O Reino Falsificado de Satanás – A Vida do Ego – Parte 1

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“O reino falsificado de Satanás” é a primeira parte do artigo “A Vida do Ego”, que é a tradução do capítulo 5 – “The Self Life (A Vida do Ego), do livro “Christ in you(Cristo em vós), de A.B. Simpson. Você pode ler aqui as parte 2 – A Escolha do Coração Humano e parte 3 – Os Testes de Saul.

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A. B. Simpson (1843-1919)

“Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações” (1 Sm 8:4,5).

Saul e o Reino falsificado de Satanás

O lugar de Saul na história do Antigo Testamento é muito significativo, e, creio que tipifica grandes verdades espirituais. É reconhecido que a redenção de Israel do Egito prefigurava a redenção da humanidade por meio da cruz do Calvário. Também é admitido, sem questionamentos, que o triunfo de Josué e a conquista de Canaã apontavam para o batismo de Pentecostes, a bênção da igreja apostólica e o profundo descanso que o Espírito Santo traz ao Cristão de forma pessoal.

O período negro da queda, registrado em Juízes, e os primeiros capítulos de Samuel tipificam a era das trevas do Cristianismo. A reforma sob Samuel poderia ser comparada com a nossa Reforma Protestante e o reavivamento da Igreja das amarras das trevas e superstições da era Medieval. Os reinos de Davi e Salomão são representativos do trono milenar de Cristo.

Mas, qual é o sentido do estranho parêntesis representado pela via de Saul? Acredito que representa o reino falsificado que Satanás está tentando estabelecer sobre o trono do egoísmo e orgulho humanos – o governo do anticristo.

Mas, enquanto esse é o sentido dispensacional da vida de Saul, essa vida ainda tem uma aplicação mais solene e pessoal para cada Cristão. É a temerosa lição que o Senhor nos dá do poder e perigo da vida no ego e da necessidade de sua plena crucificação, antes que possamos entrar no verdadeiro reino de vitória e poder espirituais.

“Constitui-nos, pois, agora, um rei!”

Estamos no próprio espírito do ego quando vemos o motivo que impeliu o reino de Saul. Samuel reconheceu isso pelo que realmente era – a rejeição de Deus como o Rei supremo de Israel, e um desejo presunçoso de querer ser independente do controle divino. “Constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe”, eles disseram, “como o têm todas as nações” (1 Samuel 8:5). Não é de se admirar que isso não agradou a Samuel. Quando ele orou, Deus respondeu: “Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele” (8:7).

Samuel advertiu os Israelitas a respeito dos direitos e problemas que o rei poderia trazer para eles: “Então, naquele dia, clamareis por causa do vosso rei que houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia” (8:18). Mas as advertências de Samuel não tiveram proveito. “Não! Mas teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas as nações; o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras” (8:19-20).

Esse é o mesmo espírito do filho pródigo, quando disse ao seu pai para lhe dar a parte que lhe cabia na herança. Independência é a raiz do pecado humano, e se desenvolve sempre em conformidade com o mundo. É o extenso, auto-declarado e dominante “eu” que será o deus.

Portanto, a entrega é o primeiro passo para a nova vida. Tudo deve ser entregue a Deus, inclusive as coisas que em si mesmas são inofensivas. Por que? Por nenhuma outra razão, além de provar que nossa vontade é completamente entregue e que Deus é tudo em todos.

Leia aqui a próxima parte deste artigo


Albert Benjamin Simpson (1843-1919) foi um pastor e escritor canadense. Simpson cresceu em meio à rígida tradição puritana e recebeu seu treinamento teológico em Toronto. Logo que concluiu seus estudos, foi ordenado pastor de uma das maiores congregações presbiterianas do Canadá. Aos 30 anos, deixou o Canadá e assumiu o púlpito da maior igreja presbiteriana de Louisville, no Kentucky/USA. Ali seu encargo pelo evangelismo começou a despertar, mas ele sentia que algo ainda lhe faltava, lutava com problemas de amor próprio, egoísmo e auto-confiança, e ansiava por vencer esses pecados em sua vida. Durante uma campanha com Major Whittle, do Exército da Salvação, ele viu e ouviu pregações com poder e manifestação da presença de Cristo, levando-o a experimentar um enorme vazio, algo que preparou o caminho para sua experiência mais marcante: da suficiência de Cristo. Em 1880 foi chamado pela Igreja presbiteriana da Thirteenth Street, em Nova Iorque, quando começou a sentir um encargo forte pelos pobres de seus arredores. Sofrendo enfermidades desde sua infância, era as vezes impedido por elas de até mesmo de concluir uma pregação. Então, Simpson experimentou a cura divina, parte integrante de sua ministração. Seu trabalho missionário cresceu, e com o tempo, ele estabeleceu um lar para pobres, alcoólatras, abrigo para mães solteiras e um orfanato, além de enviar missionários para diversas regiões do mundo.

Simpson foi um escritor prolífico, tendo uma extensa obra literária de aproximadamente 101 livros, além de poemas, hinos, artigos e livretos. Até nossos dias, ainda nos inspira e fortalece no sentido de buscar uma vida profunda e frutífera no Senhor. Para os que desejam conhecer mais de sua obra, os títulos “Jesus Cristo, Ele mesmo!”, “As quatro dimensões do Evangelho” são publicados pela Editora Betânia na língua portuguesa.

“Durante muito tempo orei a Deus pedindo a santificação, e muitas vezes achei que a havia recebido. Houve até uma ocasião em que senti algo diferente, e me agarrei àquela experiência, receoso de a perder. Fiquei acordado a noite toda, temendo que ela me escapasse, e é claro que, assim que a emoção e a sensação momentânea se esvaíram, ela desvaneceu também. Perdi-a, porque não me firmara em Jesus. Estivera bebendo pequenos goles de um imenso reservatório, quando poderia estar imerso na plenitude de Cristo… Então, resolvi despreocupar-me da santificação e da bênção em si, e passei a contemplar o próprio Cristo. Assim, em vez de ter uma experiência, entendi que, tendo Cristo, tinha Aquele que era maior do que uma necessidade momentânea, tinha o Cristo, que era tudo de que necessitava. Então O recebi, de uma vez para sempre” (A. B. Simpson, “Jesus Cristo, Ele mesmo!”).

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