David Wilkerson (1931 – 2011)
“Conheço a tua tribulação, a tua pobreza…” (Apocalipse 2:9).
Deus não se deleita com as provações de Seus filhos. A Bíblia diz que Cristo é compassivo conosco em todas as nossas provas, sendo tocado pelos sentimentos das nossas enfermidades. Em Apocalipse 2:9, Ele diz à igreja: “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza…“. Ele está dizendo essencialmente: “Sei o que você está atravessando. Você pode não entender, mas estou sabendo de tudo”.
É essencial que compreendamos esta verdade, porque o Senhor efetivamente testa e prova o Seu povo. As escrituras dizem: “Tu, ó Deus, nos provaste; tu nos afinaste como se afina a prata” (Salmo 66:10). “Vossa fé … é provada pelo fogo” (1 Pedro 1:7). “O Senhor prova o justo” (Salmos 11:5).
De fato, todo aquele que segue a Jesus enfrentará aflições. O salmista escreve: “Muitas são as aflições do justo” (Salmo 34:19). Paulo revela ter “Muita tribulação e angústia do coração… com muitas lágrimas” (2 Coríntios 2:4). O autor da epístola aos Hebreus descreve os santos que são “desamparados, afligidos e maltratados“, “suportando grande combate de aflições” (Hebreus 11:37, 10:32).
O fato é que a Bíblia fala muito sobre sofrimentos, tribulações e problemas na vida dos crentes. De acordo com o salmista, “A minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura” (Salmos 88:3). Igualmente Davi disse suportar “muitos males e angústias” (71:20).
Não vejo um único seguidor de Jesus que não tenha suportado todas estas coisas mencionadas nas escrituras: provações, tribulações, problemas, aflições e angústias. Sei que posso dizer com Davi: “Tenho suportado muita dor, grandes problemas e provações”. Sei também que muitos outros que estão lendo esta mensagem podem dizer: “Esse é o resumo de minha vida neste momento. Estou enfrentando provas e aflições angustiantes”.
Por esta razão, todo cristão deve saber e aceitar que Deus tem um propósito em todo o nosso sofrimento. Nenhuma prova entra em nossas vidas sem a Sua permissão. Um dos propósitos de Deus por trás de nossas provações é produzir em nós uma fé inabalável. Pedro escreve: “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:7). Pedro chama essas experiências de “prova(s) de fogo” (4:12).
Deus está fazendo algo novo
“Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria, e para o seu povo regozijo” (Isaías 65:18). A palavra hebraica para “crio”, neste versículo, significa “trago à existência”. Você consegue perceber o que Isaías está dizendo? Deus está criando não só um novo mundo, mas também um povo especial. Está trazendo à existência uma noiva que não apenas foi apartada deste mundo, mas aprendeu a regozijar-se em meio ao sofrimento.
O fato é que os nossos sofrimentos presentes constituem-se numa escola de adoração. Todas as maneiras pelas quais estamos aprendendo a louvar a Jesus, especialmente em nossos sofrimentos, são treinamentos para aquele glorioso dia. Que quer dizer isto para os cristãos que vivem com medo e preocupação constantes? Esses que vivem como se Deus estivesse morto, como podem eles, repentinamente, saber como – por meio do louvor – enfrentar a provação?
É muito importante como reagimos em nossa tribulação presente. Quando Israel esteve em sua hora de grande sofrimento, perdeu a esperança. Decidiram que não podiam agüentar mais, então simplesmente sentaram-se no pó. Cá estava o povo de Deus, com promessas sólidas como rocha; no entanto, sentaram-se ali com uma corrente ao redor do pescoço.
Igualmente hoje, alguns cristãos desistem neste ponto. Eles não abandonam a fé, porém deixam de seguir a Jesus de todo coração, pensando: “Não agüento viver sob tanta pressão. Parece que quanto mais me aproximo de Cristo, mais sofro”. Perguntam-se como Paulo podia dizer: “Me regozijo nos meus sofrimentos” (Colossenses 1:23-24).
Eis aqui exatamente porque Paulo podia fazer tal afirmação: ele havia sido arrebatado ao céu, e viu a glória que nos aguarda. Devido ao que viu, Paulo pôde abraçar suas lutas e aflições nesta vida, aprendendo a louvar a Deus em cada experiência difícil. Estava determinado a aprender a ter alegria de coração não importando a situação, e começou a praticar o louvor em preparação para o mundo por vir.
“Se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Romanos 8:17-18). À luz da glória que espera Paulo, o que é a prova em comparação à ela?
Igualmente, ele quer que desviemos os olhos do sofrimento presente e os fixemos no que virá, e isso mudará tudo. Um minuto dentro da nossa nova habitação, diz Paulo, e não nos recordaremos do que veio antes. A idéia dele é começar a louvar agora, regozijando-nos pelo gozo que nos espera. “Portanto, ofereçamos sempre, por ele (Jesus), a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hebreus 13:15).
Na Fornalha da Aflição
Considere o poderoso exemplo dos três jovens hebreus, a quem o rei Nabucodonosor atirou dentro da fornalha de fogo. Estes homens não estavam sendo provados por sua fé; na verdade, foi a sua fé que os pôs ali. O Senhor claramente estava atrás de outra coisa. Pense nisso: os pagãos babilônios não foram influenciados por suas orações ou pregações. Não ficaram impressionados por sua sabedoria ou conhecimento, nem por suas vidas santas. Não, o impacto em Babilônia veio quando o povo olhou para dentro da fornalha e viu estes três homens regozijando-se e louvando a Deus em sua hora mais difícil.
Jesus apareceu naquela fornalha, e creio que Suas primeiras palavras aos jovens hebreus foram: “Irmãos, levantem-se agora, pois suas amarras foram afrouxadas. Deixem que este governo pagão e sua gente ímpia vejam vosso regozijo e o vosso louvor a Deus em sua hora de aflição”.
Os rapazes fizeram justamente isso, e as escrituras dizem que Nabucodonosor ficou “espantado” com o que via. Levantou-se apressadamente, clamando: “O que se passa aqui? Lançamos nós três homens dentro do fogo, porém, vejo quatro e não estão mais atados! Vejam, eles estão cantando e louvando a esse quarto homem”.
Esse é o impacto que nossos louvores trazem durante nossas lutas. Então, como você tem reagido nas horas de aflição? Você está bebendo da taça do tremor, sentindo-se débil, sem poder para resistir ao inimigo? É hora de sacudir as amarras pesadas e levantar mãos santas em louvor ao seu Redentor. Você está livre, não importa qual seja a prova. Então se alegre e se regozije, sabendo que o quarto homem está na fornalha contigo. Cristo se revelará em teu sofrimento, e o fogo queimará todas essas cordas que te atam.
Muito provavelmente você não está sendo provado, mas treinado!
Extratos selecionados do texto “Nem Todo o Sofrimento é uma Prova”, de David Wilkerson.