T. Austin-Sparks
“Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co 15:25).
A Compreensão de Paulo da Igreja e sua Preocupação com as Igrejas
Acredito que a visão de Cristo no trono foi a chave para que Paulo pudesse compreender a Igreja. Paulo, talvez, tenha sido a pessoa que teve a maior compreensão e entendimento da Igreja de ‘eternidade a eternidade’. Ele conseguiu voltar direto aos conselhos Divinos, ‘antes da criação do mundo’, e a ver a igreja lá no coração e propósito de Deus. A partir dali, ele a vê na grande consumação por todas as gerações. Realmente o Apóstolo Paulo teve uma maravilhosa compreensão da Igreja.
Mas, de todas as coisas que ele disse, a mais elevada e mais plena, a mais completa expressão do sentido e vocação da Igreja está contida e sumarizada nessa frase sem igual: “Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós (na Igreja), a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre” (Ef 3:20,21).
“Glória na Igreja” – qual gloria? A glória do Cristo glorificado! Eu poderia permanecer muito tempo nesse assunto da Igreja e sua eterna vocação e eleição para ser um vaso para conter a glória de Cristo. João viu isso no final, em um simbolismo característico a ele, nos termos da Cidade Santa, que é simplesmente a glória de Cristo finalmente expressa. Foi para isso que a igreja foi escolhida; e é para isso que ela é chamada – para ser um vaso, o assento dessa autoridade, desse governo, dessa glória. Cristo em glória deu a Paulo a chave para compreender a igreja, e uma explicação crescente de seu sentido.
Essa mesma coisa foi levada em consideração em sua preocupação pelas igrejas. Ninguém vai questionar o fato de que Paulo tinha uma tremenda preocupação com as igrejas [2 Co 11:28]. Ele disse que ele sofria dores de parto por elas [Gl 4:19], orava dia e noite [ 1 Ts 3:10; 2 Tm 1:3], sentia falta dos irmãos [Fp 1:8]. De fato ele se gastou pelas igrejas [2 Co 12:15]. Mas, por que? Qual era o motivo? O que o levou a isso? Ah, era glória de seu Senhor Jesus! As igrejas existiam para a glória de Cristo. Ele disse isso. Era tudo por uma coisa – A GLÓRIA DE CRISTO. E se houve algum desvio, se houve algo que não estava indo bem na Igreja, ou nas igrejas; se algo poderia ser feito para ajuda-las, tudo era motivado por uma coisa: que o Senhor Jesus pudesse ser em todas essas coisas glorificado.
Mas, se passamos para o fim de tudo isso, e olharmos para os escritos de Paulo sobre a volta do Senhor, o que é mais elevado em relação a essa vinda? É o final dos problemas? Será que é o seu próprio prazer e alegria de ir para o céu? Oh não, é o reino do Seu Senhor, o fato de que Seu Senhor está vindo para os Seus, vindo para o Seu reino, vindo receber Seus direitos, vindo para o lugar que Ele merece, para receber aquele lugar universalmente – essa é a grande coisa que vai acontecer, aquilo que vai vir à luz e trazer à tona todas as outras coisas. “Ele precisa reinar”.
Extraído do Capítulo 8 do livro “Men Whose Eyes Have Seen the King” – de T. Austin-Sparks