As Sutilezas da Vida do Ego (Parte 2)

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A.B. Simpson (1843-1919)

“Disse Samuel: Traze-me aqui Agague, rei dos amalequitas. Agague veio a ele, confiante; e disse: Certamente, já se foi a amargura da morte. Disse, porém, Samuel: Assim como a tua espada desfilhou mulheres, assim desfilhada ficará tua mãe entre as mulheres.  E Samuel despedaçou a Agague perante o SENHOR, em Gilgal” (1 Samuel 15:32-33).

Completo Extermínio

Deus determinou que a raça de Amaleque e a casa de Agague fossem completamente exterminadas. Eles não deveriam ser poupados, mas inteiramente destruídos. Essa era uma questão inegociável. Não havia nada de bom neles.

Esse é o decreto de Deus contra a carne em nós. Ela não pode ser limpa, melhorada, cultivada ou educada dentro de certos ideais e princípios. Ela deve ser exterminada.

O que é a carne? Será que ela é um princípio mau no homem? Será que ela é algum mau em nosso exterior ou interior, que pode ser cortado como um tumor?

“Por isso, a mente pecadora é hostil contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Aqueles controlados pela natureza pecaminosa não podem agradar a Deus. Vós, porém, não sois mais controlados pela natureza pecadora, mas pelo Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós” (Rm 8:7-9 – tradução da versão utilizada pelo autor).

Todo o homem que não tem o Espírito de Deus está na carne. Tudo fora do Espírito de Deus é carne. Portanto, a carne não é simplesmente a parte pecaminosa da natureza humana, mas o todo da natureza humana. Ela é a raça Adâmica, o homem natural. Podemos dizer que todas as criaturas estão corrompidas e poluídas. A árvore está tão torta, que não pode ser endireitada sem ser cortada em duas. O tumor está tão entretecido com a carne, que não é possível tirá-lo sem matar o homem.

Não há remédio ou esperança. A velha vida deve ser entregue e a nova criação, totalmente nascida do céu e batizada com o Espírito de Deus, deve tomar o seu lugar como a vida ressurreta e como uma experiência tão sobrenatural e Divina, de sorte que o seu possuidor possa afirmar: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20).

Não tente santificar a carne ou reconstruir o reino dos céus usando como base o reino do inferno. Não se trata de uma evolução, mas uma nova criação. Não é uma questão de moral e educação, mas um milagre de graça e poder. Não assuma riscos com o velho homem, pois ele vai te decepcionar. Você pode pensar que treinou uma águia para agir como uma pomba, mas no momento em que menos suspeitar, seu bico será cravado na tua carne. Teu pequeno lobo pode ter a aparência de um cordeiro, mas em uma hora difícil, ele vai destruir todos os teus cordeiros e talvez rasgar todos os teus membros.

Acordo com a Carne

Vemos, então, a tentativa do homem de fazer um acordo com a carne e desconsiderar o decreto de Deus que determina seu completo extermínio. Saul poupou Agague para que o pudesse usar para aumentar o impacto de seu triunfo diante de seu povo. Ele manteve o melhor do espólio ostensivamente, para que pudesse sacrificar para o Senhor.

Ele obedeceu ao mandamento de Deus até certo ponto. Em certo sentido, ele derrotou Amaleque – Saul fez tudo o que Deus disse que deveria fazer, até onde concordava. Entretanto, ele tomou seu próprio caminho quando era de seu interesse. Sua obediência, portanto, não era uma verdadeira obediência a Deus, mas era uma obediência a seu ego. Ele retornou com o suficiente da carne para destruir todo o valor do seu serviço.

A essência da desobediência é a transigência, e a pior coisa sobre isso foi que ele tentou usar o mau para um uso bom. Foi um insulto diante da face dos céus trazer o que era proibido, desafiando Deus ao oferecer, como oferta ao Senhor, aquilo que Ele condenava. Esse é o espírito da cultura da religião moderna: “Não vá tão longe. Não seja extremista. Não seja puritano. Pegue leve. Seja liberal. Vá até a metade do caminho do mundo. Aceite o pecador na igreja porque você pode fazer bom uso do seu dinheiro. Coloque aquela cantora ímpia, de linda voz, no coral, porque ela vai trazer todos os seus colegas de trabalho para ouvi-la cantar. Acompanhe seu marido em suas programações mundanas e ele irá ao culto com você no domingo”.

Isso não faz sentido! O diabo vai sempre tentar tirar o melhor proveito de você, em um contexto tão desigual, que ao invés de salvar seu marido, ele te arrastará para o nível dele. A cantora profissional no coral, ao invés de trazer seus amigos para a influência da igreja, trará a igreja ao nível de seu grupo, tornando-a um clube e casa de concertos. O dinheiro do pecador vai moderar o tom de sua pregação, para que seja confortável à Sodoma, e o vício e o pecado se assentarão despreocupados ali, até mesmo ao ponto de se considerarem o pilar e apoio da causa de Cristo.

Você pensa que Deus aceitará tal serviço? Aquele que é dono dos tesouros do universo, Aquele que pode criar uma montanha de ouro num piscar de olhos, que pode enviar milhares de anjos para cantar nos Seus santuários, aceitaria um dinheiro ou serviço tão contaminado? Será que Ele vai implorar ao santuário do diabo, pedindo sua permissão para deixar ir seus cativos para que sejam salvos? Absolutamente não! Oh, que tivéssemos a espada de Samuel para cortar em pedaços os acordos feitos aqui na terra, que são uma ofensa para o céu e uma desgraça para a noiva do Cordeiro!

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Tradução do capítulo 6 – “The Subtleties of the Self-Life” (As Sutilezas da Vida do Ego), do livro “Christ in you” (Cristo em vós), de A. B. Simpson.

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