D. M. Panton (1870 – 1955)
“O Espírito e a noiva dizem: Vem!” (Ap 22;17).
1 – O Espírito Santo
Primeiramente vamos aprender sobre o que está na mente do Espírito Santo: “O Espírito e a noiva dizem: Vem!” (Ap 22;17). Essa é (dentro do que conheço) a única descrição de uma oração do Espírito Santo. No texto de Apocalipse vemos a essência da oração dAquele mesmo Espírito que ora “com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26). Ao Se expressar, vemos que a essência de Sua oração é: VEM!
O significado disso é extraordinário. O Espírito Santo tem uma miríade de formas de afetar o mundo para melhor, e ainda assim, vemos que Sua oração é: Vem! Ele sabe perfeitamente tudo a respeito da evolução, do progresso, do reavivamento e de todo o avanço do Evangelho. Ainda assim, Sua oração continua sendo: Vem! Ele conhece os recursos inesgotáveis, os poderes de Deus ainda não revelados, os planos mais secretos do Pai, e ainda assim, Sua oração é: Vem!
O Espírito Santo não conhece outra solução para o problema do universo, que não seja o Segundo Advento de Cristo; e esta é a Sua oração mais elevada. Assim, quanto mais estivermos cheios do Espírito de Deus, mais seguros estaremos para orar Sua oração.
2 – Nosso Salvador
A seguir aprendemos mais sobre os pensamentos do Senhor a respeito desse assunto. Ele diz: “vós orareis assim…venha o teu reino” (Mt 6:10).
“Mais do que nunca, nesses últimos dias, essa oração deve ser a primeira e a última das orações da Igreja, porque tudo o que ela deseja para si mesma, pelo mundo, e pelo seu próprio Senhor é resumido nisso” (Dr. H. Bonar – 1808 – 1889).
Orar pelo Reino é a mais prática de todas as orações possíveis, porque não existe outro caminho pelo qual a salvação política e social do mundo possa ser forjada, e o amor de Deus pelo mundo possa ser finalmente consumado.
Lord Safterbury (1830 – 1872), que formou mais melhorias sociais por essa geração do que qualquer outro homem, disse: “Não há remédio para toda essa miséria em massa, que não seja o retorno do Senhor Jesus Cristo. Por que não pleiteamos por isso toda a vez que vemos a hora passar no relógio?”
“O próprio Senhor”, nas palavras de Canon Simpson, “nunca nos mandaria orar: Venha o Teu Reino, se as estações, que nenhum homem conhece, fossem fixadas tão irrevogavelmente a ponto de nossos esforços não poderem apressar, ou nossos pecados retardar, as rodas de Sua carruagem”. Se o discípulo Judeu deve orar para que sua fuga não aconteça no Sábado ou no inverno (Mt 24:20), e assim pode modificar não somente o dia da semana, como também a estação do ano desse acontecimento, muito mais está no poder da Igreja para “esperar e APRESSAR a vinda do Dia de Deus” (2 Pd 3:12).
3 – Os Apóstolos
Vamos conhecer um pouco dos pensamentos dos Apóstolos. Jesus disse: “Certamente, venho sem demora”. “Amém”, clamou João: Aceito a doutrina, seguro firme na promessa, me regozijo na rapidez: “Vem, Senhor Jesus!” Essa é a última oração registrada de um Apóstolo; e a última e coroada oração da Bíblia. É a última oração do último Apóstolo do Cordeiro: todo o canon de inspiração se encerra com um apelo direto para Cristo voltar.
Essa é a última oração de João e felizes seremos se, adormecendo, essa for a última oração dos nossos lábios.
“Haverão dias de trabalho duro antes da consumação dos tempos, mas os sinais são tão encorajadores para mim, que não ficaria incrédulo se visse a asa de um anjo apocalíptico se espalhar em seu último voo triunfal no pôr do sol do dia de hoje. Oh, Igrejas Mortas, acordem! Oh Cristo, desce! Templo marcado com cicatrizes, tome a coroa! Mãos traspassadas, tomem o cetro! Pés feridos, pisem no trono! Seu é o Reino!” (Dr. Talmage – 1870 – 1832).
4 – A Igreja
A seguir vamos conhecer o que estava nos pensamentos da Igreja Apostólica: “O Espírito e a noiva dizem: Vem!” (Ap 20:17). Em todo tempo, essa oração nunca cessou; mas apenas na descrição de João, no final do livro de Apocalipse, a Noiva, como um todo, orou assim.
“Certamente venho sem demora”. A respeito disso, Sir Robert Anderson disse: “essas são as últimas palavras registradas de Cristo, e o seu cumprimento espera a resposta do Seu povo: ‘Amém, Vem Senhor Jesus’. Não existe uma Igreja na Cristandade que pode corporativamente orar essa oração hoje”.
Antevendo isso, quão impressionante é o fato de que o Espírito Santo imediatamente adiciona: “Aquele que ouve” – aquele que tem ouvidos para ouvir, porque tem uma vida vitoriosa – “diga: Vem!”. ESSA É A ORAÇÃO COLOCADA NOS NOSSOS LÁBIOS POR UM MANDAMENTO DIVINO. Isso quer dizer que, quando nossa oração corporativa falhar, infinitamente mais urgente se torna a oração individual; e ainda que a oração corporativa continue, Deus não está contente a não ser que cada um acrescente suas próprias palavras ao ‘Vem’**.
Assim cada interpretação da profecia, que encara essa oração como errada, inapropriada, ou inoportuna, condena a si mesmo, e cada argumento que silencia essa oração bloqueia a oração do Espírito Santo através de nós. Cada afastamento dela em nosso próprio coração é uma obra da carne.
“Tão logo o Senhor alcançou a soleira da Casa do Pai, Ele gritou de volta: Certamente Eu venho sem demora; e a Igreja não vai entrar no arrebatamento que tanto deseja, até que venha a responder: ‘Amém, Vem Senhor Jesus” (Dr. Seiss – 1823 – 1904).
** [Essa palavra relacionada àquele que ouve permanecerá vigente em sua plena força, mesmo depois que os cristãos que vigiam ou toda a Igreja forem arrebatados. A vinda de Jesus é, para Israel também, o grande ponto de esperança.”- Govett]
5 – Nós Mesmos
Então, vamos aprender um pouco da nossa própria necessidade. Todo o desejo santo e baseado nas Escrituras é o verdadeiro combustível da oração; e o risco que sofremos é de estarmos tão preocupados com a doutrina do Advento, que acabaremos nos esquecendo de orar.
Em vinte e quatro volumes do “Quarterly Journal of Phrophecy” (Jornal Trimestral da Profecia – 1849 a 1873), não existe um único artigo sobre a oração pela Sua Vinda.
Será que não significa nada para nós o fato de que o Senhor deseja voltar? Por que Ele estaria voltando sem demora, se isso não fosse acelerado por um desejo?
“Muitos Cristãos não percebem que o Senhor está esperando até que Ele seja convidado pelos Seus para voltar: nós podemos ter necessidade de ser estimulados, Ele não” (W. Lincoln).
E se nossa consciência nos intimida com o risco de não estarmos com a alma completamente preparada para o Tribunal de Cristo, vamos encarar essa dificuldade oferecendo diariamente uma incessante oração – para que possamos nos tornar preparados em vida e caráter, para que possamos vê-Lo em plenitude de alegria [1 Jo 2:28]. Essa é uma oração de purificação de si mesmo [1 Jo 3:3).
Que possamos aprender a dizer as palavras douradas do antigo Puritano, Baxter (1615 – 1691): “Apressa, Oh meu Salvador, o tempo do Teu retorno! Não se demore, para que os vivos não abram mão de sua esperança; não se demore, para que a terra não se torne um inferno e Tua Igreja seja desfeita como pó. Oh, apressa esse grandioso dia da ressurreição, quando os túmulos que receberam a podridão, e retém apenas pó, possam retornar para Ti como os gloriosos sol e estrelas. Tua Noiva desolada diz: Vem! Toda a criação diz: Vem, ainda assim, vem, Senhor Jesus.”
[Devemos nos lembrar também que o arrebatamento, o primeiro ato de reação de Deus, pode precipitar vida para aquelas almas ainda não salvas [e ‘deixadas’ (1 Ts 4:17)], pelas quais nossa ansiedade nos faz hesitar em orar essa oração].
6 – Nossos Corações
A próxima coisa que precisamos aprender é a lição de um coração plenamente santificado. Um livro inteiro da Bíblia é reservado para expressar a encarnação do clamor do coração da Noiva e do Noivo um pelo outro.
Esperando, a Noiva subitamente clama: “Ouço a voz do meu amado; ei-lo aí galgando os montes, pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo ou ao filho da gazela” (Ct 2:8,9). As duas mais modestas e velozes criaturas das montanhas. Ele responde: “Levanta-te [ressurreição], querida minha, formosa minha, e vem [arrebatamento]. Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi; aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra… Pomba minha [Veja Is 60:8], que andas pelas fendas dos penhascos, no esconderijo das rochas escarpadas” – esse é o ponto mais alto da Parúsia. E então, vemos o clamor da noiva de volta, em palavras que encerram essa canção: “Vem depressa, amado meu, faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela, que saltam sobre os montes aromáticos” [Ct 8:14].
Nas palavras de Robert Murray McCheyne (1813 – 1843): “O dia da eternidade está surgindo no leste. Oh, irmãos, vocês sabem o que é ansiar por Ele – clamar, Vem Depressa, amado meu?”
Um amigo um dia me escreveu: “Sempre sinto desejo de me prostrar e chorar com plena alegria, quando ouço o lindo hino da Srta. Havergal – ‘Tu estás vindo, oh meu Salvador’”.
7 – A Criação
Finalmente, aprendemos sobre a mente inconsciente do mundo. “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”, esperando “revelação dos filhos de Deus” [Rm 8:22; 19]. Você pode dizer, “A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã” [Sl 130:6]?
“Seu coração salta quando pensa que Cristo, sempre presente, está se aproximando mais e mais de nós? Todos os sinais dos tempos, intelectuais e sociais: o estado miserável de muitas vidas; a abundância de luxúria, a terrível depravação que se ostenta, descarada e sem restrições, diante de nós. Todas essas coisas clamam a Ele, cujo ouvido não é surdo – ainda que nossas vozes não se juntem a esse clamor – e implorem para que Ele venha” (Dr. Alexander Maclaren – 1926 – 1910).
Todas as necessidades da criação podem ser resolvidas apenas com o Advento.
“Nessa oração está agregado tudo o que o coração Cristão pode desejar: a destruição do poder de Satanás; a libertação da criatura dos grilhões da corrupção; o pecado e o sofrimento banidos do coração de cada indivíduo e do mundo; a restauração de todas as coisas; o estabelecimento do reino de justiça; Jesus vendo o fruto do penoso trabalho de sua alma, a outorga a Ele em plenitude da Sua recompensa prometida. Que cada membro da Igreja militante possa se unir com o Apóstolo nesse anseio e clamor: ‘Amém, Vem, Senhor Jesus’” (Dr. E. R. Craven – 1824 – 1908).
Bispo J. C. Ryle (1816 – 1900) disse: “’Vem, Senhor Jesus‘, deveria ser nossa oração diária”.
Que possamos clamar juntos, enquanto nosso sopro de vida durar, sem sequer um dia de interrupção, “Ora, Vem, Senhor Jesus”!
Tradução de texto homônimo de D. M. Panton extraído do site The Millenial Kingdom (www.themillenialkingdom.org.uk).