Prosseguindo é uma porção selecionada do livro “The practice of the presence of God the best rule of a holy life, being conversations and letters of Nicholas Herman of Lorraine (Brother Lawrence)”.
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Irmão Lawrence (1614-1691)
“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:13,14).
O Senhor sabe o que é melhor e mais necessário para nós. Tudo o que Ele faz é para o nosso bem. Se nós soubéssemos, realmente, o quanto Ele nos ama, estaríamos sempre dispostos a receber alguma coisa dEle. Receberíamos o amargo e o doce, sem distinção.
Tudo e todas as coisas seriam bem recebidas, porque vieram dEle.
As piores aflições e sofrimentos parecem intoleráveis somente porque nós os vemos de maneira errada. Se nos conscientizarmos que tais coisas são enviadas pelas mão de Deus, quando sabemos que é o nosso Pai amado que nos humilha e nos angustia, então os nossos sofrimentos perderiam a sua amargura. Nossas manhãs seriam mais alegres.
Vamos nos empenhar em conhecer a Deus, mesmo que você ache que atualmente O conhece, quanto mais você aprofundar esse conhecimento, mais desejará conhece-Lo. Sendo o conhecimento uma medida de amor, quanto mais profundamente e intimamente você estiver com Ele, maior será o seu amor. E, se nosso amor pelo Senhor for muito grande, nós O amaremos nas tristezas e nas alegrias.
Estou certo de que você sabe que o amor da maioria das pessoas pelo Senhor pára num estágio muito superficial. Muitos só O amam pelas coisas tangíveis que Ele dá ou por causa dos favores que Ele concede. Você não deve ficar parada nesse estágio, não importa o quão ricas tenham sido as graças que Ele lhe tenha dado. As graças externas jamais poderão levá-la para bem perto de Deus, como um simples ato de fé.
Por isso, procure-O através da fé.
Oh, querida amiga, o Senhor não está fora de você, espalhando favores. O Senhor está dentro de você. Procure por Ele lá dentro… e em nenhum outro lugar.
Deixe que o Senhor seja o único amor de sua vida. Se nós só amarmos a Ele, será que não estaremos sendo rudes se nos ocuparmos com coisas insignificantes, que não agradam a Ele e que até O ofendem? Seja sábia e tema tais insignificâncias. Um dia elas poderão ser mortais.
Querida amiga, será que você quer começar agora, hoje, a ser seriamente devotada a Deus? Tire tudo mais do seu coração. Ele quer possuí-lo sozinho. Implore a Ele esse favor.
Faça o que puder e logo verá as mudanças que ocorrerão em você, enquanto estiver buscando o Senhor.
Não me canso de agradecer a Ele pelo alívio que tem lhe dado.
Espero, por Sua misericórdia, pelo privilégio de ver Sua face em poucos dias.
Oremos um pelo outro.
O irmão Lawrence já estava confinado em sua cama dois dias antes de escrever esta última carta, e morreu na mesma semana. Certamente ele reconheceu o seu Senhor muito rapidamente, uma vez que, embora limitado pelo seu corpo terreno, seus olhos raramente olharam para qualquer outra coisa que não fosse o Senhor.
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Pouco se sabe sobre o Irmão Lawrence (1614-1691). O que se difunde a seu respeito é que seu nome era Nicholas Herman, e que nasceu em Lorraine, na França, em condição de pobreza. Aos 18 anos já havia se convertido à Cristo. Tornou-se soldado, um lacaio (empregado que abria porta de carruagens, servia mesas), e com aproximadamente 55 anos ingressou na comunidade religiosa chamada Carmelitas, em Paris. Tornou-se um “Irmão Leigo” entre os devotos descalços de Cristo, assumindo o nome de Irmão Lawrence, como é conhecido. Passou 25 anos nessa comunidade, onde faleceu com aproximadamente 80 anos. Ali, serviu na maior parte do tempo na cozinha do hospital. Tornou-se conhecido por sua serena e tranquila experiência da “presença de Deus”. Dali, eventualmente esclarecia pessoas sobre como poderiam desfrutar de experiência similar em Cristo. Muito pouco do que disse foi deixado para nós, apenas algumas poucas cartas e documentos denominados “conversações”, transcritos por pessoas que registraram o que ele lhes falara. Essas cartas foram publicadas pela primeira vez há 300 anos, e foram publicadas na língua portuguesa sob o título “Praticando a Presença de Deus”.