Quando Ele vier… é um resumo do Capítulo 3 do livro “Search of The Bride”, de Arlen Chitwood. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Aqueles que se sentirem movidos podem ler o arquivo original no link disponibilizado acima.
Leia a mensagem anterior aqui.
Arlen Chitwood
“Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (João 16:7-11)
Em João 14, pouco antes de Sua crucificação, Cristo começou a instruir Seus discípulos em relação a Sua partida. Ele estava para deixá-los e voltar para o lugar de onde havia vindo décadas antes, de volta para os céus, para preparar um lugar para eles. E apesar de ficar por um tempo longe, Ele retornaria um dia. Ele voltaria para tomar Seus discípulos para os céus, o lugar que Ele previamente prepararia (vs 1-3).
Então, continuando Suas instruções, Cristo chamou atenção dos Seus discípulos para algo que estava prestes a acontecer devido a Sua iminente partida para os céus. Outro seria enviado dos céus para estar com eles durante o tempo de Sua ausência.
Cristo disse que Ele pediria ao Pai para prover “outro Consolador”, que Ele identificou como o “Espírito da Verdade” (vs 16,17). Cristo era o presente “Consolador”, mas logo depois de Sua partida, “outro Consolador” seria enviado. O povo de Deus não seria deixado “sem consolo” (vs 18).
A palavra “Consolador” (vs 16) é a tradução da palavra grega Parakletos, que é um nome composto significando “chamar ao lado” (para: “ao lado”; kletos: “chamar”). A ideia tem a ver com alguém chamado ou enviado ao lado de alguém para ajudá-lo. Assim, a palavra “Consolador” é principalmente uma descrição, e não apenas uma tradução da palavra Parakletos.
Então, a palavra “órfãos” (vs 18) é uma tradução da palavra grega orphanos, da qual a palavra “órfão” é derivada. Se quisermos ter uma completa compreensão dessa palavra, precisamos remetê-la ao Parakletos, Aquele enviado ao nosso lado para nos ajudar.
Cristo foi enviado para o povo de Deus para ajuda-lo. Após Sua partida, o Espírito também seria enviado para o povo de Deus durante a ausência do Filho. O povo de Deus não seria deixado “órfão”.
Em João 14:26, Cristo diz que o Pai seria Aquele que enviaria o Parakletos ao mundo. Então, em João 15:26 e 16:7, ainda falando aos Seus discípulos, Cristo afirma que Ele mesmo enviaria o Parakletos. Os dois eventos apontam para uma obra que seria realizada pelos dois membros da Deidade triuna, relacionados a uma obra a ser realizada pela Terceira Pessoa da trindade Divina.
A Obra do Espírito, quando Ele vier
O ensino de Cristo registrado em João 16:7-11 relativo à obra do Espírito está dividido em três partes. “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (vs 8). A palavra traduzida por “convencer” no texto Grego (elegcho) pode ser usada em um sentido mais amplo. A palavra se refere a “reprovar”, “repreender”, “trazer à luz”, “expor” ou “corrigir”. O pensamento geral por trás do uso dessa palavra é trazer uma pessoa a um conhecimento do que é verdadeiro e correto – um conhecimento da verdade. E para alcançar esse alvo, a obra do Espírito deve se iniciar com uma “repreensão” para, a seguir, “trazer coisas à luz” ao entendimento da pessoa.
Um bom exemplo disso pode ser visto no que Paulo disse a Tito na parte inicial de sua epístola a ele. Paulo se refere a certos indivíduos (Cristãos) que não estavam se “apegando à palavra fiel” que havia sido entregue a eles. Eles tinham se tornado “insubordinados, palradores frívolos e enganadores”, e estavam pervertendo (perturbando, arruinando, destruindo) “casas inteiras” [a Igreja que se encontrava em casas localizada em vários lugares da cidade], “ensinando o que não devem” (Tito 1:9-11). No que diz respeito a esses indivíduos, Paulo disse a Tito:
“Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé” (Tito 1:13).
Tito, fazendo isso, estaria tomando parte na obra do Espírito, sob Sua direção, usando o único meio que Deus concedeu ao Seu povo. Ele estaria agindo sob o poder do Espírito, usando a Palavra que o Espírito concedeu, para repreender certos indivíduos, e isso seria feito com vistas a deixar esses indivíduos “sadios na fé”.
O resultado final pode ser visto em Hb 11:1, onde a forma substantiva de elegcho (elegchos) é usada, traduzida como “convicção”. A palavra também poderia ser compreendida e traduzida como “trazida a luz”. O Espírito, por meio da Palavra, traz à luz coisas que só podem ser vislumbradas pela fé. Tal é o resultado de andar pela fé, que em Hb 11:1 está relacionado com a salvação da alma.
O Espírito, operando entre Cristãos, buscando por uma noiva em pleno acordo com o tipo de Gênesis 24, traz assuntos relacionados ao pecado, justiça e juízo à luz. Ele tem em vista apenas um objetivo – a salvação da alma, que vai permitir ao indivíduo tomar parte das atividades relacionadas à noiva. O Espírito realiza essa obra tendo em vista a busca de uma noiva para o Filho de Deus, permanecendo dentro da esfera do ministério para o qual foi enviado.
A obra do Espírito descrita em João 16:7-11 não está relacionada com os não salvos. O ministério dAquele enviado para ajudar o povo de Deus em momentos de necessidade só pode ter a ver com uma obra futura em meio aos salvos. Isso foi visto no tipo (Gn 24:4 -“irás à minha parentela”) e é o que vimos na afirmação de Cristo aos Seus discípulos, relacionada ao antítipo (Jo 16:7 – “se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei”).
[A obra de convencimento do Espírito entre os não salvos tem ocorrido por milênios, antes mesmo de Cristo anunciar o Seu envio para realizar essa obra específica. Esse serviço dentre os não salvos simplesmente continua inalterado, ininterrupto e imutável].
O Julgamento
Cristo se referiu ao Espírito trazendo “juízo” à luz em Sua obra entre Cristãos, “porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo 16:11). “O príncipe desse mundo” é Satanás, e a forma do texto no Grego revela que ele já foi julgado. O uso do tempo verbal perfeito para “julgado”, indica que as condições relacionadas a esse julgamento existem no presente, mas ele já está definido.
Julgamento aguarda todos os Cristãos no tribunal de Cristo. Cristãos serão julgados de acordo com suas “obras” (Mt 16:27; 1 Co 3:12-15; 2 Co 5:10,11), que, dentro do esquema revelado em João 16:7-11, envolvem o “pecado” a “justiça”.
O governante atual já foi julgado no que tange ao pecado e a justiça, e aqueles que foram chamados para herdar o reino depois de Satanás serão julgados também no que diz respeito ao pecado e a justiça. o pecado e a justiça resultaram na desqualificação do governante atual, e exatamente a mesma coisa pode (e irá) resultar na rejeição e desqualificação de inúmeros Cristãos chamados para herdar o reino com Cristo.
Outros Cristãos terão vencido o mundo, a carne e o diabo. Esses receberão a herança no reino, subindo ao trono com Cristo.
Um Parakletos está atualmente no mundo, agindo entre os Cristãos, tendo um alvo em vista; e o outro Parakletos está nos céus como um companheiro, com o mesmo objetivo.
Os Cristãos podem tanto dar atenção ou ignorar os Seus respectivos ministérios. De qualquer forma, o destino eterno permanecerá inalterado. Mas o que aguarda os Cristãos na era que virá será drasticamente afetado por essa reação.
Leia o próximo Post, que é a continuação dessa série – A Obra do Espírito
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