Harry Foster
“Ouvi vós, os que estais longe, o que tenho feito; e vós, os que estais perto, reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas? O que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho de opressão; o que, com um gesto de mãos, recusa aceitar suborno; o que tapa os ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o mal, este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas. Os teus olhos verão o rei na sua formosura, verão a terra que se estende até longe” (Is 33:13-17).
Reivindicando as Longas Distâncias para Cristo
“Verão a terra que se estende até longe” (uma terra de longas distâncias). Apesar do fato de que devemos primeiro ter a visão do Rei, há muito a ser visto à luz do Seu triunfo. Devemos olhar para fora, assim como olhamos para cima. O perigo é que, estando fechados no abrigo da rocha e tão conscientes da fúria do cerco do inimigo, podemos permitir que a nossa visão se torne limitada ao pequeno círculo no qual nos encontramos. A função principal de Jerusalém é ser um centro de governo para toda a terra. Por isso, seus habitantes devem olhar para fora, nas mais distantes fronteiras dessa terra. Não é suficiente proteger aquilo que é nosso, para que o inimigo não invada nossa pequena fortaleza; nossa visão deve abraçar toda a terra e o propósito de Deus em distâncias ao longe.
O aspecto extraordinário dessa promessa é que diz respeito às próprias regiões que foram devastadas pelos Assírios – a terra de grandes distâncias. Todas as promessas de Deus, todo o Seu propósito, tudo está atrelado a essa terra que o diabo havia destruído, forçando o povo de Deus ao confinamento, no aperto de uma cidade sitiada, ameaçando os oprimir ali, e se vangloriando de que todo o resto lhe pertence. Até que eles vissem o rei em sua formosura, essa seria exatamente a sua situação. Mas, à luz da visão central de vitória, eles deveriam olhar para fora e reivindicar toda a terra para Deus. Não é suficiente ser tirado do cerco; até mesmo as longas distâncias devem ser possuídas no nome do Senhor.
Esse é o segredo do triunfo espiritual – ver uma terra de grandes distâncias à luz da visão de um Rei conquistador. Quando nossos olhos O tiverem contemplado na glória de Sua vitória universal, seremos capazes de olhar para fora e afirmar que todo o território ao nosso redor não é do inimigo, mas do Senhor. Pela fé reivindicamos toda a herança para Ele. Não devemos nos permitir ficar limitados ao nosso próprio ambiente, mas devemos ter o pleno propósito de Deus em toda a terra em nosso coração, e uma visão que abraça a terra de grandes distâncias.
O Levantamento do Cerco
Quando a fé adota essa atitude e nos apropriamos da promessa da plena expressão do triunfo do Calvário, o resultado é surpreendente: “O teu coração se recordará dos terrores, dizendo: Onde está aquele que registrou, onde, o que pesou o tributo, onde, o que contou as torres? Já não verás aquele povo atrevido” [vs 18,19a]. Contemplamos pela fé aquilo era invisível aos sentidos naturais e, aquilo que era tão dolorosamente evidente desapareceu. Enquanto estávamos ocupados com o Senhor, alargando nossa visão para as longas distâncias, o inimigo foi temporariamente esquecido. Agora, quando olhamos em sua direção, onde ele está? Os Assírios estiveram muito em evidência, mas agindo com base na fé do Seu povo, Deus os dispersou completamente.
As cenas descritas nesses versículos foram representadas em gravuras reais, que foram desenterradas. Elas representam a queda de cidades capturadas, com soldados trazendo os despojos, enquanto os escribas sentavam nas mesas para contar, pesar e registrar os vários itens coletados. Outros estavam ocupados em inspecionar, contar as torres, para que um registro glorioso pudesse ser feito da gloriosa conquista. Parece que os Assírios estavam tão confiantes na vitória, pois haviam até juntado esses escribas e estruturado a organização para avaliar os tributos, contar as torres e acrescentar a descrição da queda de Jerusalém à sua própria fama.
“O teu coração se recordará dos terrores”. Os Israelitas tinham visto tudo isso, e tremeram diante da arrogante confiança desses ferozes guerreiros. Toda a esperança parecia estar perdida. Eles se voltaram depois daquela visão do rei e da terra, se lembrando com corações apertados daquilo que deveriam ver ao seu redor, apenas para descobrir que o inimigo temido havia desaparecido. Enquanto estavam se gloriando no Senhor e se regozijando sobre as terras de longas distâncias, os batalhões Assírios se derreteram.
Assim o cerco foi quebrado. Os Israelitas não lutaram, o Senhor lutou por eles. À medida que eles tomaram, pela fé, a posição de ascensão espiritual, o Senhor lidou com seus inimigos, golpeando seus exércitos com uma terrível praga, e enviando Senaqueribe às pressas para Nínive, para lá encontrar sua morte. O Senhor fez isso. Eles mantiveram sua atitude de fé, e não apenas o cerco foi quebrado de Jerusalém, como toda a terra foi liberta, e os vastos exércitos dos Assírios sofreram calamitosa derrota.
É assim que o cerco Satânico é quebrado. “Os teus olhos verão o rei na sua formosura”. Se o povo de Deus permanecer com o Cristo em ascensão e glorificado em vista, tendo suas vidas plenamente governada por essa visão, a vitória é certa.
Nós também olharemos para os terríveis exércitos que nos cercam e não iremos mais encontra-los. O Senhor pode lidar com nossos inimigos. Ele enviou apenas um anjo – foi o suficiente! Ele precisou de apenas uma noite! E Ele prometeu nos fazer mais do que vencedores nessa mesma base, se realmente tomarmos posse pela fé dessa promessa quádrupla.
Tradução do texto “Breaking the Satanic Siege”, Cap. 2 do livro “Strong in the Day of Battle”, Livro publicado pela Emmanuel Church.