O Desenvolvimento Progressivo do Repouso Sabático

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“O Desenvolvimento Progressivo do Repouso Sabático” é um artigo baseado em meditações nos capítulos 3 e 4 da Epístola aos Hebreus. 

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“Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos”. (Hb 3:14)

“Portanto, resta um repouso para o povo de Deus”. (Hb 4:9)

Deus semeou-Se em uma parte da humanidade a qual se tornou a igreja, que inclui todo aquele que recebeu o Senhor Jesus. Mas depois de recebermos o Senhor Jesus, há um problema: como vamos permitir que o Senhor cresça em nós? Na parábola do semeador em Mateus 13, vemos o Semeador semeando a boa semente em quatro tipos de solo. Embora a semente tenha sido a mesma, o resultado foi diferente em um cada um desses solos.

Que tipo de solo é o meu coração?

Pelo fato de Deus ter Se semeado como semente no campo na vida do Seu povo, há um sábado para Deus hoje. Isso porque, há uma expressão e representação de Deus na vida da igreja, e nós já aprendemos que sempre que isso ocorre, há o descanso, o repouso sabático. 

Agora essa semente está crescendo. Mas esse sábado ainda não está completo, perfeito, maduro. Ainda haverá outro estágio do sábado: a era da colheita, que ocorrerá quando o Senhor Jesus voltar.

Em 1 Coríntios 3 vemos a lavoura crescendo, e em Apocalipse 14:14-16 vemos a colheita sendo ceifada.

“Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho. Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós” (1Co 3:6-9).

“Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu! E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada” (Ap 14:14-16).

Nesse texto de 1 Coríntios 3, Paulo falava com os irmãos a respeito do perigo de não amadurecerem, mas permanecerem carnais, crianças em Cristo (vs 1). O apóstolo afirma que alguns dos problemas que os Coríntios experimentavam, como os ciúmes e contendas, eram frutos dessa imaturidade. Os partidos e preferências também indicavam que eles andavam segundo a carne, não segundo o espírito. 

Então Paulo apresenta a responsabilidade individual de cada um quando usa a figura da edificação. Aquela semente (Jesus Cristo) é o fundamento, e não se pode lançar outro fundamento além deste (vs 11). Mas, depois de lançado o fundamento, existe uma cooperação nossa nesse processo de edificação (“cada um veja como edifica” – vs 10). Vamos permitir ao Espírito Santo edificar em nós aquilo que é do Senhor – ouro, prata e pedras preciosas? Ou vamos nós mesmos edificar com obras humanas – madeira, feno e palha (vs 12). Tudo que foi construído com base na minha humanidade será queimado – nada disso vai passar pelo fogo (vs 13-15). 

Muitas pessoas acreditam que, por serem salvas, no sentido de terem a vida eterna, não devem se preocupar com mais nada, mas podem viver da forma como acharem melhor. Mas tomando esse texto de 1 Coríntios 3, vemos que haverá uma prestação de contas no tribunal de Cristo – alguns receberão galardão (vs 14), mas outros sofrerão dano (vs 15).

Não podemos confundir a salvação eterna, onde teremos o terceiro estágio do descanso, a qual nos foi garantida pela graça salvadora, com o período da justiça, no reino milenar – o segundo estágio do descanso. 

O sábado do crescimento hoje é a verdadeira vida da igreja com as riquezas de Cristo. O Reino de Deus chegou a nós. Mesmo que este reino não esteja manifestado, revelado para o mundo, para nós que somos povo de Deus, o Reino de Deus é uma realidade. Porém, se não formos diligentes, perderemos o alvo, e não poderemos entrar no segundo estágio desse descanso, quando esse Reino de Deus será manifestado ao mundo.

Temos o exemplo disso na história do povo de Israel. Todos foram chamados a partir de Abraão. Como aconteceu com todos nós que recebemos a graça salvadora de Cristo, também todos do povo de Israel eram o povo de Deus. Uma vez tornado povo de Deus, jamais deixariam de ser, assim como acontece conosco – nunca deixaremos de ser filhos de Deus, Seu povo.

Entretanto, a maioria dos filhos de Israel que saíram do Egito não entrou na terra de Canaã. Na verdade, dos que saíram do Egito, apenas dois, Josué e Calebe, entraram na terra. Pelo menos dois milhões de pessoas daquele povo morreram no deserto. Os demais que entraram em Canaã eram descendentes dos que saíram do Egito – um povo nascido durante toda a caminhada no deserto.

Por isso que em Hb 4:1 lemos: “sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado”. Alguns de nós hoje já entraram na terra de descanso, na realidade do Reino de Deus, mas muitos ainda estão vagueando no deserto da alma.

Mas ainda há um descanso maior, mais completo para todo o povo de Deus, que é o segundo estágio do descanso. “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus” (Hb 4:9). Esse é o descanso reservado para aqueles que entraram no primeiro estágio do descanso, o descanso atual. Para aqueles que ainda não estraram nesse primeiro estágio, há um alerta: “Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as boas-novas, de novo, determina… Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração… Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.” (Hb 4:6,7,11).

O sábado vindouro será na verdade e na prática uma recompensa para os que tiverem crescido adequadamente e que desfrutam do sábado atual.

Neste ponto, precisamos considerar as palavras de Paulo em 1 Co 9;24-27. O versículo 24 diz: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis”. A palavra alcançar aqui não se refere a alcançar a salvação, pois já alcançamos a salvação, mas refere-se a levar o prêmio. “Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível” (versículo 25).

Os versículos 26 e 27 continuam: “Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. Ser desqualificado, que é mencionado no versículo 27, não se refere a ser desqualificado da salvação, mas de receber o prêmio.

O primeiro versículo de 1 Co 10 continua seguindo o pensamento do capítulo 9. Então em 1 Co 10:5, nos é dito: “Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto”. Esse versículo começa com uma palavra muito importante: “Entretanto”. Em certo sentido, todos os filhos de Israel estavam em uma corrida. Todos eram candidatos a vencer e receber o prêmio. 

Quando saíram do Egito e cruzaram o Mar Vermelho, eles estavam correndo a carreira, mas muitos deles caíram. Na figura mostrada aqui por Paulo, vemos que ele estava correndo uma corrida, temendo que ele próprio pudesse ser desqualificado e perder o prêmio.

Encontramos um pensamento similar em Fp 3:12-14, um livro escrito durante a época final do ministério de Paulo:

“Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. 

Paulo falava de algo que ele precisava conquistar – e isso não pode ser a salvação, a vida eterna.

Cristo nos ganhou com o propósito de que O ganhemos plenamente.

A palavra “soberana”, no versículo 14 significa “do alto”, isto é, celestial. Hb 3:1 fala que participamos da vocação celestial (ou chamamento celestial).

Paulo, pouco antes de ser martirizado, escreveu as palavras registradas em 2Tm 4:6-8: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”. 

Aqui Paulo não menciona uma coroa de graça, mas uma coroa de justiça. Ele disse que essa coroa seria dada não somente a ele, mas a todos quantos amam a vinda do Senhor. Mas, em Apocalipse 3:11 lemos: “Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.

Isso nos lembre o Hb 3:14, onde nos é dito para “guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos”. 

Apocalipse nos diz para “conservar o que temos”, enquanto Hebreus nos diz para “guardar firme até o fim o que tivemos desde o princípio”. Parece uma exortação muito parecida, sendo que em Apocalipse a advertência para não deixarmos de conservar o que temos é para que ninguém tome a nossa coroa.

Enquanto a salvação é pela graça, mediante a fé (Ef 2:8-9), reinar com Cristo durante mil anos não é uma questão da salvação, mas é um prêmio que nos encoraja a correr adequadamente a carreira.

Deus quer ter uma expressão e representação corporativa dEle próprio. Deus é muito paciente; Ele está cumprindo progressivamente Seu propósito. Primeiramente, Ele semeou a Si mesmo em Seu povo escolhido e agora está dando a ele tempo para crescer.

Esse crescimento vem do próprio Senhor, como vimos em 1 Co 3:6. Entretanto, precisamos permitir que o Senhor trabalhe em nós. Há uma cooperação nossa nessa obra do Senhor, conforme Ele nos disse:

“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe”, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida [psuche], não pode ser meu discípulo” (Lc 14:26).

A palavra grega traduzida como VIDA nesse verso não está relacionada à nossa vida natural (bios), mas nossa vida do ego (psuche). Isso indica uma renúncia de direitos, desejos e vontade. O Senhor prossegue:

“E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” (vs 27). 

Tomar a cruz indicava que aquela pessoa, em sua vida do ego (psuché), estava sendo conduzida à morte. 

Ao abrirmos mão de nós mesmos, o Senhor tem livre acesso para fazer Sua obra em nós e trazer o crescimento de que tanto precisamos.

Quem conhecer mais sobre o repouso sabático em Hebreus? Leia aqui.

Leia mais estudos sobre Hebreus.

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