Parábolas da Cruz – 1

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Parábolas da Cruz – 1 é parte da tradução do capítulo 1 do livro “The Parables of the Cross”, de Isabella Lilias Trotter, publicado em 1890.

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Isabella Lilias Trotter (1853-1928)

“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela” (Mateus 7:13,14).

A morte é o portão para a vida

Temos uma profunda percepção agregada nessas antigas palavras. Isso porque no conceito natural do homem a morte indica um final sombrio, em decadência e decomposição. Se adotarmos seu ponto de vista, ele está certo: a morte como punição do pecado é, de fato, um fim.

Mas o conceito de Deus da morte ao redimir o mundo é bem diferente. O Senhor toma exatamente a morte, que é fruto da maldição do pecado, e a torna no caminho da glória. A morte se torna num começo, em vez de ser um fim, ela se torna propriamente o meio de liberar uma nova vida.

Dessa forma, a esperança que reside nessas lições parabólicas da morte e da vida são destinadas apenas àqueles que se voltaram para o Senhor para receber a redenção. Para aqueles que não se voltaram para o Senhor, a morte permanece atrelada à toda a sua antiga e terrível sentença, inevitável e irrevogável. As pessoas não redimidas não podem vislumbrar um brilho de luz nela.

 

[O Caminho da Vida]

“A morte da cruz”, a hora do triunfo da morte. A partir desse ponto se abre o portão de Deus; e a esse portão retornaremos repetidas vezes, na medida que nossas vidas se desenrolarem nessa terra. Cada nova experiência da morte será ainda mais profunda, seguindo um alegre desfrute do poder de ressurreição, quando nos dirigimos no sentido de uma vida cada vez mais abundante. A vida cristã é um processo de libertação de um mundo em direção a outro, e a “morte”, como bem sabemos, “é a única maneira de sairmos do mundo que estivermos”.

“A morte é o portão da vida.” Será que é assim que a percebemos? Será que aprendemos a mergulhar com tranquilidade e confiança em suas sombras crescentes, uma e outra vez, sabendo que sempre existirá “uma melhor ressurreição” mais adiante?

Aprendi essa lição observando os estágios de crescimento de uma planta, sua brotação, florescimento e produção de sementes: vi nesse processo a lição da morte no seu poder de entrega. Não a visualizei como uma imagem rebuscada, mas como uma dessas diversas vozes pelas quais Deus fala, trazendo-nos força e alegria, a partir de Seu Santo Lugar.

Não é verdade que podemos rastrear o sinal da cruz nos primeiros indícios do amanhecer, no início da primavera? Em muitos casos, como ocorre com a castanha, antes que uma única folha velha desbote, já podem ser vistos os brotos do próximo ano no cume dos galhos e dos ramos, formados à sua semelhança. Em alguns galhos, os brotos parecem trazer sua marca, ao brotar no tronco vermelho-sangue. De volta aos primeiros estágios da planta, vemos esse toque carmesim em suas novas folhas e brotos, e até mesmos naqueles ainda escondidos. Olhe para o fruto do carvalho, por exemplo, enquanto  quebra sua casca, e veja como o broto da árvore traz sua marca de nascença: o vermelho-sangue que reluz aos primeiros raios do amanhecer, o nascer do sol após a noite. As próprias estrelas, conforme a ciência agora nos diz, brilham com a mesma cor que nasceram no universo, e isso se deve à morte de estrelas que viviam antes delas.

[Temos a redenção pelo Seu sangue, o perdão dos pecados].

Seja como for na natureza, essa verdade prevalece no mundo da graça: cada alma que entra na verdadeira vida deve carregar desde seu início esse selo carmesim. Deverá haver a “aspersão individual do sangue de Jesus Cristo” [1Pe 1:2]. Essa alma precisa passar pelo portão da cruz.

Eis o que deve ocorrer. A morte é a única saída do mundo de condenação em que vivemos. Não conseguiremos combater o decreto atrelado a esse mundo, independente de nossas tentativas ou esforços nesse sentido, pois ele é irrevogável: “a alma que pecar morrerá” [Ez 18:4,20].

Essa é a única opção que nos resta. Qual será nossa escolha: vamos experimentar nossa própria morte debaixo da velha liderança de Adão no pleno sentido que Deus intencionou, ou experimentaremos da morte debaixo da liderança de Cristo, a morte de outro em nosso lugar?

É quando chegamos ao desespero, nos sentimos aprisionados, esperando pela nossa condenação, que a glória e a beleza desse escape provido por Deus alvorece diante de nós, e então nos submetemos Seus desígnios. Toda resistência cai por terra quando a fé aceita o seguinte fato: “Ele me amou e a si mesmo se entregou por mim” [Gl 2:20]. A partir daí recebemos da expiação tão duramente conquistada pelo Senhor, e saímos na direção de uma nova vida não somente perdoados, mas limpos e justificados.

Continue a leitura aqui.


Isabella Lilias Trotter (1853-1928) era uma amante da beleza e de Deus, e isso foi demonstrado em sua vida como artista, autora e missionária. Nascida em 1853 em uma família rica de Londres, seu talento foi notado pelo famoso crítico de arte John Ruskin. No entanto, em vez de seguir uma carreira artística, sentiu-se comissionada para ir à Argélia como missionária. Após ter sido rejeitada por uma sociedade missionária, seguiu para aquele país de forma independente, junto com outras duas mulheres solteiras. Ali viveu até sua morte, em 1928. A mensagem do livro “The Parables of the Cross” é simples e, ainda assim, de grande profundidade espiritual. Todas as imagens anexadas aos posts são de sua autoria. Mas a grande contribuição de Lilias Trotter não se resumiu em fazer belas ilustrações, mas principalmente pela capacidade de ilustrar verdades espirituais profundas que lhe eram percebidas a partir da natureza e da vida ao seu redor. 

Mais informações sobre sua vida podem ser lidas na Wikipedia e em outros sítios na Internet, também em diversos livros escritos sobre sua vida.

 

 

 

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