T. Austin-Sparks (1888-1971)
“Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11:27).
“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (João 16:12-14).
Não é possível ter ou conhecer coisa alguma de toda a plenitude que Deus escondeu em Seu Filho sem que haja uma revelação do Espírito Santo de uma forma interior. Se alguém conheceu algo daquilo que Deus escondeu em Cristo, isso é fruto de um milagre realizado pelo Espírito Santo no interior. Isto resume o Evangelho de João, pois, no meio desse livro, vemos o registro da história de um homem cego de nascença. Ele nunca tinha enxergado antes, portanto, aquilo não era uma questão de lhe restaurar, mas sim de conceder visão. Então, o mundo passou a ser absolutamente novo para aquele homem. Não importa o que ele deduzia, achava, imaginava ou tinha sido descrito para ele antes, o fato de ter visão indica um novo começo. Aquele foi um completo milagre, produzindo um mundo absolutamente novo. Quando aquele homem realmente conseguiu ver, toda a sua imaginação sobre como aquele mundo seria se mostrou completamente inadequada. No entanto, nada será visto, exceto por meio de um milagre produzido no interior. Devemos atentar para dois pontos importantes então:
(1) Deus escondeu tudo a respeito de Si mesmo em Seu Filho;
(2) Ninguém pode conhecer coisa alguma sobre isso, exceto se lhe for revelado (Mt 11:27). A revelação somente poderá vir por uma escolha do Filho.
Revelação Ligada às Situações Práticas
Deus sempre mantém a revelação de Si mesmo em Cristo, ligada a situações práticas. Jamais poderemos obter revelação se estivermos em busca de mera informação, pois a revelação sempre estará ligada à alguma necessidade. Informação não é revelação. Esta última não pode ser obtida por meio do estudo. Quando o Senhor deu o maná no deserto (tipo de Cristo como o pão do céu), Ele determinou muito rigidamente que nenhum pedaço a mais do que fosse necessário para o dia fosse juntado, e que, se eles fossem além da medida necessária, doença e morte lhe acometeriam.
O princípio, a lei do maná significa que Deus mantém a revelação de Si mesmo em Cristo sempre associada às situações práticas de necessidade, e nós não iremos obter revelação como um mero ensino, doutrina, interpretação, teoria, ou qualquer coisa do tipo. Isso significa que Deus irá nos colocar em situações onde somente a revelação de Cristo poderá nos salvar.
Por que o Senhor nos manteria em situações tão extremas e reais? O Senhor é absolutamente contrário a nos lançarmos sobre linhas teóricas e técnicas a respeito da verdade. Vamos evitar a técnica como uma coisa em si mesma e reconhecer que, embora o Novo Testamento tenha em si uma técnica, nós não podemos simplesmente extrair essa técnica e aplicá-la. Teremos que entrar nas situações do Novo Testamento, a fim de obter a revelação de Cristo, para conhecermos aquela situação.
Assim, o caminho do Espírito Santo para conosco é nos conduzir para dentro de situações e condições vivas, reais, de necessidades, nas quais somente um conhecimento novo do Senhor Jesus poderá ser nossa libertação, salvação e vida. Então, tal conhecimento nos dará, não apenas uma revelação da verdade, mas a revelação da Pessoa! Assim, por meio desse novo conhecimento da Pessoa, poderemos ver Cristo de alguma maneira que supre a nossa necessidade.
Este é o caminho, pois esta é a única forma viva de conhecê-Lo. Lembre-se: Deus sempre mantém o conhecimento de Si mesmo em Cristo, ligado às situações práticas. Nós temos que estar dentro da situação. Por um lado, o Espírito Santo irá nos levar, se estivermos em Suas mãos, para dentro de situações que demandarão por um novo conhecimento do Senhor. Por outro lado, se estivermos numa situação que é muito difícil, então estaremos numa posição ideal para pedir a revelação do Senhor.
Extraído do Capítulo 3 do livro “A Escola de Cristo“, de T. Austin-Sparks, publicado no site www.austin-sparks.net
