A Vasilha de Óleo – 1

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Jessie Penn-Lewis (1861-1927)

“Eliseu lhe perguntou: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. Ela respondeu: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite. Então, disse ele: Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o teu azeite em todas aquelas vasilhas; põe à parte a que estiver cheia” (2 Reis 4:2-4).

Leitura: 2 Reis 4:1-7

Essa história é familiar para todos nós. A viúva em clara opressão – uma devedora incapaz de pagar sua dívida – vindo a Eliseu buscar ajuda.

Precisamos primeiramente perceber a base para o seu apelo diante do homem de Deus: “Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que ele temia ao SENHOR”. Seu marido tinha sido um dos “filhos dos profetas”, separado para o serviço de Deus. Como a família acabou em dívidas, não podemos dizer, porque aqueles que temem ao Senhor e buscam andar em Sua vontade têm o direito de buscar Nele o suprimento de todas as suas necessidades. Dívidas não está nos planos de Deus para os Seus filhos, principalmente para aqueles separados para Seu serviço e que dependem Dele.

“A seguir, Jesus lhes perguntou: Quando vos mandei sem bolsa, sem alforje e sem sandálias, faltou-vos, porventura, alguma coisa? Nada, disseram eles” (Lc 22:35).

Qualquer que tenha sido a causa das dívidas dessa família que apelou para Eliseu em suas dificuldades, pelo menos podemos aprender que Deus opera milagres para libertar Seus filhos de tal opressão. Ele vai operar milagres hoje para fazer Sua obra livre de dificuldades financeiras, se ao menos O obedecermos.

Deus não muda, e Sua palavra por meio do Apóstolo Paulo, “a ninguém fiqueis devendo coisa alguma” [Rm 13:8], permanece a revelação de Sua mente nesse assunto.

A viúva busca Eliseu e clama: “é chegado o credor”. Então, o profeta primeiro a conduz a avaliar seus próprios recursos e a confessar francamente sua posição.

Somos muitos descuidados a esse respeito. Pensamos: “Encararemos esse fato quando o momento chegar”, e então deixamos para depois, até que o “credor” apareça, e não estamos nem um pouco envergonhados da nossa “dívida”!

Eliseu disse a ela: “Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa” [vs 2].

Precisamos ser claros ao tratarmos com Deus quando temos que enfrentar nossa situação. Estamos preparados para sacrificar nossa própria parte e não deixar que a obra de Deus aos nossos cuidados seja impedida pelas dívidas? “Quanto você tem para enfrentar isso?” Essa é a pergunta de Deus para nós antes de esperarmos que Ele supra nossas necessidades.

Deus não responderá nosso pedido de ajuda, até que estejamos preparados para deixar que Ele tenha “tudo que está na casa” para usar como Ele desejar.

A viúva tinha apenas um pote de óleo! Ela estava realmente em uma posição de “não ter nada para pagar”. Se pudermos olhar honestamente para Deus e dizer a Ele que não há nada que possamos fazer, nenhum sacrifício a mais que possa ser realizado, Ele agirá por nós, mas não antes disso. Deus usou a vasilha de óleo que a viúva tinha para responder à sua oração.

Pode ser que estejamos esperando que Deus envie ajuda de uma forma miraculosa, quando Ele está esperando para usar uma pequena “vasilha de óleo” que você já tem e que não imagina que seja digna de menção – é tão pequena!

Que lição espiritual está nessa história para nós? Brevemente, somos “devedores” de dar o Evangelho ao mundo que perece, e de sermos canais para o amor de Deus ser derramado às almas necessitadas (Leia Romanos 1:14-15 e perceba como Paulo sentia isso profundamente).

“É chegado o credor para levar os meus dois filhos para lhe serem escravos”, clama a viúva. É verdade! Precisamos vencer o mundo, pagando nosso débito a ele, caso contrário, o mundo nos vencerá e roubará nossos amados, ou as almas que deveriam ser nossas para Cristo.

Não existe posição neutra para nenhum filho de Deus. Nossas famílias participam da nossa perda ou ganho. Nossas crianças vão se tornar envolvidas com o mundo se formos apáticos ou não formos fiéis a Deus na mordomia do Evangelho.

Que nossos olhos possam estar abertos para ver isso, e estaremos em grave pressão. Já reconhecemos a nossa responsabilidade em relação às almas ao nosso redor. “O credor chegou” — e vemos nossos amados em risco de se tornar escravos desse mundo terrível. E ainda assim, somos impotentes, não podemos encarar nossa dívida. O que devemos fazer?

Vamos apelar a Deus. “O que tens em casa”, perguntou Eliseu à viúva. Sua resposta pode ser a mesma: “Nada, além de uma vasilha de óleo”.

Será que fomos trazidos ao fim de nossos recursos? — “não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus” (2Co 3:5) – Sem recursos em nós mesmos? É nesse ponto que devemos chegar antes que Deus nos mostre o óleo secreto e como aumentá-lo de forma suficiente para pagar nosso débito ao mundo e encarar a necessidade do nosso coração.

O óleo é um tipo bem conhecido do Espírito Santo. O Senhor Jesus foi ungido com “óleo de alegria” acima dos Seus companheiros. Filho de Deus, você tem a vasilha de óleo.

“Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6:19).

Você reconheceu Sua presença graciosa e deu a Ele o trono do seu coração? Você O honrou como uma Pessoa, e não O ignorou pensando Nele como uma “coisa”, uma influência, ao invés da terceira Pessoa da abençoada Trindade?

Você recebeu Jesus como seu Salvador pessoal inteiramente pela obra do Espírito eterno, que se deleita em Se ocultar e lançar luz sobre o Filho de Deus? Você reconheceu o Espírito Santo como aquele que foi dado como seu Mestre e Guia de habitação, por quem todos os recursos de Deus passam a ser seus em Cristo?

Na “vasilha de óleo” você tem todas as possibilidades de ser capaz de saldar todas as dívidas para com as almas ao seu redor, e “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra” (2Co 9:8).

“Sim, eu sei que tenho o óleo”, você responde, “mas como ele pode ser aumentado em rios de óleo?”

Voltando para essa lição alegórica, percebemos as direções dadas por Eliseu à viúva.

“Vai, pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o teu azeite” (versos 3,4).

Apenas vasilhas emprestadas… Você nunca poderá chamar de “minhas” as almas que você será usado por Deus para ajudar! Vá, olhe para os necessitados, mesmo entre os seus vizinhos, não importa aonde. Não espere por “apresentações”, ou você perderá vasos vazios, mas esteja preparado para cada oportunidade que Deus lhe conceder! Quando encontrar uma vasilha, uma alma necessitada, leve-a para o Senhor, “entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6:6).

Como são poucos os filhos de Deus que conhecem o segredo do “quarto secreto”, o Santo dos Santos, onde entramos pelo “novo e vivo caminho” e sob o sangue aspergido para permanecer sob a glória da Shekinah da luz de Deus. É no “lugar secreto do Altíssimo” que aprendemos a “derramar”. Lá descobrimos que o óleo celestial pode fluir perpetuamente, derramando, curando, com poder para abrandar.

Continua no próximo Post.

Tradução de extratos do capítulo 6 do livro “Communion with God” (Comunhão com Deus), de Jessie Penn-Lewis.

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