“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?” (João 11: 25,26)
“Prossigamos para o bem conhecido capítulo 11 do Evangelho de João. Aqui, Betânia está novamente em foco. Dessa vez, a ressurreição de Lázaro é apresentada. Não passaremos por toda a história, tratando dos detalhes, mas simplesmente vamos passar rapidamente para a conclusão. Betânia, neste caso, tornou-se a cena, a esfera de manifestação do poder da ressurreição, da vida de ressurreição.
Aqui, vemos uma ilustração da Igreja que o Senhor está edificando. Pela Epístola de Paulo aos Efésios, a “Epístola da Igreja”, sabemos que Deus “nos deu vida juntamente com Cristo”(Ef 2:5). A Igreja é o vaso no qual o poder de Sua ressurreição é exibido; e, de novo aqui, não somente testificamos do fato, da doutrina, mas vemos uma expressão do Seu poder de ressurreição exibido na vida dos Seus. Esse é um dos propósitos do Senhor quando trouxe à existência a Sua Igreja. Nela, Ele pode manifestar o Seu poder de ressurreição.
Quando reconhecemos isso, e nos consagramos a Ele, nossa responsabilidade termina – se isso brota de fato de nosso coração – ali o Senhor iniciará Sua obra. Não seremos capazes de ressuscitar a nós mesmo assim como não podemos crucificar a nós mesmos. Entretanto, podemos reconhecer a mão do Senhor em seu tratamento conosco tendo isso em vista. A fim de mostrar o Seu poder de ressurreição, Ele irá, frequentemente, adotar conosco a atitude de deixar que as coisas se desenvolvam muito além do que qualquer poder humano possa remediar ou salvar – Ele permitirá que as coisas cheguem a tal ponto que não haja nenhum outro poder em todo o universo que possa salvar a situação. Ele permitirá que a morte e a desintegração atuem de tal maneira que nada, nada no universo, poderá fazer algo, a não ser o Poder da Sua ressurreição.
Assim chegaremos ao lugar que Abraão chegou, e no qual ele se tornou a grande prefiguração da fé que leva diretamente para a ressurreição: “Considerou seu próprio corpo já como praticamente morto” (Rm 4:19 – versão usada pelo autor). Esta é a frase empregada pelo apóstolo acerca de Abraão: “Já praticamente morto”. Paulo também chegou a esse ponto: “Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” (2 Co 1:9).
Quando pensamos em qualquer outra coisa que os homens sejam capazes de fazer na esfera da criação, seus recursos terminam na morte – já não podem fazer mais nada. A ressurreição é um ato de Deus e somente de Deus. Os homens podem fazer muitíssimas coisas enquanto existe vida, mas quando não há vida, somente Deus pode fazer algo. Deus permitirá que a Sua Igreja e Seus membros cheguem muitas vezes a tais situações, que sejam completamente além de toda a ajuda humana, a fim de que Ele possa dar a demonstração, que é a Sua própria demonstração, na qual nenhum homem tem qualquer lugar para se gloriar.
Assim disse o Senhor Jesus: “Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado” (Jo 11:4). Glorificado! Será que temos nos entregado a uma linhagem de desespero humano… quão vagarosos somos para aceitá-lo quando ele está ocorrendo. Quando as coisas chegam a uma situação desesperadora, damos coices para todo lado e pensamos que tudo deu errado. Entretanto, não passa pela nossa cabeça que para o Senhor tudo esteja dando muito certo! Sim, a situação é desesperadora, mas ela dará ao Senhor suprema oportunidade para levantar Seu testemunho de preeminência!
Quando, por fim, na eternidade, lermos a história da Igreja, veremos tudo pelo qual ela passou, e teremos que confessar que nenhuma instituição humana e nada produzido pelo homem poderia ter sobrevivido ou poderia ter passado por aquilo que os santos passaram. Quando tudo for visto à luz da eternidade e considerado pelos verdadeiros padrões espirituais, nós diremos que ninguém, a não ser o Deus Todo-Poderoso poderia ter alcançado aquilo e poderia ter levado a Igreja ao alvo – que ela tenha se tornado o veículo da expressão da suprema grandeza do Seu poder (Ef 1:19)”.
“E qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro” (Ef 1:19,20).
Baseado no livreto “Betânias Verdadeiras” de T.Austin-Sparks (partes entre aspas são citações diretas do livreto)