para um tempo de alegria da revelação de um singular ministério. Então caminhe na luz que Ele lhe deu. Porém, se Deus escolher retirar esta iluminação de você, seja honesto dispondo-se a devolvê-la a Ele.
Eu sei que alguns de vocês podem sentir-se incapazes de meditar nos mistérios que Deus revela em Sua Palavra. Mas não tenham medo de penetrar em tudo que Deus tem para vocês.
Se sinceramente amam a Deus, amarão tudo que pertence a Ele.
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Jeanne Guyon (1648 – 1717)
Mais conhecida como Madame Guyon, foi levantada por Deus num contexto católico, em pleno século XVII, quando as nuvens da apostasia ainda eram densas, apesar da fresta de luz da Reforma. Deus a usou de forma especial para abrir caminho para a restauração da vida interior, da comunhão profunda com Ele através da oração, da consagração plena, da santificação e do operar da cruz. Seus inspirados escritos, especialmente gerados na prisão, influenciaram a muitos ao redor do mundo e a notáveis líderes, tais como o Arcebispo Fenelon, os Quacres, John Wesley, Zinzendorf, Jessie Penn-Lewis, Andrew Murray e Watchman Nee. Eles foram marcados por Deus através de suas mensagens, que muitas das verdades comentadas e vividas por eles tiveram origem, de alguma maneira, no que herdaram de Madame Guyon.