Filhos da ressurreição

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“Filhos da ressurreição” são notas relacionadas ao texto de Hebreus 1:5, e tomamos com referência o estudo “The Sign and Wonder of Resurrection” de T. Austin-Sparks. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, podendo conter divergências em relação ao entendimento original do autor. 

***

“Então, lhes acrescentou Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento; mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento. Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lc 20:34-36).

“Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46).

“Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou.” (Lc 23:46).

Quando lemos esse conjunto de textos vemos inicialmente um clamor de abandono: “Deus meu, Deus meu…”. Então, no clamor final da cruz ouvirmos Jesus dizer: “Pai…”. 

Também lembramos que logo depois da Sua ressurreição, a primeira palavra registrada proferida pelos lábios do Senhor Jesus foi: 

“Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20:17).

Nesses três versículos temos inesgotáveis riquezas, maravilhosas verdades espirituais. 

A filiação na ressurreição

“Como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.” (At 13:33).

“E foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1:4).

“Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?” (Hb 1:5).

Podemos avaliar que existe uma certa dificuldade quando meditamos nas passagens acima.

O Senhor não foi SEMPRE o FILHO DE DEUS? E Sua ETERNA filiação?

Ele não era FILHO DE DEUS ANTES da ressurreição? Em que sentido Ele é FILHO DE DEUS na ressurreição? O que significa: “Tu és meu Filho, E HOJE te gerei”? Percebemos que todas essas porções se relacionam com a ressurreição. 

O DIA REFERIDO nelas é o DIA DA RESSURREIÇÃO do Senhor Jesus.

Isso pode ser claramente percebido nos dois primeiros capítulos da epístola de Hebreus. 

O Filho de Deus representativo

Vamos nos lembrar do primeiro Adão. Ele foi chamado FILHO DE DEUS em sua genealogia (Lc 3:38): “filho de Adão, filho de Deus”. Em um sentido, Adão foi sim filho de Deus, apesar de sua FILIAÇÃO nunca ter sido realizada em plenitude. Ele estava em um estágio probatório e todos sabemos muito bem que o primeiro Adão falhou, levando com ele toda a raça humana. Todos nós perdemos a possibilidade de FILIAÇÃO. 

Quando o Senhor Jesus veio, Ele também foi um homem representativo, como Adão.

Nenhum filho do primeiro Adão foi capaz de conhecer as consequências finas da perda da filiação, a agonia inexprimível de ter consciência de ter sido abandonado por Deus.

Mesmo quando estamos fora de Cristo, sem Deus e sem esperança nesse mundo, ainda não temos a consciência plena do representa ser abandonado por Deus, ser rejeitado por Ele. O Senhor se posicionou em relação à essa FILIAÇÃO perdida em seu pleno sentido, e sofreu a consciência plena do total abandono por Deus. 

Ao sofrer esse julgamento, essa consequência, o Senhor teve Sua alma traspassada, Seu coração foi derramado. Sua morte não decorreu da crucificação, pois os outros dois homens ao Seu lado permaneciam vivos quando atestaram de sua morte (Mt 15:44; Jo 19:31-33). Aquele abandono de Deus O levou à morte, e quando aquilo se cumpriu Ele desfrutou do momento eterno da consciência de que aquilo havia se passado, o Senhor diz “Pai…”. Ele venceu.

Vale ressaltar que o sentido da palavra “Pai…” a partir daquele momento nunca havia sido experimentado por nenhum outro homem, e devemos lembrar que a última palavra da cruz não foi “desamparado”, mas “PAI…”.

A Filiação reconquistada pelo Filho de Deus na Cruz

A partir desse momento a FILIAÇÃO tinha atingido outro grau na RESSURREIÇÃO, a alienação da raça fora vencida, a restauração de todos nós foi possível nEle. Tudo começa no PAI, o Deus e PAI do Senhor. 

O “Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 1:3). Que frase rica, quando vislumbrada aos pés da CRUZ, pois indica o PLENO TRIUNFO DA CRUZ sobre toda a alienação da raça, que havia perdido toda a possibilidade de FILIAÇÃO.

Por isso a Palavra nos diz: “HOJE te gerei”. Essa não é uma referência ao FILHO ETERNO, esse é o GERAR DO FILHO DO HOMEM, do ÚLTIMO ADÃO, é a geração da nova possibilidade de filiação para o homem NA PESSOA DO SENHOR JESUS:

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1:12,13). 

Assim Pedro clama: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos…” (1Pe 1:3-5).

A MORTE e a RESSURREIÇÃO do Senhor Jesus foram o ponto onde tudo isso foi trazido à luz, enfrentado, e vencido.

A esfera de demonstração viva da filiação

Nossa FILIAÇÃO se firma no valor daquela obra da Cruz e do Cristo ressurreto, e isso deve ser apropriado por meio de um ato de fé. Assim conseguimos manifestar esse testemunho aqui: o testemunho de Jesus (dessa grande verdade que ELE concretizou). Esse testemunho deve ser continuamente manifestado em nossa experiência espiritual. Ele pode ser ACEITO como um ato, mas precisa ser GERADO em um processo constante em nossa vida.

A FILIAÇÃO, como veremos no Novo Testamento está relacionada a um novo começo, MAS também está associado com a vida toda do cristão de forma prática. Devemos perceber que a filiação estava inseparavelmente atrelada à ressurreição no caso do Senhor Jesus, e essa é uma verdade espiritual, a FILIAÇÃO sempre opera na base da ressurreição. 

Somos tornado filhos de Deus quando cremos (Gl 3:26), e essa é uma decisão que sempre deveremos nos lembrar, pois nos trará alento e força em momentos difíceis. Mas essa decisão deve ser reforçada ao longo do nosso caminho, e isso acontecerá na mesma base inicial: a ressurreição. 

Qual seria a confirmação da nossa FILIAÇÃO?

Que o Senhor continuamente nos ergue da morte. Fomos chamados a viver em meio a morte, esse mundo é um sepulcro que deseja engolir tudo que está fora de CRISTO. Mas aqui estamos nós, nesse túmulo, ainda assim nós vivemos, e esse é o testemunho da FILIAÇÃO.

FILIAÇÃO é algo claramente manifesto em nossa vida. O final desse processo de FILIAÇÃO acontecerá na plena manifestação dos filhos de Deus, como vemos em Romanos 8:19. 

Um testemunho, sinal e maravilha

Tudo se inicia em nosso novo nascimento, que é baseado na ressurreição. No texto de Isaías 8:18, citado em Hebreus 2:13: 

“Eis-me aqui, e os filhos que o SENHOR me deu, para sinais e para maravilhas em Israel da parte do SENHOR dos Exércitos, que habita no monte Sião” (Is 8:18).

Esses filhos foram dados ao Senhor na Sua ressurreição. Veja 1 Pedro 1:3 novamente. 

Nos tornamos FILHOS do SENHOR JESUS em Sua ressurreição. O Sinal e Maravilha mencionado por Isaías foi a ressurreição, como o Senhor mesmo disse em Mateus 12:39 (o sinal do profeta Jonas).

Que sinal e maravilha você deseja deixar para esse mundo?

Se tivermos entendimento espiritual, veremos que os principados e potestades vislumbram isso em nós, esse ato repetido da ressurreição.

Não tem outra maneira de manter esse testemunho VIVO ao longo das eras. Isso será real em nossa experiência.

Algumas vezes nos sentiremos engolidos pela morte, e quando quase que nos desesperamos a respeito de nós mesmos e da nossa fé, acreditando que iremos sucumbir, seremos levados adiante, não saberemos como, mas perseveraremos. Essa é a “suprema grandeza do seu poder para com os que cremos” (Ef 1:19). 

Não somos sustentado por nossa própria perseverança, mas PELO PODER DE SUA RESSURREIÇÃO.

Esse é o testemunho, o sinal e maravilha. 

Um dia essa história será revelada na glória, hoje ela ainda está oculta, ninguém sabe nada a respeito dos momentos difíceis que passamos, quando esses momentos de agonia nos acometem. Mas nós começamos com a RESSURREIÇÃO, e permaneceremos até o fim por meio da mesma RESSURREIÇÃO, esse é o testemunho.

Quando DEUS abandonou o Senhor, aquele foi o abandono do homem EM CRISTO, então a partir da CRUZ não há mais abandono. O Senhor provou a morte por todos nós, não mais precisaremos ser engolidos por ela. Vamos prosseguir na base dessa promessa tremenda. 

QUE O SENHOR NOS FORTALEÇA A PERMANECER nessa base nos momentos difíceis.

Se somos filhos de Jesus por meio da Sua ressurreição, somos sinais e maravilhas para Israel. Devemos nos lembrar dessas coisas, e mesmo que a situação que estamos passando seja muito difícil, podemos acreditar que essa será uma ocasião perfeita para que o SINAL E MARAVILHA DA RESSURREIÇÃO seja manifestado mais uma vez em nós.

Gostou ? Continue lendo mais estudos do livro de Hebreus aqui.
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