“Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10:40-42).
Vamos pensar neste momento na situação de Marta. Ela estava atarefada cuidado de tudo relacionado à recepção do Senhor e ficou muito incomodada porque sua irmã não a estava ajudando.
“Se observarmos o texto original grego, essa porção da palavra é muito forte: significa que Marta foi até o Senhor e O envolveu nisso. Implica que ela O considerava responsável, e talvez se ela tivesse dito tudo o que pensava, teria dito: ‘Tu és o responsável por isso, a Ti compete pôr tudo em ordem!’ Isto é o que está implícito nas palavras do idioma original: considerar o Senhor como envolvido naquela situação. É provável que Marta pensasse que o Senhor poderia, se quisesse – ou até mesmo deveria – pôr tudo em ordem. Isso implica que ela explodiu. Ela havia acumulado seu ressentimento e, por fim, não podendo aguentar mais, ela se dirigiu a Ele e explodiu: ‘Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só?’.
Quero que você capte a força da situação toda, e isso o ajudará a compreender Marta. Temos de entender a inclinação e posição dela. A frase “distraída entre muitos serviços” não expressa de forma clara o que estava realmente acontecendo. Tiramos dessa tradução uma idéia totalmente imperfeita, segundo me parece, de como exatamente as coisa eram. A palavra grega aqui significa “estar distraída, puxada em diferentes direções”. Provavelmente a aflição dela estava estampada em seu rosto. E com o que ela se afligia? Com os muitos afazeres da casa, talvez com os muitos pratos – preocupações de todo tipo. E o Senhor disse a ela: ‘Você está muito preocupada com todo tipo de considerações secundárias; você tem mais tarefas do que pode manejar. Porém, somente uma coisa é realmente necessária’.
Você entende a situação? Simplesmente era necessário um ajuste por parte de Marta, de maneira que o mais importante pudesse ter o seu devido lugar. Não é que o Senhor não simpatizasse com o fato de Marta lhes preparar uma refeição. Sim, preparar uma refeição pode ser correto, porém que coloquemos as coisas nas suas devidas proporções. Não devemos nor tornar ansiosos e distraídos pelo que é passageiro de modo que o que é espiritual seja ofuscado.
Aquilo que deve ser feito para manter todas as demais coisas em seu devido lugar – e elas são sim, legítimas quando no devido lugar – é o que vem dos lábios do Senhor.
É tudo uma questão de proporção, uma questão de onde colocamos a ênfase. É possível permitirmos que as coisas dessa vida nos absorvam e nos ocupem e nos envolvam com tal ansiedade, que o que é verdadeiramente maior não vai receber a menor oportunidade”.
Hoje estamos em um campo minado, cercados por diversos estímulos, por muitas demandas, e é muito fácil ser absorvido pelas coisas. Até mesmo a obra cristã pode concorrer com a devoção ao Senhor, e podemos fazer muito por Ele, sem ter oportunidade de desenvolver um relacionamento que permita conhecer Sua vontade ANTES que possamos agir.
Que possamos nos voltar aos Seus pés, e então dali receber o comissionamento necessário para realizar Sua vontade.
Baseado no livreto “Betânias Verdadeiras” de T.Austin-Sparks (partes entre aspas são citações diretas do livreto)