“Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado.”
Rm 11:22
Amós foi um profeta de Judá, que foi enviado a Israel para profetizar no reino de Jeroboão II, e mais uma vez advertir o rei e a nação daquilo que iria acontecer. Essas profecias foram cumpridas cerca de 60 anos depois de entregues, quando o reino foi destruído pelo império Assírio.
A tônica da profecia de Amós é “Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa?” (Am 3:4a). “Rugiu o leão, quem não temerá?” (Am 3:8)
O Senhor é o leão.
Não podemos nos esquecer da bondade e da severidade de Deus. Não podemos pensar que sendo povo escolhido do Senhor, redimido pelo sangue do Cordeiro de Deus, que podemos viver de qualquer maneira. O primeiro Jeroboão foi um homem escolhido, mas não buscou um relacionamento de amor com o Senhor, não teve interesse em conhecê-lo, não temia esse Deus verdadeiro.
Os pecados de Jeroboão I podem estar no mais interior de nosso coração, mas um dia terão um julgamento à luz dos olhos de fogo do Cordeiro. A incredulidade era a raiz de tudo, e na carta aos Hebreus somos advertidos por diversas vezes de como a incredulidade incapacitou Israel de entrar no descanso de Deus, e que a mesma atitude também pode nos desqualificar. A incredulidade gera frutos – porque uma pessoa incrédula não consegue confiar, descansar no Senhor, deixar que Ele lute as nossas guerras. Uma pessoa incrédula não pode ser guiada pelo Espírito. Muitas vezes a religião pode se tornar um outro meio de satisfação pessoal. Podemos viver a vida cristã sempre voltados para nossos motivos interesseiros, ascensão social, proeminência, busca de honra e privilégios.
Então a palavra de Amós se torna algo vivo para nós hoje.
Amós inicia sua profecia (capítulos 1 e 2), julgando as nações que faziam fronteira com Israel. Deus governa toda a terra, e por isso Ele pode julgar. Ele reina e domina sobre todas as atividades humanas. A expressão “por três transgressões e não quatro” é repetida para cada nação citada. Isso demonstra duas coisas: a longanimidade de Deus e a plenitude da iniquidade. Quando uma nação peca vez após a outra, haverá retribuição divina. Aquilo que o homem semear, ele ceifará (Gl 6:7). Deus espera que a medida da iniquidade de uma nação esteja cheia, para que Sua mão caia sobre ela, por outro lado Ele espera que haja arrependimento. Se não houver arrependimento e o pecado continuar até que sua medida se encha, a mão de Deus cairá repentinamente sobre aquela pessoa ou aquela nação, pois ele é justo. A roda da justiça de Deus gira devagar mas constantemente.
Na segunda parte de sua profecia (capítulos 3 a 6), encontramos a expressão “ouvi esta palavra”, por três vezes. O povo de Israel deveria ser o povo escolhido de Deus e deveriam ter um ouvido pronto para ouvi-Lo. Pelo fato de pertencermos ao Senhor, podemos pensar que Ele nos deixará seguir adiante fazendo o que quisermos, pois Ele nos ama. O Senhor nos escolheu e derramou tanta graça sobre nós. Será que temos consciência de que o privilégio implica em responsabilidade? Aqueles a quem Deus deu muito, Ele pedirá muito. Aquele a quem Ele confiou muito, Ele exigirá muito.
Em seguida, o Senhor diz: “Preparem-se para encontrar-se com o seu Deus” (Am 4:12). Costumamos usar esse versículo para pregar o evangelho. Contudo, o contexto nos mostra que essa palavra foi dada aos crentes da época, o povo de Israel, o povo escolhido de Deus. Eles lhes fala: ‘Já alertei vocês suficientemente e ainda não houve arrependimento. Se vocês nao se arrependerem, preparem-se para o encontro com o Seu Deus. Esse será um dia terrível’ .
No final do livro da Amós nos é dito que o tabernáculo caído de Davi seria levantado novamente. Quando a disciplina de Deus vem, sobra aqueles que conhecem o Senhor e que são Dele, não se trata do fim. Algumas vezes pode parecer que é o fim, mas é só aparência, porque a disciplina vem para a restauração e não para a destruição (Hb 12).
De uma maneira geral podemos dizer que o reino de Judá significa a igreja que não caiu em apostasia. Essa condição é representada por Judá. Sempre que tomamos as profecias relacionadas ao reino de Judá, podemos tomá-las como uma lição à igreja nessa condição. Já o reino de Israel foi uma nação apóstata do começo ao fim. Logo no começo, o rei Jeroboão I transformou a adoração ao Senhor em adoração a natureza, e isso tornou-se o pecado da nação ao longo de sua história. Não houve sequer um rei bom no reino de Israel. Portanto, esta nação representa a igreja apóstata, a igreja que está desviada. As outras nações, como Edom e Nínive, representam o mundo.
Mas onde está essa igreja apóstata? A igreja nasceu no Pentecostes com muita glória. A presença do Espírito Santo era muito real, e o amor dos irmãos era muito intenso. Por estar no seu estado original do desejo de Deus, ela sofreu nas mãos do mundo. Por isso a igreja foi perseguida ao longo dos séculos. Entretanto, a história da igreja nos mostra que tudo começou a mudar no quarto século, quando o imperador Constantino adotou o cristianismo. O cristianismo começou a mudar da adoração ao Senhor para a adoração da natureza. A política do mundo entrou no cristianismo e começou a transformar sua própria natureza. Gradualmente, o cristinismo se desviou do seu plano original. Externamente, eles ainda adoravam a Deus e invocavam o nome do Senhor. Tudo seguia sendo feito como se nada tivesse mudado. No entanto, tudo havia mudado. Ao invés de adorar a Deus, agora havia a adoração do homem. Ao invés do caminho de Deus, agora havia o caminho do homem. O cristianismo havia começado com um grão de mostrarda e se tornou uma grande árvore. Ele estava vivo, mas devemos lembrar que o grão de mostarda gera uma hortaliça, não uma árvore. A ordem de Deus é “cada um segundo a sua espécie”.
A igreja deveria ser um pequeno rebanho neste mundo. Contudo por meio da sutileza de Satanás, o cristianismo adquiriu popularidade e, gradualmente, se tornou um poder político, um poder mundial.
Deus, em sua longanimidade, permitiu que Jeroboão II fosse bem-sucedido e que Israel enriquecesse, pois não desejava eliminá-los por completo. Ele queria dar-lhes um tempo para que se arrependessem, mas eles não entenderam e foram de mal a pior.
Não será essa a condição do cristianismo hoje? Nós somos como a Igreja de Laodicéia. Não percebemos que o Senhor está do lado de fora da porta.
Ao longo da história, algumas vezes encontramos cristãos que se tornaram apóstatas. No Novo Testamento, Paulo, Pedro, João e Judas falaram sobre apostasia. Nos últimos dias do fim dos tempos, que são os dias que vivemos, a apostasia vai estar em todo lugar. Lendo a Bíblia, você descobre que a mão disciplinar de Deus é muito pesada sobre o apóstata. Pela graça de Deus, a história da Igreja nos mostra que alguns apóstatas retornaram ao Senhor no final. Outros nunca retornaram e, por causa disso, a mão disciplinar de Deus caiu pesadamente sobre eles.
Não devemos ser descuidados. Tenhamos cuidado em pensar que, por sermos do Senhor, podemos fazer o que bem entendermos que não haverá problemas. Talvez nada aconteça agora, mas você não sabe por quanto tempo. Enquando Deus nos der vida e alento, durante o tempo que se chama hoje, retornemos para Ele e tenhamos um relacionamento adequado com Ele.
Mas a sétima geração ainda seria pior…
Baseado no Texto de Stephen Kaung sobre o livro do profeta Amós na série “Havendo Deus Falado – Vol 7” – Publicada pela Edições Tesouro Aberto