Servindo ao Senhor

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Watchman Nee (1903-1972)

“Servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens” (Efésios 6:7).

Notemos, a princípio, que aparentemente há pouca diferença entre ministrar à casa e ministrar ao Senhor. Muitos estão fazendo o máximo para ajudar os seus irmãos e estão labutando para salvar pecadores e administrar as questões relacionadas à igreja, mas deixem-me perguntar-lhes: vocês têm procurado atender as necessidades ao seu redor, ou tem procurado servir ao Senhor? Vocês têm em vista o seu próximo ou a Ele?

Sejamos bem francos. Trabalhar pelo Senhor, sem dúvida, tem suas atrações para a carne. Podemos achar isso muito interessante e ficar empolgados quando multidões se juntam para ouvir-nos pregar, e quando muitas almas são salvas. Se precisarmos ficar em casa ocupados o dia inteiro com tarefas seculares, então, pensaremos: “Como a vida é sem sentido! Que bom seria se pudesse sair e servir ao Senhor! Se pelo menos fosse livre para andar por aí pregando ou até mesmo conversando com pessoas a respeito Dele!”.

Isto, porém, não é espiritualidade; é meramente uma questão de preferência natural. Oh! se ao menos pudéssemos ver que o fato de fazermos muitas obras para Deus não implica em que estejamos, de fato, ministrando a ELE! Ele mesmo nos disse que havia uma classe de levitas, que, diligentemente, serviam no templo e assim mesmo não O serviam, mas meramente serviam à casa. Serviço ao Senhor e serviço à casa parecem ser tão semelhantes, que frequentemente é difícil diferenciar entre ambos.

Se um israelita viesse ao templo e quisesse adorar a Deus, aqueles levitas viriam em seu auxílio e o ajudariam a oferecer a sua oferta pacífica e o seu holocausto. Eles o ajudariam a conduzir o sacrifício ao altar e lá o imolariam. Certamente aquela era uma grande obra na qual estariam envolvidos – restaurar pecadores e conduzir crentes para mais perto do Senhor! Deus levou em conta o serviço daqueles levitas, ainda assim, Ele disse que isso não era ministrar a Ele.

O que mais temo é que muitos de vocês saiam, ganhem pecadores para o Senhor e edifiquem crentes, sem, no entanto, ministrar ao próprio Senhor. Temos tanta disposição para atividades, que não suportamos ficar em casa; por isso corremos e corremos para nosso próprio alívio.

Mas o que realmente queremos dizer quando falamos em servir a Deus ou servir ao templo? Eis o que a palavra diz: “Mas os sacerdotes levitas, os filhos de Zadoque que cumpriram as prescrições do meu santuário, quando os filhos de Israel se extraviaram de mim, eles se chegarão a mim, para ME SERVIREM, e estarão DIANTE DE MIM, para me oferecer a gordura e o sangue, diz o Senhor Deus” (Ez 44:15).

Frequentemente, quão difícil consideramos chegar à Sua presença! Recuamos diante da solidão, e até mesmo quando nos separamos fisicamente para isso, nossos pensamentos ainda permanecem vagando. Muitos de nós gostamos de trabalhar entre pessoas, mas quantos de nós se achega a Deus no Santo dos santos?

Entretanto, é somente quando nos aproximamos Dele que podemos ministrar a Ele. Entrar na presença de Deus e nos ajoelhar diante Dele por uma hora demanda todas as nossas forças. Não podemos servir a Ele à distância. Há somente um lugar onde é possível ministrar a Ele, e esse é o Lugar Santo. No átrio exterior nos aproximamos das pessoas; no Lugar Santo nos aproximamos do Senhor.

Parece-me que hoje todos estamos querendo nos movimentar; não conseguimos permanecer quietos. Há tantas coisas demandando a nossa atenção, que estamos constantemente ocupados, não conseguimos parar por um instante sequer. Uma pessoa espiritual, entretanto, sabe como permanecer quieta, consegue permanecer diante de Deus até que Ele torne Sua vontade conhecida. Ela consegue permanecer quieta e esperar Suas direções.

Ninguém pode realmente ministrar ao Senhor e não conhecer o significado desta expressão: “Se chegarão a mim, para me servirem“. Tampouco pode alguém ministrar a Ele sem entender esta expressão: “Estarão diante de mim, para me oferecerem“.

Vocês não acham que todo servo deve aguardar primeiramente as ordens de seu Senhor, antes de procurar servi-lo?

Quanto do trabalho que fizemos foi baseado numa ordem clara do Senhor? Deixem-me dizer-lhes que nada prejudica tanto os interesses do Senhor como uma “coisa boa”. Podemos pensar: “Isso não seria errado” ou “aquilo é a melhor coisa que poderia ser feita”. Assim, seguimos em frente, agindo sem parar para perguntar se isso é a vontade de Deus.

No átrio exterior é a necessidade humana que governa. No Santo dos santos, entretanto, há uma completa reclusão. Alma nenhuma entra. Aqui, nenhum irmão ou irmã nos governa, nem nenhuma comissão determina nossas ações. No Santo dos santos temos somente uma autoridade – a do Senhor. Se Ele designa uma tarefa para mim, a realizo; se Ele nada me designa, nada faço.

Extraído do livro “Doze Cestos Cheios – Volume II”, de Watchman Nee, publicado pela Editora Árvore da Vida (esgotado).

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