União com Cristo e o livro de Rute é um artigo baseado em meditações no capítulo 4 de Rute. Tomamos por referência o cap 5 do livro “Union with Christ” e o cap 11 do livro “The On-High Calling”, de T. Austin-Sparks.
“Assim, tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua mulher; coabitou com ela, e o SENHOR lhe concedeu que concebesse, e teve um filho.” (Rt 4:13).
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Quando estudamos o livro de Rute, falamos muito sobre Boaz sendo o resgatador de Rute. Da mesma maneira, Jesus nos comprou com seu próprio Sangue.
Também podemos ver algumas atitudes de Rute que nos remetem ao Senhor, como sua humildade quando foi rebuscar nos campos de Boaz (Fp 2:5-8). Vemos também sua disponibilidade para o serviço, que também nos remete ao Senhor: “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:28).
Outro ponto importante a respeito de Rute é que ela deixou tudo para trás, sua parentela, sua casa, seu país, sem saber para onde ia. Mais à frente Jesus afirmou: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14:26).
A vida de Rute traz diversas referências para nós.
Quando a Rute trabalhava nos campos, Boaz pediu para os servos deixarem um pouco a mais para ela colher. Muitas vezes, não aprendemos somente com Jesus, mas também com as pessoas que Ele usa como instrumentos. Nesse rebuscar, colhemos as espigas e vamos nos alimentando.
O processo da eira também é muito importante, pois precisamos ser moldados. Na eira, o vento da noite fazia com que a palha fosse separada do grão. Quando passamos por lutas, isso visa o nosso aperfeiçoamento. Descer à eira é algo doloroso, mas necessário.
O fato de Rute ser Moabita, também é muito marcante. Temos um conceito errado de graça, como sendo apenas um favor imerecido. Por exemplo, quando você deixa alguém vigiando seu carro, e essa pessoa o arranha, quebra os retrovisores, vidros, e ainda assim você dá o dinheiro para ela – isso é graça. A graça não é só um favor imerecido, é um favor depois de uma da transgressão.
A árvore da vida era o favor imerecido de Adão e Eva, mas tomamos uma atitude digna de morte. Em Rute isso é muito mais vivo, pelo fato de ser ela Moabita, e ainda assim ter ousadia de entrar em Israel, ser acolhida por Boaz.
O fato de Boaz ser descendente de Raabe pode ter ajudado nesse processo, para que ele tivesse misericórdia de Rute. Raabe deveria ter sido exterminada pelo povo de Israel mas, pela misericórdia de Deus, ela foi acolhida por aquele povo.
Isso nos lembra muito do Senhor Jesus, que passou pela terra, por todas as nossas dificuldades e assim Se tornou apto para ter misericórdia de nós. Isso de certa forma aconteceu também com Boaz e Rute – Boaz pôde ter uma maior compaixão por Rute pelo que vivenciou em sua família.
E o mais lindo de toda essa história é que dessa união veio o Messias.
Podemos nos lembrar que essas mulheres foram indicadas por Mateus na genealogia de Jesus. De forma soberana, Deus nos mostra como Ele pode usar nossa fragilidade para manifestar a riqueza da Sua graça. Podemos nos reconhecer na vida dessas mulheres.
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União com Cristo
Jesus é o arquétipo universal – tudo deve convergir para Ele.
A palavra arquétipo é formada de duas palavras no original: arche – princípio + tipo – modelo.
“O Filho de Deus, o Senhor Jesus foi estabelecido por Deus, o Pai como a norma, o representante de tudo que eventualmente será universal. No futuro, o universo será uma expressão do Filho de Deus. Tudo, dentro do horizonte universal, tomará o Seu caráter” (T. Austin-Sparks).
“Alguns personagens Bíblicos são claramente referidos no Novo Testamento como tipos. Eles eram pessoas reais, que viveram vidas reais. Não são personagens míticos que nunca viveram; e o registro de sua história é evidentemente dado para nos ensinar a respeito Daquele que eles prefiguravam” (Ada Habershon).
A história de Rute e Boaz nos indica como podemos aprofundar nossa união com Cristo. O processo da união dos dois nos indica como poderemos desfrutar dessa maravilhosa experiência.
O exemplo de Israel
“Porque o teu Criador é o teu marido; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; ele é chamado o Deus de toda a terra” (Isaías 54:5).
“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR” (Jeremias 31:31,32).
Deus comprou Israel com seu precioso sangue para ser Sua noiva. Vemos pelo texto acima que a Páscoa foi a aliança de casamento entre Deus e Israel. Ali nos é dito que Deus resgatou Israel do Egito, o tomou pela mão e se tornou seu marido.
O sangue do cordeiro derramado na Páscoa foi o sangue da aliança de casamento entre o Senhor e Israel. Ele desposou Israel naquela noite, redimindo Israel com Seu sangue.
Qual era a intenção de Deus ao desposar Israel?
1) PARA O SEU PRAZER
Ele trouxe Israel à existência com esse fim, para TRAZER SATISFAÇÃO ao Seu coração. Esse é um grande mistério, como um Deus autossuficiente pode desejar algo para Seu prazer. Ele possuía todas as coisas e ainda assim criou um povo para Seu próprio deleite. Veja, tudo que Ele criou foi para Seu prazer. Ele criou o mundo para Seu deleite. Tudo que é bom foi criado para esse fim. Ele criou o homem para Seu prazer e tudo havia sido perdido. Ele foi desapontado, mas disse: “Começarei novamente”, e levantou Israel. Sua ideia inicial é que Israel iria satisfazê-Lo. A noiva deveria trazer prazer ao Noivo.
2) PARA SE REVELAR
Então, novamente, Israel foi levantado para manifestar UMA REVELAÇÃO VISÍVEL do Senhor. Deus intencionou revelar-Se a todo o universo por meio de Israel, mostrando que tipo de marido Ele é. Algumas vezes, pela esposa, você pode ver que tipo de marido ela tem. Quando olha para ela, vê que ela é cuidada, sustentada e pode dizer: “Ela deve ter um marido maravilhoso!”.
3) PARA SEU AUMENTO E EXPANSÃO
Então, Israel foi trazido a esse relacionamento para o AUMENTO e EXPANSÃO do Senhor. Por assim dizer, tantos fora de Israel nasceram para o Senhor por meio de Israel. Sua família foi expandida por meio de Israel: “As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu” (Is 60:3). Nações nasceram para o Senhor, e a noiva deveria prover essa expansão.
O pensamento Divino que entra é que Deus deveria Se revelar a todo o universo como um Deus maravilhoso, como o Marido de Israel. Israel foi chamado então, na linguagem do Novo Testamento, para proclamar “as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9).
4) PARA COMPANHEIRISMO E COMUNHÃO
Comunhão – Identificação de vida e propósito.
Companheirismo – complemento, ajuda.
Então, finalmente, o maior dos mistérios! Deus desejava COMPANHEIRISMO. Nenhum de nós pode compreender por que o Senhor desejava uma companheira. É possível ter uma esposa e não ter uma companheira. Muitas esposas não são verdadeiras companheiras de seus maridos, e eles não encontram alento nelas. Elas podem ser muitas coisas, mas exatamente isso falta – verdadeiro companheirismo. Talvez essa seja a razão da tragédia de tantos casamentos desfeitos nos nossos dias. (É claro que isso também opera no outro sentido, mas companheirismo é o pensamento mais elevado no relacionamento). O Senhor levantou Israel para ser sua companheira. Então, companheirismo é a ideia celestial do casamento.
Comunhão é identidade de vida e propósito. Fomos chamados para essa identidade de vida e de propósito com Ele.
“Judá tem sido desleal, e abominação se tem cometido em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele ama, e se casou com adoradora de deus estranho” (Malaquias 2:11).
Vemos em Malaquias, o último livro do Antigo Testamento, que Deus perdeu Sua esposa.
ISRAEL FALHOU. Sabemos disso. Mas Deus não desistiu desse objetivo.
O PROPÓSITO DE DEUS NÃO FALHOU
“E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.” (Rm 9:6,7).
“Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão” (Gl 3:7).
Deus vai ter a noiva para Seu Filho…
“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou” (Apocalipse 19:7).
“Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo” (Apocalipse 21:2).
O Senhor Jesus é intitulado do Noivo nos Evangelhos. Você se lembra da parábola das virgens, quando ouvimos o brado: “Eis o noivo!” (Mt 25:6)? Então lemos algumas passagens do Livro de Apocalipse sobre a noiva do Cordeiro. Paulo disse: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito (Ef 5:26,27), logo depois de: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja”.
A nova aliança
“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR” (Jeremias 31:31,32).
“Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós” (Lc 22:20).
A mesa do Senhor tem forte representação para nós.
Toda vez que vamos até a Mesa do Senhor, é como se estivéssemos colocando nossas mãos na aliança, dizendo: “Permaneço no meu relacionamento com o Senhor. Esse pão representa que sou uma só carne com Cristo”.
Somos um só corpo com Ele, e Seu próprio Corpo é representado naquele pão.
A ordenança do casamento, lá no início, determinou: “tornando-se os dois uma só carne.” (Gn 2:24).
Jesus disse: “Tomai, comei; isto é o meu corpo” (Mt 26:26). Quanto tomamos o pão, estamos dizendo: “Sou uma só carne com Cristo”. Esse é um relacionamento conjugal.
Quando tomamos do cálice, que simboliza Seu sangue, dizemos duas coisas: “Compartilho minha vida com Jesus. Sua vida é a minha vida, e isso foi estabelecido por uma aliança baseada no Seu Sangue”. Esse é o sentido profundo da Mesa do Senhor.
Mas um ponto que não podemos nos esquecer é que na grandiosa carta aos Hebreus temos diversos pontos condicionais, e sabemos que podemos ser casados, mas não desfrutar do benefício do casamento.
No Antigo Testamento, quando o povo de Israel entrou na terra prometida, era necessário que eles pisassem em cada centímetro de terra para tomar posse daquela herança. Eles deveriam cooperar, pela fé, no conflito, combate, progresso do cumprimento da promessa de Deus.
Não vamos perder nossa herança. Não vamos falhar na nossa vocação celestial, em ser um verdadeiro companheiro de Cristo. Não aceite nada menos do que o melhor de Deus, aquilo de mais elevado que Ele tiver para você. Podemos ser cristãos, e ainda assim ter muito menos do que Deus intencionou para nós.
[Fim do resumo do capítulo 5 do livro “Union With Christ”, e do capítulo 11 do livro “The On-High Calling – Volume 1”, de T. Austin-Sparks].
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Em cada capítulo há uma progressão na vida de Rute – Primeiro Moabita, a seguir encontramos ela rebuscando nos campos de Boaz, então a vemos como uma serva obedecendo Noemi em Tudo. No último capítulo temos a esposa de Boaz. O Senhor espera isso de cada um de nós.
“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino” (1Co 13:11).
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Oséias 6:3).
Nossa vida espiritual não pode ser estagnada. Precisamos crescer até compartilhar dessa unidade com o Senhor.
