“Firmes na fé” são extratos do capítulo 1 do livro “Standing on Faith”, de A. B.Simpson.
A.B. Simpson (1843-1919)
“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
Em Hebreus 11 temos um dos mais completos tratados sobre a fé encontrados nas Escrituras. Esse texto é introduzido por uma definição do que é fé: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” [vs 1]. Vamos meditar em alguns princípios ensinados por essa definição.
Primeiramente, fé não é esperança nem mera expectativa de coisas futuras, mas uma recepção atual daquilo que é prometido, de maneira real e substancial. É aceitar, não esperar.
Em segundo lugar, fé não é visão, pois lida com coisas não vistas. A região do visível não é o reino da fé. Quando uma coisa é provada por demonstração, não é uma questão de fé, mas de evidência. A fé não pede outras evidências além da própria segurança da Palavra de Deus. Essa é a evidência. Não é verdade dizer que “ver é crer”. A fé acredita onde não se pode ver; ou melhor, acredita que visão e evidência podem parecer contraditórias, se for algo que Deus disse.
Quando Deus disse a Abraão: “por pai de numerosas nações te constituí” [Gn 17:5], não havia nenhum sinal disso; na verdade, a evidência da visão claramente o contradizia. Mas Deus disse e Abraão creu, pois a fé “chama à existência as coisas que não existem” [Rm 4:17]. E assim, Abraão “embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido”, mas “sem enfraquecer na fé”, “dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera” [Rm 4:19-21].
Em terceiro lugar, a fé reconhece em todos os casos um ato de criação. Não requer qualquer material para começar, pois acredita em um Deus que pode fazer todas as coisas do nada, e, portanto, pode sair do aparente vazio e encontrá-lo cheio das criações de Seu poder.
Ao dar Suas maiores promessas no Antigo Testamento, Deus se revela como o Criador daquilo que promete. “Assim diz o SENHOR que faz estas coisas, o SENHOR que as forma para as estabelecer (SENHOR é o seu nome): Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” [Jr 33:2,3].
Pode não haver nenhum sinal, nenhuma probabilidade, nenhum germe a partir do qual começar, mas Deus é capaz de fazer coisas do nada por uma palavra Sua. Ele faz isso pela palavra que a fé reivindica. Ele não precisa de protoplasma para construir Suas magníficas criações. “Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” [Sl 33:9].
Na alma que não tem base ou remanescente de bondade, e está morta em ofensas e pecados, Ele pode soprar vida e santidade. No corpo, cuja constituição está esvaída e as fontes de vida se esgotam, Ele pode comandar a saúde e a força. Assim, a fé começa onde as esperanças e perspectivas humanas terminam: “O extremo do homem é a oportunidade de Deus.”
Esta fé, o apóstolo declara, é indispensável para agradar a Deus. Isso não é de se admirar, pois qualquer coisa menos do que isso é tratar Deus como se Ele fosse irreal e não confiável, e isso é ateísmo prático. Isso equivale a tornar a Sua Palavra menos segura do que um mero fato material da natureza e a percepção dos sentidos; é confiar em Deus menos do que confiamos em Suas obras.
A razão pela qual Deus requer nossa absoluta confiança é muito clara. A ruína da raça humana veio porque nossos primeiros pais desacreditaram e duvidaram da palavra de Deus. “O que Deus disse?” Foi a fonte de todo pecado. “Deus disse” é o fundamento, portanto, da nossa restauração.
“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo” [Hb 3:12].