Desejando fazer Sua vontade

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O artigo “Desejando fazer Sua vontade” é uma compilação de extratos selecionados das página 6, 7 e 8 do livro “Knowing the Scriptures – Rules and Methods of Bible Study”, de A. T. Pierson.

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Arthur T. Pierson (1837-1911)

“Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo” (João 7:17).

“Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.” (Hebreus 10:7).

O maior segredo do estudo Bíblico é um espírito ensinável, que é uma característica inseparável da obediência. A Visão espiritual é dupla, assim como a visão natural, e ela depende das faculdades da razão e da consciência. Se as faculdades intelectuais estiverem obscurecidas, o sentido moral estará sujeito ao erro em suas decisões. Da mesma forma, se a consciência estiver cauterizada, a razão é cegada. 

O Senhor nos disse: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina”. Em outras palavras, a obediência é o órgão da revelação espiritual. A compreensão das Escrituras nunca será independente de um coração obediente, pelo contrário, ela será condicionada à uma verdadeira conformidade e simpatia com os preceitos e espírito da Palavra. O verdadeiro aprendizado do que está na Bíblia tem um caráter mais experimental do que puramente mental.

Por vezes é pior ler ou até examinar as Escrituras usando nosso intelecto, tratando-as como uma produção literária comum, como se não fossem demandadas faculdades mais elevadas para compreendê-las além da mera capacidade de análise e entendimento de uma mente erudita.

Muitos homens se achegaram à Palavra de Deus sem orar pedindo ajuda ao Seu Autor, sem uma atitude reverente ou nenhum outro propósito que não fosse uma análise crítica e intelectual de seu texto, e por isso ficaram tateando, às cegas, apesar de persuadirem a si mesmos de que tinham uma compreensão excepcional. 

Por outro lado, muitos crentes humildes tiveram seus olhos iluminados para contemplar as grandiosas coisas contidas na lei de Deus (Sl 119:18), e se tornaram verdadeiros conhecedores de seus “mistérios”. 

Não devemos desencorajar um estudo crítico da Palavra, se estiver dentro da esfera correta e for conduzido com o espírito devido. Mas existe um tipo de análise que é destrutiva. A Bíblia é um organismo vivo. Suas partes são membros de um só corpo; e tem uma conexão vital que deve ser devidamente examinada, não devemos tomá-la de forma isolada, mas sempre considerando o todo. O estudo crítico pode ter uma conotação reverente e construtiva, em vez de um caráter arrogante e destrutivo. 

Nenhum estudante das Escrituras deve se esquecer que, para ver a verdade, o homem precisa de faculdades específicas. “São os olhos a lâmpada do corpo”, porque a condição de percepção e recepção da luz de uma pessoa está atrelada a possuir um órgão de visão saudável, sem o qual não será percebida a luz. 

O testemunho ou evidência objetiva da verdade nunca será suficiente. É necessário existir também uma capacidade subjetiva, uma receptividade no interior à esse testemunho. Não podemos ficar tão absorvidos em simplesmente obter provas e evidências do Cristianismo, ao ponto de negligenciar a necessidade e valor de uma prontidão interior para receber e sentir a força dessa evidência, quando for provida. 

Para ter os olhos abertos é demandada uma mente sincera, uma consciência limpa e uma vontade obediente. 

O seu oposto – uma mente dividida, uma consciência corrompida e uma vontade perversa – é comparado, nas Escrituras, à olhos fechados, voluntariamente fechados, ou judicialmente cegados. 

Compare: 1Co 14:37 / 1Jo 2:27; 4:1 / 2Co 3:14-18 / Jo 3:19-21 / At 26:18,19 / 1Tm 1:19 / Rm 8:6,7 / 2Co 4:3,4 / Jo 7:17 / 2Co 11:3.


A. T. Pierson (1837-1911) foi pastor, editor, escritor e mestre fiel da Palavra. Durante seu ministério, foi um líder entusiástico de missões, dedicando-se a atividades evangelísticas e ensino da Palavra de Deus. Foi amigo de C. I. Scofield, D. L. Moody, George Muller, A. J. Gordon e C. H. Spurgeon. Ele foi um dos autores de uma das mais conhecidas biografias de George Muller – “George Muller of Bristol”. Também sucedeu C. H. Spurgeon no púlpito do Metropolitan Tabernacle no período de 1891 a 1893. Apesar de sua extensa obra literária, temos poucos títulos traduzidos para a língua portuguesa, um deles é o livro “Chaves para o Estudo da Palavra”, publicado pela Edições Tesouro Aberto. 

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