O Servo Fiel – 2

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O Servo Fiel – 2 é uma tradução do capítulo 6 do livro “Face to Face“, de Jessie Penn-Lewis.

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Jessie Penn-Lewis (1951-1927)

“E Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo” (Hebreus 3:5).

Continuação do Post Anterior.

3. Seu Incessante Reconhecimento da Responsabilidade de Deus. A perfeita obediência traz perfeito descanso, se tivermos confiança naquele em quem obedecemos. Essa é a razão pela qual devemos aprender a conhecer nosso Deus – para estar certos de que conhecemos Sua vontade e que estamos sob Seu inteiro controle.

Moisés conheceu o Deus que estava obedecendo, e por isso ele não carregou nada da responsabilidade, nem questionou a questão do conflito no qual estava engajado com os dominadores desse mundo. “Moisés clamou ao Senhor”, lemos repetidas vezes, e como resultado, ele falou que Faraó sabia que deveria lidar com Deus, não com ele mesmo. Deveríamos aprender a ser embaixadores de Deus dessa maneira, e ser tão auto-apagados quando entregamos uma mensagem, que as almas para as quais somos enviados saberão que terão que lidar com Deus, não com os mensageiros. Infelizmente, é de se temer que muitos de nós pouco aprendemos os primeiros elementos do serviço espiritual! Estamos tão ocupados com nossa pequena participação, que entramos entre Deus e as almas para as quais Ele nos envia. Mais ainda, tememos dizer: “Assim diz o Senhor”, porque não aprendemos a conhecer Sua vontade.

Faraó também sabia que quando Moisés “clamava ao Senhor”, as coisas aconteciam! “Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco”(Mc 11:24). Não poderia haver nenhum questionamento na mente de Moisés se suas orações estavam ou não dentro da vontade de Deus. “Oh Deus, se for da Tua vontade, remove essa praga”, não seria suficiente em tais circunstâncias. Moisés não foi avisado, em tantas palavras, para orar pela remoção do julgamento, ainda assim, lemos que ele disse a Faraó: “estenderei as mãos ao SENHOR; os trovões cessarão”, e – “cessaram os trovões e a chuva de pedras”(Êxodo 9:29, 33)!

Ignorância a respeito de Deus, de Seu coração e de Sua Palavra escrita, esta é a razão por trás de muitas orações sem objetivo. Como podermos dizer “se for da Tua vontade” quando Ele já revelou plenamente Sua vontade para muitas das coisas pelas quais oramos? Precisamos apontar para Ele Sua Palavra e dizer, reverentemente e com a ousadia da fé, “O Senhor disse”. Ele ainda tem que ensinar a muitos de nós, Suas crianças, a “oração da fé”, que, aquele que pedir de acordo com a vontade de Deus tem qualquer coisa que pedir. Nós mesmos não sabemos orar como convém, mas o Santo Espírito pode nos dar o conhecimento intuitivo da mente do Senhor, que vem de uma caminhada próxima com Ele.

À medida que lemos o registro da maravilhosa vida de obediência e fé que fluiu daquela conversa com Deus no Monte Horebe, as palavras “Moisés clamou ao Senhor” nos encontram em cada rodada. Quando o povo que ele trouxe de tanto sofrimento e conflito se voltou contra ele, seu recurso era Deus. Ousadamente ao servo fiel foi permitido falar com Jeová por repetidas vezes, quando ele devolvia ao Senhor a responsabilidade dos insatisfeitos hebreus.

4. Sua Coragem.Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.”(Hb 11:27). Nos é dito, de forma clara, que a coragem de Moisés derivou de fé, e a breve passagem de Hebreus traz luz a toda a sua história. Cada passo adiante foi o resultado da fé que cresceu, dia a dia, à medida que ele perseverava nas provas que suportou por ter visto Aquele que é visível apenas aos ohos da fé. “Aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6). Moisés abandonou o Egito pela fé – fé que Deus iria até o fim com ele. Fé que Deus iria protege-lo da fúria do rei, que protegeria e proveria tudo que fosse necessário para o grande exército daquelas almas indefesas e indisciplinadas que Ele iria liderar para fora, através daquele deserto desconhecido.

Deus estava se tornando para Moisés uma realidade maior do que “as coisas que se veem”, e cada vez mais ousada se tornou sua caminhada de fé, até que o invisível se tornou mais real e tangível para ele do que o visível. Como ele poderia temer a “ira do rei”, quando ele andara em destemida comunhão com o Rei dos reis?

Pela fé, celebrou a Páscoa e o derramamento do sangue, para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas”(Hebreus 11: 28). Foi a fé de Moisés que trouxe a conexão com o poder de Deus a favor de Israel. Deus havia dito que se o cordeiro fosse morto e o sangue fosse passado nas portas, o destruidor não iria tocá-los. Moisés creu em Deus, e “de acordo com sua fé”, isso aconteceu. Ele não temia quando os julgamentos de Deus estavam acontecendo ao seu redor, porque eles estavam protegidos sob a cobertura do sangue do cordeiro morto.

Que fé maravilhosa! Foi ainda maior que a de Abraão, que tinha fé, primeiro para si mesmo, e então para Isaque; mas Moisés teve fé para a libertação de uma nação.

Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o os egípcios, foram tragados de todo” (Hebreus 11:29). Moisés não tinha medo do perigo ao passar por meio do Mar Vermelho, porque obedeceu o Senhor e ergueu o bordão do Seu poder, estendendo sua mão para o mar. Fé que Deus daria testemunho acompanhando suas ações, e pela fé a obra se tornou perfeita – foi trazida a plena concretização. As águas foram divididas e Israel passou por meio delas como terra seca. Eles passaram por meio dos perigos que se provaram desastrosos para os egípcios que tentaram os seguir.

Ah! Não é assim hoje? Fé pode corajosamente caminhar em uma trilha que seria morte sem a palavra do Deus Vivo. Os egípcios copiaram o andar da fé e se afogaram. Não há uma cópia da fé viva que vá permanecer na hora da provação. Que cada filho de Deus preste atenção a isso! Que cada um possa ver que não deve ousar seguir os passos de outros sem o mandamento de Deus e a certeza da Sua presença no caminho, pois certamente falhará.

Oh fé, tu és em verdade a prova das coisas que esperamos, a evidência das coisas que não se veem! “Se podes! Tudo é possível ao que crê. Ajuda-me na minha falta de fé!”

Por último, vamos notar brevemente a humildade de Moisés, conforme mostrado de forma surpreendente na sua atitude diante de Jetro, quando este veio a ele no deserto com Zípora e seus dois filhos. Moisés diz a ele o que Deus havia feito e Jetro se alegrou. Então, ele encontra Moisés envolvido em buscar resolver disputas entre as pessoas, e sugere um plano onde o trabalho seria dividido com outros, acrescentando, “Se isto fizeres, e assim Deus to mandar, poderás, então, suportar”(Ex 18:23). Moisés não rejeitou o conselho de Jetro, porque ele foi pessoalmente guiado por Deus para isso, e a forma que ele recebeu a sugestão, nos ensina que a alma que tem mais profundamente aprendido a conhecer a Deus está pronta para ouvir a outros com atenção e respeito.

Vemos também como Jetro estava realmente conectado à cadeia de eventos que conduziram Moisés mais e mais perto do Monte da comunhão “face a face”. Quão desorganizado teria ficado o acampamento quando Moisés foi por quarenta dias para estar com Deus, se não fosse pelo sábio conselho de Jetro e o espírito ensinável de Moisés, o fiel servo de Deus.

Continue lendo a série aqui.

Jessie Penn-Lewis (1851-1927) nasceu no País de Gales, em uma família metodista calvinista. Sempre teve uma constituição física frágil, estando constantemente muito doente. Penn-Lewis foi muito impactada pelo ministério de Evan H. Hopkins, quando lhe foi apresentado o caminho da vitória por meio da Cruz de Cristo. Ela tinha um forte encargo com a mensagem da identificação do crente com o Senhor na Cruz, para manifestar o poder de Sua morte e ressurreição. Sua contribuição foi grande no sentido de reavivar entre os crentes a verdade da vida interior e da mensagem da Cruz. Assim como Madame Guyon, Fénelon e outros místicos cristãos, ela enfatiza fortemente em seus escritos a necessidade de uma vida interior de oração e contemplação do Senhor Jesus, e uma experiência subjetiva da Cruz. 

Jessie Penn-Lewis era casada, mas não teve filhos. Apesar de enfrentar diversos períodos de severas enfermidades, ela ministrou sua mensagem em vários países como Índia, Canadá, Rússia e Egito, pregou na Convenção de Keswick, iniciou a publicação da revista The Overcomer (O Vencedor), e publicou livros e artigos sobre diversos assuntos. 

Penn-Lewis foi contemporânea de G. Campbell Morgan, F. B. Meyer, A.B. Simpson e T. Austin-Sparks. Em 1934, Watchman Nee afirmou que “durante os últimos anos, quase todas as mensagens comentadas entre os crentes espirituais têm sido ensinamentos de Jessie Penn-Lewis”.  

Para conhecer mais a respeito do encargo e mensagem de Jessie Penn-Lewis, é possível ler ainda hoje edições da Revista O Vencedor. Os livros “Guerra contra os Santos” e “A Cruz, o caminho para o reino” foram publicados no Brasil pela Editora dos Clássicos.

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