Sementes em Gênesis

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Robert Govett

O Homem, a Mulher, A Serpente e suas Respectivas Sementes

No início, Deus criou o Éden e toda a sua beleza. Como isto foi perdido? Pelo pecado da SERPENTE, da MULHER, e do HOMEM. Por isso, o Senhor Deus chamou esses três culpados diante Dele, e lhes expôs suas sentenças uma a uma.

Mas o propósito Dele é restaurar o Éden perdido, estabelecendo-o sobre uma base imutável. Desde então, o Senhor tem trabalhado no Seu plano de restauração, que será certamente cumprido. Além disso, Ele também tem o prazer de descortiná-lo para nós no livro de Apocalipse. Temos nesse livro o Seu conselho no que tange a forma de restauração. Como isto será realizado?

Começamos perguntando sobre:

I – O HOMEM

O Homem. O Restaurador do Apocalipse, é um homem. Não é o velho Adão, mas a Semente da Mulher. Este homem é apresentado diante dos olhos de João, como o Sacerdote do santuário celestial. Adão, o primeiro homem, estava nu, mas Ele está “vestido” (Ap 1:13). Ele é o “Filho do Homem” (Ap 1:13), governante sobre todas as obras das mãos de Deus (Salmo 8). Ele passou pela morte, a barreira para o homem pecador, e em ressurreição entrou na Casa de Deus do alto; permanecendo ocupado lá. Ele se mostra Senhor sobre tudo: as chaves do Hades e da Morte, são suas (Ap 1:18). Como Senhor do novo Éden, Ele promete ao vencedor que lhe dará de comer da árvore da vida (Ap 2:7). Ele pode tornar qualquer um em um pilar do templo de Deus e lhe dar um nome na cidade (Ap 3:12).

Quando a parte profética desse livro se inicia, Ele surge como “o cordeiro”, e neste caráter, Sua dignidade em abrir o livro é conhecida. Neste caráter os anjos e seus dirigentes o tomam como seu superior, e como o percursor de outros que terão a distinção de ser Reis e Sacerdotes do Altíssimo, e que reinarão sobre a terra  (Ap 5:9,10).

“Tu és digno”, “porque foste morto”. Ele é aquele que suportou a maldição do Éden, então Ele trará a sua bênção. A maldição do solo, com espinhos e abrolhos, foi lançada em Sua fronte. Ele comeu Seu pão em aflição; Seu suor foram grandes gotas de sangue. Seus calcanhares foram feridos, quando pregados na cruz; e Ele foi lançado no lugar dos mortos. Este Salvador é então preeminentemente “A Semente da Mulher”, prestes a “ferir a cabeça da Serpente” (Gn 3).

II – A MULHER

A mulher nos é apresentada em Apocalipse 12. Examinando atentamente este capítulo Veremos que ela é vista como um “sinal” (não “maravilha”) no céu, vestida com o sol; (não mais despida, como estava Eva) tendo a lua sob seus pés, e coroada com doze estrelas.

1. Ela não é Maria, mãe do Senhor, como podemos demonstrar brevemente. (a) Esta diante de nós é uma mulher mística, não literal, como provado pelas suas vestes e adornos; (b) A Criança não é seu primogênito; enquanto o Senhor era o primogênito de Maria (Ap 12:17); (c) Sua fuga é apenas por mil duzentos e sessenta dias, (ou três anos e meio), antes que o Reino chegue (Ap 12:6,14; 13:5).

2. Ela não é a Igreja; porque a Igreja não terá que fugir; mas será tirada (1 Ts.4).

3. Ela é a JERUSALÉM de baixo, “Jerusalém que agora é” (Gl 4). Nossa mãe é aquela que não peleja, como ela peleja. A nossa mãe é a “Jerusalém do alto”, uma mulher livre, possuindo enfim uma mais numerosa família do que a Jerusalém terrena. A Mulher diante de nós é Jerusalém, a Cidade Santa da terra. Ela não confia mais nas obras da lei, por estar vestida com o Senhor, sua Justiça (Jr 23:6; 33:16 – Is 61:10). Ela tem a lua (a Lei) sob seus pés, e é a cidade que Deus semelhantemente sinalizou aos patriarcas, a Lei e o Evangelho (Hb 7:1,2 – 1 Reis 8 – Atos 2). Portanto, essa mulher é derivada as três vertentes da glória celestial: o sol, a lua e as estrelas. Como Hagar, ela é a mãe escrava; ela não habita na casa para sempre, mas é tirada para fora do Éden da provisão da Lei (Ap 12:6,14). O Salvador instruiu Seus discípulos Judeus sobre os dias de trevas que antecipariam o Seu retorno, ordenando que, sob certo sinal, deveriam fugir rapidamente da Judeia e Jerusalém (Mateus 24:16-20 – Lucas 21:20,21). Os propósitos do Altíssimo têm avançado grandemente desde os dias do Éden; e essa mulher é vista em sua relação com o céu e com a terra. No que diz respeito a terra, ela sofre dores de parto. Ela crê nas expectativas das profecias; mas ao seu redor estão descrença e violência. É um tempo de luta, e a sua sentença do jardim é cumprida – “em meio a dores darás à luz a filhos”. Ela, então, no seu aspecto terreno, sofre dores de parto; mas, como está adornada com o sol, a lua e as estrelas, tem seu aspecto celestial.

III. A SERPENTE

A serpente surge no capítulo 12:3. Ela nos é mostrada em relação tanto a terra como ao céu. Ela é o “grande Dragão vermelho” – o assassino, a Serpente alada, possuidora de todo o poder político da terra, e se movendo entre os céus e a terra (Jó 1 e 2). É tempo de crise, e ela está apercebida disso. Ela está preparada para usar todo o seu poder – tanto o que ela tem nos céus, como o que tem sobre as nações e seus reis – a fim de atrapalhar o propósito de Deus. Em seu ódio, ela está cumprindo a palavra dada no Jardim: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Antes deste tempo de crise, ela mostrou sua inimizade contra a Semente da Mulher, por contínua acusação diante de Deus (Ap 12:10), e por tentativas de matá-lo.

Ela e seus anjos são finalmente lançados sobre a terra. Então nós entendemos a referência feita previamente sobre o poder da Serpente no céu: “A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra” (Ap 12:4). Seus anjos caídos são um terço dos anjos.

IV. FILHO VARÃO

Chegamos agora ao Filho Varão da mulher. Assim como a Mulher, o filho não é literal. É uma criança mística, e seu nascimento é um nascimento místico em ressurreição (At 13:32-37 – Ap 11:11).

A Criança é uma companhia que é posteriormente descrita pela voz no céu: “foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles, pois, venceram (1) por causa do sangue do Cordeiro, e (2) por causa da palavra do testemunho que deram; e (3) mesmo em face da morte, não amaram a própria vida”.

Aqui está o ferir do calcanhar por Satanás, porque eles são a Semente da Mulher. Em consequência de sua perseverança, é chegada a sua vez de ferir a cabeça da Serpente. E o modo pelo qual eles fazem isso, é tirando as nações da terra das mãos de Satanás (Ap 12:5). Isto suscita contra eles a velha inimizade da Serpente. Entretanto, apesar da vigilância e poder da serpente, eles são levados para um lugar seguro nas alturas; “para Deus até o Seu trono” (Ap 11:1,2,8; 3:8,10 – 1 Ts 4:17 – 2 Co 12:2). Como as Duas Testemunhas no capítulo prévio, depois do seu martírio, se levantam e ascendem, assim acontece com estes. Aquela ressurreição e ascensão das Duas Testemunhas toma lugar em Jerusalém (Ap 11:8). Esta ressurreição do Filho Varão também está em conexão com Jerusalém, uma vez que foi no Dia do Senhor. No entanto, como vencedores por seu testemunho e sua vida, eles escapam, de acordo com a palavra do Senhor, da hora do sofrimento e tentação para a terra, que sucede na derrubada de Satanás (Ap.3:8,19; 12:12) e sua ira na sua derrota.

A tentativa do diabo de evitar a ascensão do Filho Varão, seu rival, traz a batalha para os céus (Ap 12:7,8). Ele emprega força, e os anjos eleitos, os guardiões da Criança, resistem também com força. Satanás perde a batalha (Jd 9), e não lhe é mais permitido subir novamente aos céus. Portanto, grande é a alegria nos céus, na vitória do Filho Varão – que é aqueles resgatados, colocados em um lugar de segurança – enquanto o poder do diabo “nos lugares celestiais” é exonerado (Ef 6:12).

No entanto, este é o curto dia de poderio e reino de Satanás na terra, em que a Mulher é incapaz de resistir. Como Hagar, ela é compelida a fugir para o deserto (Ap 12:6;14). Mas, enquanto o poder do diabo está sobre toda a terra habitável” [OIKOUMENHN] (Ap 12:9), a parte inabitável  – o deserto – não é dado em suas mãos. Um lugar de refúgio é dado lá para a Mulher. Ali ela é alimentada por meio de uma atividade sobrenatural, como Israel era pelo maná (Ap 6:14). Israel, por incredulidade, foi deixado no deserto por quarenta anos; mas ela é deixada lá menos que quatro. Ali ela é preservada do poder do seu grande adversário, durante os “quarenta e dois meses” do reinado do Falso Cristo  (Ap 8:5). Assim ela cumpre a lei, que determina que a Mulher que deu a luz a um filho varão, deve ser removida por um certo número de dias (Lv 12).

Os 1.260 dias em que a Mulher é alimentada no deserto são derivados dos seus três adornos, que são: as estrelas, a lua e o sol. A lua (ou mês) é de 30 dias; multiplicada por 12 estrelas, se tem 360. Este, multiplicado por 3,5 revoluções do sol (ou anos) perfaz o número de 1.260. Por três anos e meio, Jerusalém rejeitou o Senhor da vida, enquanto estava na terra. Por este mesmo tempo, a Mulher será rejeitada de sua terra. Ainda assim, ela será alimentada nesse período, como o nosso Senhor alimentou duas vezes os discípulos que vieram a Ele no deserto (Mt 14:15).

O seu inimigo, o diabo, arrojou da sua boca água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada por ele, antes que ela entre no seu lugar de refúgio. Mas a terra a ajuda, e engole o rio de morte. O rio de morte místico de Satanás é um contraste com “o rio da água da vida, procedendo do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22:1). Este movimento de Satanás nos é exposto na história da fuga de Israel para o deserto sob a liderança de Moisés. Faraó e seus servos, descontente com a fuga dos seus servos judeus, foram após eles com um exército de cavaleiros, para sua destruição. Mas  seu dispositivo perverso se tornou em sua própria ruina no Mar Vermelho. “Estendestes a destra; e a terra os tragou” (Êx 15:12).

O diabo, percebendo que seu plano foi frustrado, e sabendo que é curto o dia do seu poder sobre a terra, até que esta seja arrancada dele, se volta para “pelejar contra os restantes da descendência da Mulher, (1) os que guardam os mandamentos de Deus, e (2) e têm o testemunho de Jesus Cristo” (Grego). Isto porque nem todos os seguidores do Senhor Jesus e nem todos os observadores de Moisés escaparão para estes dois refúgios: (1) o celestial (cap.7:5), e (2) terreno (cap.7:6,14). Aqui se inicia então uma distinção entre os diferentes destinos dos dois povos de Deus: “de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre” (Gl 4:30). Por isso suas heranças são bem divididas como celestiais e terrenas.

O diabo imita o plano de Deus em estabelecer o seu reino (Ap 13). Como o Altíssimo ressuscitou Seu Filho dentre os mortos, e O apontou o reino, Satanás chama de baixo seu filho, e dá a ele o trono (Ap 13:2). A cabeça do seu filho, a Besta, é ferida de morte, mas esta ferida de morte é curada (Ap 13:3) “e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta (THEERIOU)” cap.13:3. Adoração segue o espanto. O diabo é adorado, porque ele dá o reino à Besta – a grande rival e inimiga do ‘Cordeiro’. A Besta é adorada por vencer as Duas Testemunhas (Ap 11:7) e se mostrar invencível aos olhos dos homens (Ap 13:4). A cena de adoração a ela na terra corresponde àquela no céu, quando o Cordeiro toma o livro do reino (Ap 5:7-14). O Anticristo nega o Pai e o Filho, mas satanás sabiamente imita o Pai o máximo que ele pode.

Como o Espírito Santo veio de cima para fazer cumprir aos povos da terra as boas novas da salvação, levantando dos mortos e ressuscitando o Cordeiro, também a segunda Besta (ou a terceira, se contarmos com o Dragão), coloca toda a sua energia no milagre de levar a terra a adorar o rei Satânico (Ap 13:12). Ele triunfa sobre os povos da terra em fazer uma estátua, representando o seu rei sobrenatural, que carrega no seu pescoço a cicatriz da ferida que causou sua morte; mas que retornou à vida (Ap 13:13,14). Ele dá a este ídolo, o representante da Besta, o poder para falar. Todos os que o recusam a adorá-lo são mortos (ver.15). E como os idólatras, em todas as eras, têm tingido a sua carne com marcas visíveis, como símbolo da sua devoção aos falsos deuses, esta Grande Agenda do Maligno leva todos a imprimir um sinal visível em seu corpo, como símbolo de sua aceitação ao rei Satânico, como seu Senhor e Deus. Então, os povos são levadas a desobedecer a lei, que diz: “Pelos mortos não ferireis a vossa carne, nem fareis marca nenhuma sobre vós. Eu sou o Senhor” (Lv 19:28). Deus deu a Israel uma marca em sua carne, um símbolo de que eles eram o povo de Jeová, e nenhuma outra marca era permitida. Em oposição à verdade de Deus, temos aqui a estratégia, poder e malícia da “mentira” de satanás; e a infalível condenação de quem aceitá-la (2 Ts 2:9-11).

Tendo em vista essa hora de tentação, Deus, através de um anjo, envia à terra a mensagem de que apenas o Criador de tudo deve ser adorado (Ap 14:6,7), e a ameaça de tormento eterno preparado para todo aquele que receber o perpétuo sinal de devoção do seu Usurpador (Ap 14:9,11). O Falso Cristo demanda a adoração de todo homem, alistando sua alma, os compelindo também a marcar seu corpo.

Os dois remanescentes do povo de Deus são então libertados. (1) Os discípulos de Cristo são tomados da terra pelos anjos do Filho do Homem (Ap 14:14,16). Ele que plantou a semente, agora ceifa a colheita (Mt 13:37-43). (2) Os eleitos de Israel são libertos pelo ajuntamento dos seus inimigos na vindima, que acontece em Jerusalém (Ap 14:17-20).

Em Apocalipse 15 e 16 temos a ira de Deus lançada sobre o Usurpador e seus seguidores. As piores pragas de Deus, no entanto, não produzem arrependimento, mas apenas ira e blasfêmia. A Serpente e seus anjos ajuntam os reis da terra em uma luta contra Deus e Seu Cristo (Ap 16:13,14; cap.19).  A batalha na terra é perdida, como foi na batalha no céu. O Falso Cristo e o Falso Profeta da Serpente, que saíram do abismo, são lançados no lago de fogo. Satanás é amarrado e lançado no abismo.

Por mil anos o Cristo, o Filho do Homem, toma o reino, e dá uma porção nele à semente da Mulher, cujos calcanhares foram feridos pelo Maligno. As nações em geral são mantidas em sujeição a Cristo e Seus co-reis durante os mil anos (Ap 20:1-6).

Assim que o diabo é solto depois do milênio, ele novamente engana as nações. Ele as convence a atacar a Cidade Santa, o centro do governo do Cristo. Contra tão audaciosa impiedade, Deus envia fogo do céu, e Satanás e suas hostes são enviados eternamente ao lago de fogo.

A antiga terra se vai. O Filho do Homem determina a cada um seu destino eterno. A nova terra aparece, assim como a Nova Jerusalém, apoiada sobre fundamentos inabaláveis. O Éden, com melhor rio e a árvore da vida, é restaurado para sempre. (1) A Mulher, e (2) o Filho Varão se tornam respectivamente – (1) as nações da nova terra, e (2) cidadãos da Jerusalém que vem de cima (Ap 22:2,4). O plano de Deus é estabelecido para todo o sempre.

Traduzido do livro “Reflexões sobre o Apocalipse” (Leading Thoughts on the Apocalypse) de Robert Govett. Livro publicado pela Schoettle Publishing

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