O Deus vivo é um resumo do artigo The Living God , de T. Austin-Sparks. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento.
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“Porque quem há, de toda carne, que tenha ouvido a voz do Deus vivo falar do meio do fogo, como nós ouvimos, e permanecido vivo?” (Deuteronômio 5:26)
“Disse mais Josué: Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós… Eis que a arca da Aliança do Senhor de toda a terra passa o Jordão diante de vós.” (Josué 3:10,11)
“Pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro.” (1 Tessalonicenses 1:9,10)
“Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Hebreus 9:14)
“Assim como também diz em Oséias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada; e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo.” (Romanos 9:25,26)
“Estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações…Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente…” (2 Coríntios 3:3; 6:6)
“Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis” (1 Timóteo 4:10).
“Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mateus 16:16).
“Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo…” (1 Timóteo 3:14,15).
“Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia… Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo” Hebreus 12:22 ; 3:12)
Todos os textos acima tem uma expressão em comum que é uma referência ao Senhor como o DEUS VIVO. Isso é muito mais do que uma referência à Sua pessoa, mas se trata de uma revelação que todos nós precisamos ter para desfrutar de intimidade com Ele. Todos aqueles que se achegam a Deus precisam reconhecer esse fato – que o nosso Deus é um DEUS VIVO. Ainda que isso possa não nos soar como algo novo para a maioria de nós é de fundamental importância ter essa verdade gravada nos nossos corações.
Isso traz duas implicações.
1) Conforto para os momentos de provação
Saber disso nos traz conforto ao coração. Se tomarmos a carta de Paulo aos Tessalonicenses, veremos sua poderosa afirmação: “como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1Ts 1:9).
Essa verdade fez uma grande diferença para aqueles irmãos em Tessalônica. Essa revelação trouxe um reflexo transbordante na experiência deles e também gerou imensa repercussão. Tudo se resumia nisso – uma conversão ao Deus vivo.
Perceba que não foi conversão à um sistema de ensino, uma doutrina, mas àquele Deus vivo que causou a propagação do testemunho deles até a Macedônia, Acaia, por toda parte… (vs 8).
Tudo derivou de uma revelação: que nosso Deus é um DEUS VIVO.
Devemos nos perguntar honestamente: ‘tenho desfrutado de forma pessoal e interior desse DEUS VIVO?’
Ele é uma Pessoa viva para você?
É possível viver anos associado às coisas do Senhor, e ainda assim viver sem desfrutar dos benefícios dessa grandiosa revelação – que o Senhor é uma Pessoa VIVA.
Saber disso faz muita diferença em nossa caminhada. Somos do Senhor! Conhecemos o Senhor! Mas todos nós passamos por experiências e momentos difíceis, cheios de sombras e nuvens. Nesses momentos de prolongada e severa provação… quando as coisas parecem não fazer sentido e não vemos a luz, tudo ao nosso redor parece afirmar – o Senhor não parece ser um Deus vivo.
O propósito das provações
Para aqueles que estão sendo provados nesse momento e se sentem debaixo de uma nuvem, gostaria de afirmar: o Deus de vocês é um DEUS VIVO. Ele sabe exatamente o que está fazendo, ainda que você não perceba isso agora.
Você não está esquecido. Se nosso Deus é um Deus vivo, ele sabe tudo a nosso respeito e Seus olhos estão sobre nós. Ele tem profundo interesse e cuidado com nossas vidas – Ele é vivo!
O que estamos passando não é uma indicação dEle ter nos esquecido, nos abandonado, nem deixado de existir. Ele está tratando conosco de uma forma especialmente calculada para alcançar Seus propósitos.
Sim, lembre-se disso: Ele é um DEUS VIVO!
Podemos ler a Palavra de Deus e seguir a história de muitos servos do Senhor que tiveram excelentes oportunidades para considerar que Deus não existia, se assim o desejassem. Muitos passaram por momentos onde parecia terem sido abandonados por Ele e tudo na experiência daqueles homens parecia dizer que Deus estava morto.
Mas se você acompanhar suas histórias chegará à conclusão que no momento em que parecia que Deus estava mais distante, Ele estava mais ativo e intimamente relacionado a eles, assegurando uma condição favorável para que pudessem permanecer firmes, posicionados em fé e para que pudessem colher os frutos dessa provação mais adiante.
Embora tudo parecesse indicar exatamente o contrário em suas histórias, Ele continuava sendo o Deus vivo.
Podemos passar por alguns momentos em nossa jornada espiritual quando temos a impressão de que Deus – tomando as palavras de alguém na Palavra de Deus – “se esqueceu de ser benigno” (Sl 77:9). Entretanto, se olhamos para trás veremos que, embora naquela ocasião não soubéssemos, Deus estava ativo e operando lá nas profundezas. Hoje estamos vivos graças aquela experiência. Deus não havia nos abandonado.
Isso pode parecer simples, mas guarde em seu coração para um momento de necessidade, pois traz infinito conforto para os honestos de coração. Nosso Deus é um Deus vivo.
2) Advertência contra a negligência
Mas existe um outro aspecto, e não devemos deixá-lo de lado, pois precisamos ser fiéis.
A ocorrência desse título – o “Deus vivo”, em mais de uma ocasião aparece na Palavra de Deus acompanhada de uma advertência.
“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo” (Hb 3:12).
Fique atento! Essa é uma palavra de advertência. Observe a conexão com o terceiro capítulo da epístola aos Hebreus. O ponto focal ali era o propósito de Deus para Seu povo. A ilustração tomada pelo autor da epístola foi tirada da experiência de Israel no deserto, quando estava prosseguindo em direção à terra prometida.
O propósito de Deus para Israel era que tomassem posse da terra com toda a sua plenitude, riquezas, abundância e suas bênçãos, mas por causa da incredulidade deles, não puderam entrar na terra e morreram no deserto.
A designação o Deus vivo usada nesse contexto representa que o próprio fato dEle ser o Deus vivo representa PLENITUDE, que Ele é tudo o que deseja conceder aos Seus – esse é o Seu propósito e desejo! Ele quer se dar a nós.
Mas os outros deuses estão sempre concorrendo com Ele, tentando tirar, roubar, empobrecer. Os deuses do mundo são deuses ladrões. O Deus vivo, por outro lado, é caracterizado por Sua capacidade infinita de doação, Ele sempre dá e não o inverso.
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito….”. (Jo 3:16).
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8:32).
A marca do Deus vivo é a Sua beneficência e a Sua plenitude. Seu Propósito e vontade para os Seus é trazê-los para dentro desse círculo de abundância. Daí surge essa palavra de advertência.
No entanto observe que a palavra não diz: ‘Prestem atenção, irmãos, para que não caiam da bênção, para que não percam seus benefícios’. As palavras usadas são cuidado para não “se afastar do Deus vivo“.
Todas as nossas bênçãos estão ligadas à Sua Pessoa. ELE é a nossa bênção!
Em outras palavras, conhecê-lo como o Deus vivo é a vida eterna.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17:3).
Conhecê-Lo como o Deus vivo é a plenitude da bênção. Portanto, a advertência é não permitir que a incredulidade nos afaste do Deus vivo. A incredulidade traz à tona aquele questionamento sobre Deus no coração, aquela dúvida sobre Ele, Seus desígnios, Seus caminhos. Quando essa dúvida se levanta em nossos corações, a bênção se foi. E nesse contexto temos outra advertência ainda mais severa:
“Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:31).
Vamos ser honestos, um dia estaremos diante do Deus vivo. Se recusarmos Sua palavra e Sua bondade hoje e se formos infiéis, teremos que prestar contas a Ele.
Veja a situação de Acã, seu pecado secreto foi rastreado de maneira incrível. Dentre milhares de Israel, Deus indicou exatamente onde ele estava. Talvez ele imaginasse que podia se safar no meio de tão grande multidão, que podia enganar os anciãos de Israel, mas ele se esqueceu do DEUS VIVO.
Se formos honestos, isso não acontecerá conosco. O ponto é que não podemos acreditar que acalentar qualquer pecado e desobediência à luz do Senhor em nossos corações está oculto diante dos olhos dEle. Mais cedo ou mais tarde iremos estar diante dEle para prestar contas.
Você não deve se preocupar com aqueles que estão posicionados como autoridade sobre você aqui nessa terra, a questão suprema é Deus – é a Ele que iremos prestar contas. É realmente um alívio saber que as pessoas não tem que responder à nós quando entregamos uma mensagem do Senhor. Não é com o pregador que vamos prestar contas, mas com o Deus vivo.
O Senhor olha diretamente nos nossos corações e Ele sabe, é impossível enganá-Lo. Ele conhece o mais íntimo do nosso coração, e isso nos consola e nos adverte.
Tudo depende inteiramente de nossa atitude para com o Senhor – se esse fato nos trará conforto ou terror. Estamos lidando com o Deus vivo e esse é um fato abençoado e terrível.
Devemos nos lembrar que o Deus vivo vê tudo e o tempo todo. Isso pode soar terrível para aqueles que estão lutando contra Deus.
Você pode se alegrar por estar nas mãos do Deus vivo? Não precisamos temer… Essa é uma bênção que todos nós podemos desfrutar: estar nas mãos do Deus vivo. Por outro lado, pode ser a coisa mais terrível para aqueles que estão em uma posição falsa diante dEle.
Um relacionamento vivo
Existe um outro aspecto relacionado à essa expressão: “o Deus vivo” – o fato dEle ser o Deus vivo indica que Ele torna tudo vivo para Seu povo. O relacionamento com Ele precisa ser vivo.
Ele é o Deus vivo, e isso significa que aqueles que se relacionam com Ele devem experimentar dessa vida. Ele disse: “Porque eu vivo, vós também vivereis”. Um relacionamento vivo com Deus é acessível a todos nós. Alguns de nós pode afirmar que Ele está vivo porque desfruta de um contato mais íntimo com Ele do que com qualquer outra pessoa que conhecemos.
Mas devo perguntar: Você desfruta desse relacionamento vivo com o nosso Deus? Você está seguindo um sistema ou está desfrutando de uma comunhão viva com um Deus vivo?
O Senhor deseja que seu relacionamento com Ele seja vivo. É transformador saber que você tem acesso a um Deus vivo. Como você pode saber se uma coisa está certa ou errada? Bem, você tem o Deus vivo, pergunte a Ele – Ele está acessível, Ele está vivo – você pode se relacionar diretamente com Ele.
O desejo do coração de Deus é que você O trate como um Deus vivo.
“É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6).
Estamos diante de uma Pessoa viva! Não há nada de vago sobre isso.
Ele também é o galardoador daqueles que O buscam diligentemente. Toda vez que você vem a Ele, você crê nessa palavra? Até onde sua fé te leva? Você O agradece no momento em que O busca, porque acredita que Ele já te respondeu?
Ele nos ensina a agradecer quando pedimos. “Em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ação de graças” (Fp 4:4). Isso é fé.
A fé assume esta posição: Ele é o galardoador daqueles que diligentemente O buscam. Portanto, se este pedido for inspirado pelo Seu Espírito, e se estiver de acordo com Sua vontade, sei que Ele ouve e responde, e tomarei posse disso.
Mas lembre-se que sua fé pode ser provada. Muitos de nós pedimos ao Senhor algo que está revelado como Sua vontade para nós em Sua Palavra, e ainda assim passa por um longo tempo de espera até ver a resposta. Não desanime, chegará o dia do cumprimento da Sua Palavra. Apenas acontecerá.
Mas essas experiências de adiamento nos ensinam a agradecer ao Senhor na hora que pedimos. Quer nossa oração seja imediatamente respondida ou não, nossa confiança se baseia no fato de que receberemos o que pedimos pela fé, e por isso agradecemos. Essa fé é firmada no que Ele é, o galardoador daqueles que O buscam diligentemente.
Deus ama essa atitude de coração, esse tipo de relacionamento vivo. É um relacionamento de acordo com o Seu caráter, Ele é um Deus vivo. Nosso conhecimento dEle também precisa ser vivo, e essa vida deve tomar uma rota ascensional, rumo à plenitude. Quando essa vida está desvanecendo, experimentamos um senso de redução, de pobreza. Quando essa vida está em ascensão – e isso pode acontecer, sem a necessidade de invernos na vida do Espírito – perceberemos um acréscimo no nosso conhecimento do Senhor.