A Fé em Alargamento pela Adversidade – Parte 2

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T. Austin-Sparks

“Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse: ‘Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande.’ Respondeu Abrão: ‘SENHOR Deus, que me haverás de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliezer?’ Disse mais Abrão: ‘A mim não me concedeste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro.’ A isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: ‘Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro.’ Então, conduziu-o até fora e disse: ‘Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade.’ Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gênesis 15:1-6).

A Chave da fé

Quando olhamos para o mundo cristão do nosso tempo, percebemos como o alargamento de nossas vidas pela fé e provas e o exercício espiritual é extremamente necessário. Existe uma premente necessidade do espiritual, do Divino, do alargado. Atualmente tudo é tão pequeno espiritualmente, as coisas são tão fracas e tão oscilantes. Como é grande a necessidade de mais vida, de vida celeste, uma maior plenitude de vida entre o povo do Senhor! Mas, enquanto reconhecemos que essas coisas são necessidades gritantes, devemos estar todos preparados para admitir que o único caminho para atingi-las é mediante testes e provações do povo do Senhor. Nós não gostamos da ideia, mas percebemos que tudo precisa ser posto à prova, testado, de forma que seja estabelecido. Nós estamos, de fato, muito conscientes do novo movimento de Deus entre o Seu povo para testar sua fé, para prová-la, para levá-la até a maturidade.

Este parece ter sido o caminho de Deus para o Seu povo em todas as eras: conduzi-los ao alargamento, estabelecimento e vida mais abundante, através da fé experimentada, testada, provada e estabelecida. Estas são leis dos caminhos de Deus, são princípios do Seu trato com Seu povo. A Bíblia tem muitos ângulos. Se você tomá-la e olhar para ela de um ponto de vista, vai até pensar que toda a Bíblia se refere a esse ponto específico. Pode ser o pecado, julgamento, morte, a justiça e a vida. A Bíblia tem muitos desses ângulos, e cada um deles parece estar completo. Se a Bíblia é assim, você pode ver o todo dela apenas virando-a um pouco de um ângulo para outro.

Fé, A Chave da Vida e da Amplitude

Veremos como isso é verdade na questão do alargamento, da vida através da fé. Seria muito fácil tomar toda a Bíblia nesse sentido, e dizer que é sobre isso que toda a Bíblia se refere. É claro que não é, mas é um ângulo muito abrangente. Esse tema atravessa toda a bíblia. Mas mudando a metáfora, vamos dizer que há todo um conjunto de chaves para a Bíblia – um grande molho de chaves – cada uma das quais parece ser uma chave mestra para abri-la, e sobre este grande molho de chaves, três parecem estar ligadas entre si, por assim dizer, em seu próprio anel separado. Essas três chaves são – fé, vida e alargamento.

A abre a primeira porta. Essa porta leva à próxima, que é a vida, e pela vida seguimos para a próxima, que é o alargamento. Essas três coisas sempre andam juntas através da Palavra de Deus. Naturalmente, isto é claramente visto no seu oposto. A incredulidade é sempre mostrada nas Escrituras resultando em limitação. Onde há incredulidade, você simplesmente não pode ir mais longe – você pára de repente e está morto. Não há alargamento, e, portanto, não há vida. Não há uma vida mais abundante adiante. Você não pode separar essas coisas, pois elas sempre se juntam – fé, vida e alargamento.

Todas as grandes crises da história do povo de Deus, como registrado nas Escrituras, tinham essas três características. Começando logo no início, com Adão, nos primeiros capítulos de Gênesis, é perfeitamente clara toda a questão do estabelecimento, do alargamento e da vida dependendo da fé. Quando ele se recusou, ou parou de crer em Deus, este foi um ponto de morte, um ponto final. Não havia nada mais. Neste ponto a morte entrou. A possibilidade de comunhão com Deus e Sua vida, dependendo inteiramente da fé – ou da sua recusa a acreditar. Se ao menos ele tivesse crido em Deus, o caminho teria sido aberto ao alargamento, estabelecimento e vida, contínua e incessante.

Passando adiante no Livro de Gênesis para os capítulos 15 e 17, chegamos a Abraão. O Senhor vem a Abraão nesta linha de alargamento, de estabelecimento e de vida. Essas são as três grandes coisas que resumem a vida de Abraão com Deus. E tudo estava dependendo da fé. Tudo o que Deus disse sobre sua multiplicação, este enorme aumento e alargamento; estabelecendo-o na aliança para sempre. Vemos também este maravilhoso princípio de vida – tão evidente no caso de Abraão – quando a morte argumentava que não havia perspectiva nenhuma nele mesmo ou em Sara, a vida ainda estava em vista, apesar de tudo. Vemos todas essas coisas dependendo da fé. Ele creu em Deus. Se ele não tivesse crido, nada teria acontecido.

No livro de Êxodo, encontramos a grande crise na vida nacional de Israel – a libertação do Egito. O Capítulo 12 de Êxodo repousa sobre isso: “Toda a questão aqui é relativa a sua liberação com vistas ao seu alargamento, é uma questão de ser estabelecido e trazido à finalidade, a plenitude, e isso é uma questão de vida.” A ideia central desse capítulo é a vida, não é? O assassinato do primogênito do Egito, de um lado, e a libertação de Israel para a vida através da morte, por outro. Mas tudo estava dependendo desta questão de fé – fé em ação: se eles iriam tomar o cordeiro, se eles iriam aspergir o sangue, se eles iriam cingir os seus lombos e tomar o seu bordão nas mãos. Tudo dependia de uma atitude e espírito de crer em Deus.

Passando por Números até o livro de Josué, vemos a terra que está em vista – a terra da promessa, com tudo o que isso significava para eles, histórica, típica e espiritualmente. Que alargamento foi esse! Desde o deserto, com toda a sua vacuidade e “repressão”, para a grandeza, plenitude e liberdade de estar estabelecido na terra. Nunca houve, na mente de Deus, qualquer pensamento ou propósito de permanência no deserto. Isso foi apenas um estágio a ser atravessado rapidamente, na medida em que a condição espiritual de seu povo permitisse. Seu pensamento para eles era – para a terra e estabelecidos para sempre! A promessa feita a Abraão era de que a terra seria deles para sempre. E, em seguida, através do Rio Jordão, correndo lá entre Números e Josué, entre o deserto e a terra, transbordando todas as suas ribanceiras, representando a morte a ser superada em sua plenitude e profundezas, em direção à terra: aqui está a vida triunfante sobre a morte. Mas, novamente, tudo está dependendo da fé deles. Será que eles se moveriam em fé? Uma geração não pôde fazer isso e pereceu no deserto. O entrar na terra foi deixado para a próxima geração. Estas três coisas dependiam da fé.

Continua no próximo post.

Extraído do livro “Fé em Alargamento pela Adversidade” (cap.2), de T. Austin-Sparks.

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