Gino Iafrancesco
“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas 3,4).
Como já dissemos, temos que compreender A Diferença entre Fundamento e Edificação e saber que Devemos Contender pelo Fundamento, não pela Edificação.
Na carta de Judas, há um chamado de Deus para contenderemos por certos assuntos relacionados ao Fundamento, a respeito dos quais a Igreja precisa ter muita clareza, pois são centrais para ela:
“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos…” – aqui vemos o Espírito Santo trabalhando, inspirando Judas, dando-lhe o encargo para escrever. Ele sentiu que deveria exortar os irmãos a batalharem pela Fé que foi dada de uma só vez aos santos, para todo o sempre. Esse é o Fundamento posto, que não pode ser trocado. Mas, por que Judas se sentiu obrigado a escrever? “Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo”.
Nesses versículos da Carta de Judas, inspirados pelo Espírito Santo, encontramos um mandamento para contendermos pela Fé, e isso inclui os seguintes assuntos:
A Comum Salvação que procede da Fé que uma vez por todas foi dada aos santos, da parte de nosso Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, e isto é a Graça de Deus.
Aqui estão elementos importantes ou elementos chave:
- O primeiro Elemento é Deus. Esses versículos mostram que os homens ímpios negam a Deus. Deus e tudo que se relaciona à Ele, à Sua existência e à Sua revelação.
- O segundo Elemento é o Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo o que se relaciona a Jesus Cristo, como o Filho de Deus, como Deus e homem verdadeiro, como Messias prometido, tudo sobre Ele é Fundamental.
- Outros três Elementos: A Fé que de uma vez foi dada aos santos; A Graça de Nosso Deus; A Comum Salvação. Deus, por meio de Jesus Cristo, através da pessoa e obra de Jesus Cristo, realizou, por Graça, uma obra de Salvação para todos nós. Isso é motivo para contendermos, porque é Fundamental.
Se alguém nega a Deus, se nega a Jesus Cristo, se alguém perverte a doutrina apostólica da Bíblia acerca Dele, apresentando outro “Jesus”, isso é muito sério. Se alguém apresenta outra maneira de ser salvo, outro “evangelho de salvação”, o que tem relação com a comum Salvação, com a Graça, isso é perverter ou negar o que é fundamental. Se alguém pensa que pode salvar-se por outro meio, que não seja exclusivamente por meio de Jesus Cristo, Sua obra e Sua graça, esse alguém está fora do Fundamento.
Nessas coisas a Igreja deve ter muita clareza:
- Deus, por meio de Jesus Cristo, através da pessoa e obra de Jesus Cristo, realizou por meio da Graça, uma Obra de Salvação para todos nós;
- O Senhor Jesus é o Filho de Deus, que também é o Filho do Homem, que é Homem verdadeiro e que viveu sem pecado.
- Jesus Cristo morreu por nossos pecados na cruz, mas ressuscitou integralmente e está sentado à destra do Pai. Ele enviou o Seu Espírito.
- Hoje, Jesus Cristo é Senhor e Sumo Sacerdote de nossa fé e voltará a esta Terra.
- A Salvação é através da fé no Senhor Jesus Cristo.
Nestas coisas a igreja é exortada pelo Espírito Santo a ter diligência, a contender.
Quais seriam os Assuntos que não Devemos Contender?
Romanos 14:1: “Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (ARC).
Nesse texto, Paulo está se referido a alguém que está na Fé. Contudo, alguns elementos o deixaram doente… mas ainda assim a Palavra é: “Recebei-o”. Paulo não está contradizendo João. Precisamos ter clareza de quais assuntos fecham ou não nossas portas.
Nesse capítulo 14 de Romanos, os assuntos que são tratados são diferentes daqueles que são fundamentais. Tratam-se de assuntos que levam alguém a crer em Cristo de uma maneira misturada, apesar de essa pessoa estar na Fé, em Cristo, crendo em Jesus Cristo. Tais pessoas, apesar de crerem em Cristo, também crêem em alguns assuntos, que levam a misturas.. são elementos estranhos em que alguns ainda creem, além de crerem em Cristo, e que por isso não tem plena confiança no Senhor. Parece que não podem comer algum tipo de carne, ou precisam guardar o sábado, etc.
De fato, encontramos muitas opiniões diferentes na Igreja. O Senhor tem filhos com diferentes dúvidas. Mas todos os que foram recebidos por Ele são Seus filhos. Quem disse que os filhos de Deus nunca poderiam ser ignorantes com respeito a algum determinado tema, terem dúvidas ou diferenças de apreciação acerca de certos assuntos? O Apóstolo Paulo disse: “Até que todos cheguemos à unidade da fé” (Ef 4:13), porque isso ainda não tinha ocorrido.
No tocante ao Fundamento, não damos margem para tolerar ou conviver com coisas estranhas à ele. Na Edificação, existem muitas diferenças de opiniões, preferências, ângulos. Uns trabalham para um lado, outros para o outro. Uns tiveram certas influências, outros tiveram outras.
A Igreja é real. Precisamos edificar a Igreja Real, não a “Igreja Ideal”, aquela que nós queríamos que tivesse nossos afetos individuais, nossas opiniões, nossos sentimentos, nossos escrúpulos, nossas liberdades.
Vemos como o diabo distrai o povo do Senhor com essa classe de questões de opiniões pessoais. Nós devemos estar crescendo em Cristo, aprofundando-nos no Essencial, e enfatizando isso sempre. Isso não quer dizer que precisamos aprovar tudo. Não, não! Você deve edificar o melhor que você sabe, e deixar o outro edificar o melhor que ele sabe. Queira conviver sobre o Fundamento, mas, ao mesmo tempo, seja maleável com a diversidade das coisas que existe na Edificação.
Extraído do livreto esgotado: “A Relação entre Fundamento e Salvação, Edificação e Galardão”, de Gino Iafrancesco, publicado pela CCC Edições.