O artigo “As provações e a fé” é uma compilação de extratos selecionados da “Autobiografia de George Müller”. Livro publicado pela Editora Ide (esgotado).
George Müller (1805-1898)
“Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lucas 18:8b).
Quando o que é visível cessa, é tempo da fé trabalhar. Quanto maiores as dificuldades, mais fácil para a fé. Enquanto permanecem as possibilidades humanas de sucesso, a fé não realiza as coisas tão facilmente quanto em situações em que todas as nossas projeções naturais falham.
A cada nova provação, haverá duas possibilidades para a fé: ela aumentará por confiar em Deus e obter ajuda, ou diminuirá por não confiar Nele. O hábito da auto dependência será frustrado ou encorajado. Se confiarmos em Deus, não confiaremos em nós mesmos, nos nossos companheiros, nas circunstâncias, ou em qualquer outra coisa. Se confiarmos em uma ou mais dessas coisas, nós não confiaremos em Deus.
Se desejarmos ter a nossa fé fortalecida, não devemos evitar as oportunidades em que ela pode ser provada. Quanto mais estou numa posição de ser provado na fé, maior oportunidade tenho de ver a ajuda e o livramento de Deus. Cada nova ocasião em que Ele me ajuda e me livra, a minha fé aumenta. O crente não deve fugir das situações, posições ou circunstâncias nas quais a fé pode ser provada, mas sim, deve encará-las com bom ânimo, como oportunidades de ver a mão de Deus estendida para socorrer e livrar. Assim a sua fé será fortalecida.
É importante para o fortalecimento da fé deixarmos Deus trabalhar por nós, e não promovermos um livramento propriamente nosso. Quando uma provação chega, somos naturalmente inclinados a não confiar em Deus, passando a confiar em nós mesmos, nos nossos amigos ou nas circunstâncias. Preferimos nos livrarmos por nós mesmos, a simplesmente olhar para Deus e esperar pelo Seu socorro. Mas, se não esperarmos pacientemente pelo socorro de Deus, ou se provocarmos o nosso próprio livramento, então teremos o mesmo problema na próxima provação. Seremos novamente inclinados a tentar livrar-nos por nós mesmos. A cada nova provação, a nossa fé diminuirá.
Se, ao contrário, permanecermos firmes para ver a salvação de Deus, confiando somente Nele, nossa fé aumentará ainda mais cada vez que virmos a mão de Deus estendida em nosso favor na hora da provação. Deus provará Sua disposição em socorrer e livrar no momento exato.
George Müller (1805-1898) e sua esposa Mary Groves começaram um orfanato em 1836 em sua própria residência, inicialmente para 30 crianças. O trabalho continuou a crescer. 21 anos depois, 5 orfanatos haviam sido criados, com capacidade para alojar quase 2.000 crianças. Aproximadamente 10 mil órfãos foram cuidados por esse ministério. O trabalho de Müller foi a prova da providência de Deus, suprindo-o em todos os momentos. Muitas vezes, faltando comida para dar as crianças, recebia horas antes das refeições doações anônimas para eles. Nessas casas, as crianças recebiam uma boa educação, boa comida e boas roupas, levando consigo Bíblias quando as deixavam. Ele nunca pediu dinheiro (ofertas) para ninguém, crendo que era o Senhor que sustentaria a Sua obra. Nunca recebeu salário nos últimos 68 anos do seu ministério, não contraiu nenhum empréstimo, nem mesmo se endividou. O Senhor sempre supriu as suas necessidades e as das crianças do orfanato.
O trabalho do irmão George Müller influenciou muitos ao redor do mundo. Para se ter uma ideia, em 1834, antes do início do orfanato do irmão Müller, havia em toda a Inglaterra acomodações para 3.600 órfãos e o dobro de crianças com menos de oito anos estavam na prisão. 50 anos depois que começou seu trabalho, a realidade da Inglaterra mudou: cerca de 100 mil órfãos eram atendidos naquele país.