Prosseguindo para o Alvo – A Tônica da Vida de Eliseu

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Participante de Cristo (Adaptado do Texto “Pressing On” de T.Austin-Sparks)

“Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. Tornou-lhe Elias: Dura coisa pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não me vires, não se fará” (2 Rs 2:9-10).

“Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3:8).

Uma característica comum de Paulo e do profeta Eliseu é a determinação inabalável de ir até o fim com o propósito de Deus. Esse é um princípio espiritual de apoio que sustentou a vida desses homens notáveis, e que também pode ser um princípio de sustentação às nossas vidas em nossa caminhada cristã.

Qual o ponto importante destacado no texto de 2 Reis? O que governou esse incidente? Por que Eliseu estava tão determinado a não voltar atrás, mas ir em frente, apesar de tudo? Por que ele ficou tão seguro, firme até o fim?

Um Senso de Necessidade

Vemos claramente o senso de necessidade de Eliseu. Para ter uma melhor compreensão do que Eliseu passava naquele momento, precisamos entender o pano de fundo da história de Elias e Eliseu. Aquele era um tempo de severa fraqueza espiritual em Israel. A fraqueza do povo de Deus era trágica, desesperadora. Pense na batalha entre Elias e os profetas de Baal! Veja o ponto em que a situação chegou. A representação do Senhor era muito pobre naqueles dias.

Eliseu, então, estava consciente da condição espiritual do seu povo naquele tempo que ele vivia e de sua total incapacidade de encarar essas condições e registrar um impacto sobre eles, confrontando tudo isso com um testemunho vivo.

Esse era o coração do incidente – por isso ele pediu “uma porção dobrada do seu espírito”- poder para testemunhar, servir, para andar na contra-mão desse estado deplorável das coisas entre o povo de Deus. Ele deveria representar o Senhor, sendo chamado pelo nome Dele nesta terra, mas, para isso, precisaria de poder para ser um representante do Senhor nessa terra. Então, ele perseguiu e persistiu nesse objetivo, até que, finalmente, quando Elias chegou ao ponto de perguntar – “Pede-me o que queres que eu te faça”- Eliseu logo lhe deu sua resposta. Eliseu estava ali esperando, buscando algo bem específico.

Por que ele seguiu todo aquele caminho? Por que ele não aceitou a palavra dos filhos dos profetas: “Sabes que o SENHOR, hoje, tomará o teu senhor, elevando-o por sobre a tua cabeça?” (2 Rs 2:3)? Por que ele se recusou a voltar atrás? Ele tinha uma profunda consciência de sua necessidade, não apenas dele mesmo, mas do próprio povo de Deus. Por isso ele instantaneamente respondeu à Elias: “Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito”.

Isso toca você? Você sente o estado deplorável, falando de uma forma geral, do povo de Deus? Você percebe a necessidade de poder para ir de encontro a essa situação? Isso te incomoda? Você tem consciência que não pode enfrentar essa situação com seus próprios recursos? Não poderemos fazer nada a não ser que algo aconteça.

Precisamos obter uma maior plenitude de Cristo, não como um poder para ser usado, mas uma medida maior de Cristo em nós. “Seu Espírito”. Isso é o que Paulo chamou de “poder da sua ressurreição”.

O Poder de Sua Ressurreição

Como vemos isso retratado no apóstolo Paulo! Vemos esse mesmo espírito de Eliseu nele. Nada detinha esse homem! “Para o conhecer…” (Fp 3:10). Me parece que a linguagem do Antigo Testamento dos ”carros de Israel e seus cavaleiros!” [2 Rs 2:12] seria um símbolo do poder da Sua ressurreição. Essas são as poderosas forças celestiais se movendo em direção aos céus. Carros e cavalos, símbolos de força para superar a morte e a terra, abrindo os céus, chegando até o trono! O que Eliseu estava realmente buscando, nos termos do Novo Testamento, era entrar em tal união com o Senhor nos lugares celestiais, acima do mundo, chegando à glória! Ele buscava tal união com o seu Senhor pelo Seu Espírito de uma maneira celestial, para que pudesse encarar poderosamente as situações ao seu redor.

O caminho da Plenitude é progressivo e marcado por crises. Vemos nessa história de Eliseu e na contraparte de Paulo em Filipenses 3 o caminho da maior plenitude de Cristo. Esse é o caminho para a união celestial acima dos poderes do mundo, uma posição que nos leva a conhecer-Lo, não de forma final, mas de forma muito crescente no poder de Sua ressurreição – e isso é algo progressivo. Isso é um caminho. Paulo diz “prossigo”- esse é o caminho a ser tomado. Eliseu foi com Elias a Gilgal, e Elias disse: “Fica-te aqui, porque o SENHOR me enviou a Betel” [2 Rs 2:2], mas ele respondeu: “Tão certo como vive o SENHOR e vive a tua alma, não te deixarei”. O mesmo aconteceu em Jericó – e o mesmo aconteceu até chegarem ao Jordão. Esse progresso é marcado por uma série de crises. Eliseu poderia ter parado em qualquer um daqueles lugares.

O Que o Senhor Busca

Caros amigos, o Senhor busca a mesma coisa, nem que seja em apenas uma vida. Ele deseja trazer o impacto de Sua exaltação sobre a terra e sobre o mundo, um registro vivo de Sua posição celestial, do poder de Sua ressurreição. Essas pessoas, portanto, passarão por diversas crises, que marcarão sua experiência espiritual, que serão geradas pelas mais diversas causas, e em alguns momentos será bem mais fácil parar e abandonar o progresso. Podemos enumerar uma grande quantidade de coisas – adversidades tão difíceis, tão grandes, que nos impedem completamente de seguir em frente. Desapontamentos, talvez caminhos misteriosos de Deus, como o fato de sempre estar parecendo que Elias estava tentando ficar livre de Eliseu… e por isso ,não tem sido fácil interpretar os tratos de Deus com você… Parece que o Senhor não nos quer, e que Ele está pronto para desistir de nós. Pensamos: ‘Se o Senhor nos desejasse e nos escolhesse, não deveria ser tão fácil para nós contemplar a possibilidade de desistir. Parece que o Senhor não se importa se estamos seguindo em frente ou não. Essas são nossas interpretações sob o stress. Essa é a forma que nossa mente natural trabalha.

A grande pergunta é: você vai seguir em frente ou vai desistir? Você estará lá até o ponto onde o Senhor vê que o teste do tempo cumpriu o seu propósito, e a partir dali, Ele pode fazer algo mais poderoso e efetivo da sua vida? Isso não significa que você necessariamente vai perceber isso. Vamos buscar ser libertos da cilada relacionada com o fato de que devemos saber e perceber que estamos sendo usados, saber que o Poder Divino está sobre nós. A verdade é que os homens de Deus foram mais poderosamente usados nos dias onde sentiram sua máxima inutilidade, do que nos dias que achavam que as coisas estavam acontecendo. A cilada de saber que o poder está operando! Para ser como Paulo ou como Eliseu, devemos prosseguir, prosseguir…

Vamos descobrir, à medida que avançamos de estágio para estágio, que é necessário que nos reafirmemos em novas circunstâncias, novas dificuldades e desencorajamentos. Sim, em algum momento vamos redescobrir  a iniquidade de nossos corações, de forma tão terrível, que nos deixará paralisados. Mas então nos lembramos que não devemos prosseguir baseados no que somos, mas na base do que Ele é. É assim, de tempos em tempos, uma reafirmação da decisão original – “ganhar a Cristo”. “Essas coisas considero refugo”-  não poder, não serviço, não o ser usado pelo Senhor, mas CRISTO.

Eliseu era devotado a Elias. Paulo era devotado a Cristo. É a pessoa que interessa. Eliseu não deixaria Elias. Ele se apegou à ele até o fim. Lembre-se de que aquele apego representava um fardo relacionado à reprovação do Senhor quando esteve aqui na terra. Eliseu rasgou suas vestes e tomou as vestes que caíram de Elias. O rasgar de suas vestes era indicativo disso. Ele era indigno, insuficiente, não podia cumprir o propósito com suas próprias vestes. Ele deveria ser vestido com aquilo que representava o ministério celestial. Claro que devemos gastar um tempo nos diversos pontos da jornada, e especialmente no último, o Jordão, onde a morte é encarada e completamente vencida – onde ele conheceu o poder de ressurreição do seu mestre, o poder da Sua ressurreição, de Sua vida ascendente.

Se você vai ser um instrumento para demonstrar o poder celestial do entronizado e exaltado Senhor sobre a condição espiritual de hoje em qualquer lugar que estiver, você será colocado em testes de tempos em tempos, em situações e circunstâncias onde será a coisa mais fácil do mundo desistir.

Será que você vai seguir em frente, não entendendo o que o Senhor está fazendo, sem explicações, e totalmente incapaz de encarar a situação baseado em seus recursos naturais, ou vai desistir? Será que você está  determinado, pela graça de Deus, qualquer que seja a situação, a ir em frente até o fim? Que o Senhor nos dê essa força!

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