T. Austin-Sparks (1888-1971)
“Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel” (Números 14:8).
As palavras que Josué e Calebe proferiram parecem indicar outro tipo de história. Os espias voltaram da terra e a maioria deles trouxe um relatório ruim, enquanto que Josué e Calebe disseram: “Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel” (Nm 14:8). Na carta aos Hebreus encontramos o descanso Sabático que ainda resta para o povo de Deus, o qual está em conexão com a condução do povo por Josué para a terra prometida.
A terra deveria ser um tipo do descanso que resta para o povo de Deus, e quando Josué disse essa frase, ele já estava no descanso da terra. Essa foi sua atitude, o estado do seu coração: “Se o Senhor deseja que tenhamos isso, tudo bem, vamos possuir essa terra. O Senhor se deleita em nós, não precisamos nos preocupar com nada – gigantes, dificuldades, cidades fortificadas; se o Senhor deseja, Ele terá, tudo o que precisamos fazer é seguir totalmente com Ele, confiando Nele, e tudo vai dar certo!”
Josué já estava desfrutando o descanso da terra em seu coração, porque não se apegava a nenhum elemento pessoal que pudesse complicar seu relacionamento com o Senhor. O desejo do seu coração era ter o que o Senhor desejava, e essa era exatamente sua posição – “se o Senhor desejar que tenhamos isso ou aquilo, ou se Ele deseja me trazer para dentro disso, confio Nele, vai dar tudo certo. Não preciso esquematizar, imaginar, me preocupar, não preciso ficar ansioso, apenas vou seguir com o Senhor e Ele vai cumprir Sua vontade. Se o Senhor não deseja isso, então também não desejo!” Josué estava nessa posição e estava em descanso de coração.
Isso não era apenas passividade, mas era um descanso da fé, que não é alcançado até que o elemento do interesse pessoal tenha sido abandonado.
É isso que complica nosso descanso espiritual o tempo todo. Isso é simplesmente seguir o Senhor em plenitude, e isso distinguiu Josué e Calebe do restante do povo. Foi a natureza interior das coisas.
Isso tem uma aplicação ampla e compreensiva. Peço a você que me acompanhe nessa auto-análise, porque duvido que qualquer um de nós não tenha, em algum momento, sido culpado disso, e não tenha se encontrado nesse ponto onde nossas vidas se tornaram tão complicadas, embaraçadas e aprisionadas, por termos desejado alguma coisa. Pode ser até que desejávamos alguma coisa relacionada ao Senhor, mas era o que nós desejávamos.
O Senhor não nos concedeu nosso desejo, então ficamos aborrecidos com Ele. Aquilo não era manifestadamente mau, mas nosso apego demonstrou qual era o nosso interesse.
O importante é chegarmos ao ponto onde o que importa é: isso deleita o coração do Senhor? O Senhor deseja isso? Se sim, tudo bem, vai acontecer; se o Senhor não deseja, então que Ele impeça que isso entre no nosso caminho. Se preciso for cortar a mão direita, tirar o próprio olho, é muito melhor fazer isso do que ter alguma coisa que o Senhor não deseja.
Extratos do texto “Wholly Following the Lord“, de T. Austin-Sparks, publicado no site www.austin-sparks.net.