“Ora, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa. Vendo isto, indignaram-se os discípulos e disseram: Para que este desperdício? Pois este perfume podia ser vendido por muito dinheiro e dar-se aos pobres. Mas Jesus, sabendo disto, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? Ela praticou boa ação para comigo. Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes; pois, derramando este perfume sobre o meu corpo, ela o fez para o meu sepultamento. Em verdade vos digo: Onde for pregado em todo o mundo este evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua” (Mt 26:6-13).
Nesse texto, vemos outra menção de Betânia, mas agora em conexão com o evento descrito acima: uma mulher derramou um precioso bálsamo sobre Jesus.
“Esse acontecimento fala primeiramente do reconhecimento do valor que o Senhor Jesus tinha para ela. Todos observaram a cena [inclusive seus discípulos] e o que disseram tinha exatamente a seguinte implicação: ‘Ele não é digno disso’. Naturalmente, não o expressariam dessa maneira. Aquela mulher, entretanto, reconheceu o valor do Senhor – Ele valia aquilo que ela tinha “de mais precioso”. Era a excedente preciosidade de Cristo que estava sendo posta em evidência aqui.
Isso é, em meu parecer, a principal característica daquela cena. Esta é uma característica de Betânia e deve ser a característica da “Minha Igreja”, do povo segundo Seu coração – não há nada demasiadamente supremo que não possa ser derramado aos Seus pés – “Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade” (1 Pe 2:7) [a tradução utilizada pelo autor é ‘para vós, portanto, os que credes, Ele é precioso‘].
Isso é muito simples, no entanto, é, outra vez, algo que causa profunda apreciação por parte do Senhor. Quão diferente é isso do sistema eclesiástico meramente formal!
A quebra do vaso de alabastro dá expressão à preciosidade do unguento. O “frágil vaso de barro”, ao ser quebrado, torna possível a manifestação e a expressão das glórias de Cristo. Enquanto aquele vaso está inteiro e forte, você o notaria pelo que ele é, como um vaso, e diria: ‘Que belo vaso! Que maravilhosa peça de alabastro!’ Enquanto ele está intacto, você não vê o que ele guarda em secreto. Nós podemos considerar homens com um esplêndido intelecto, pregadores maravilhosos e assim por diante – ou seja, podemos ficar ocupados com o vaso – e o segredo ficar selado. Mas quando o vaso é quebrado e despedaçado, você encontrará o tabernáculo secreto da glória de Cristo.”
Essas verdades são muito claras na vida do Apóstolo Paulo – que era um grande homem no sentido natural, mas que entendeu o segredo para manifestar Cristo. Paulo viu que nós somos o vaso de alabastro – nosso Ego é muito precioso para nós, e somente quando abrimos mão de nós mesmos, é que o tesouro dentro do vaso pode fluir! É exatamente essa a nossa experiência. Cada experiência que nos conduz ao quebrantamento, essa nova experiência da cruz, significa uma expressão mais viva da glória de Cristo, e aumentará nossa apreciação Dele. Isso sempre foi verdade na história da Igreja, e será verdade em nossa vida.
“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2 Co 4:7-11).
Que possamos ter uma visão clara do valor transcendente do Senhor, e que isso se expresse em nossos valores e prioridades – que o Espírito Santo possa nos conduzir ao nosso Noivo, adornados de forma agradável a Ele!
Baseado no livreto “Betânias Verdadeiras” de T.Austin-Sparks (as partes entre aspas são citações diretas do livreto)