Participante de Cristo
“Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão; quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele” (1 Sm 22:1).
Davi estava fugindo de Saul e, naquele momento, provavelmente não tinha outra alternativa a não ser adotar uma vida de fugitivo e peregrino nas montanhas de Judá.
Quando ainda era pastor de ovelhas, Davi possivelmente deve ter se familiarizado com aquelas montanhas e, em especial, com a caverna na qual agora estava se refugiando, cuja localização ficava próxima à antiga cidade Cananita de Adulão.
Não podemos deixar de levar em consideração que cada detalhe narrado pelo Espírito Santo sobre a vida e experiências de Davi, de alguma forma, traça uma analogia com a história do Senhor Jesus. Assim como Davi, Jesus experimentou (e ainda experimenta) rejeição, ao ser banido do trono deste mundo.
Da mesma forma, há uma correlação entre o trono de Saul e o trono de Satanás neste mundo. Um rei rejeitado por Deus está no trono. Apesar de ungido por Samuel, a desobediência de Saul o desqualificou para o trono. Isso aconteceu também com Satanás, que era um querubim ungido até que iniquidade foi encontrada nele.
A sentença do Senhor de deposição de Saul do trono já havia sido pronunciada, mas estava aguardando pela sua execução no momento apropriado. Da mesma forma, atualmente Satanás ainda sustenta o trono deste mundo. Ele tentou de todas as formas destruir o Filho de Deus, e ainda faz tudo o que pode para exterminar o Reino oculto do Senhor Jesus. Todas as suas tentativas falharão. Assim como Saul caiu no campo de Gilboa (1 Sm 31:8), o príncipe das trevas será finalmente lançado no abismo.
O reino de Davi era real, porém em mistério, velado na escuridão da caverna de Adulão e escondido em um labirinto de vales e montanhas. De certa forma, a experiência de Davi retrata a experiência do Rei Divino, que aparentemente caiu em mistério e esquecimento na cruz, estando Seu reino escondido do mundo atualmente.
A Davi e seus seguidores foi oferecida uma porção de terra no exílio, a trilha de todo peregrino e estrangeiro. Seu caminho para o trono era cercado de dificuldades e sofrimentos. Aqueles que desejassem servi-lo, participar de suas glórias nos dias de seu reino, deveriam sair com ele para o campo, abandonando tudo o que tinham e serem contados como escória deste mundo. Da mesma forma, somos chamados a deixar tudo para seguirmos o Rei Jesus (Lc 14:26,33; Mt 16:24), rejeitado pelo mundo, mas exaltado pelos Céus e pelos Seus. “Portanto, saiamos até Ele, fora do acampamento, suportando a desonra que Ele suportou” (Hb13:13-NVI).
Davi estava preparado para esperar pelo tempo de Deus e para receber o supremo poder, de acordo com os Seus caminhos. Ele se aquietou como uma criança de peito. “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança” (Sl 62:5). Ele esperou pacientemente, submetendo a Deus o tempo quando seus inimigos seriam colocados no estrado de seus pés (Hb 1:13). O Rei Jesus vem aguardando pelos últimos séculos. Hoje é o tempo do reino e da perseverança em Jesus (Ap 1:9); da perseverança dos santos (Ap 3:10; 13:10; 14:12), enquanto a criação geme e suporta angústias pela manifestação dos filhos de Deus (Rm 8:22).
Que a aparente demora na manifestação desse reino não ofusque sua realidade que está por vir. Que possamos ter a perspectiva correta do momento que vivemos, para não perdermos de vista as glórias que virão quando da manifestação do nosso Rei.
“Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma” (Hb 10:35-38).
Baseado em texto “The Cave of Adullam”, de F.B.Meyer.
