T. Austin-Sparks
“Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co 15:25).
O apóstolo Paulo, quando escreveu essas palavras, não estava pensando no futuro, quando Cristo iria reinar e colocar todos os Seus inimigos debaixo dos Seus pés. Ele também não estava pensando em um tempo em que Jesus haveria de vir, quando algo aconteceria e O colocaria naquela posição e que levaria a esse resultado. Quando Paulo – ou qualquer dos apóstolos – se referia à exaltação de Cristo e Seu Senhorio, sempre era em referência ao tempo presente. Ao olhar para o futuro, eles viam o desenrolar desse presente, algo mais. No entanto, início desse Senhorio não era algo futuro para eles, mas presente. E quando Paulo disse: “É necessário que Ele reine”, ele quis dizer: “Ele está reinando e deve continuar a reinar, até que tenha colocado todos os Seus inimigos debaixo dos Seus pés”.
Isso é algo que deve ser resgatado em nossa consciência e nossa convicção. É isso que precisa ser restaurado ao devido lugar na vida da Igreja e deve ser uma consciência constante no meio dela. Digo isso porque, em grande escala, apesar da Igreja aderir à doutrina da exaltação, reinado e senhorio de Cristo, a consciência e poder dessa realidade no meio dela está amplamente perdida. A Igreja, no início, vivia na plena consciência e poder desse fato – era algo real para ela – Jesus estava no Trono, indubitavelmente, inquestionavelmente! Ele estava no Trono, Ele era o Senhor de tudo!!
Pedro afirmou: “Este [Jesus] é o Senhor de todos” (At 10:36). Paulo disse: “[Deus] o fez sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que possa se referir, não só no presente século, mas também no vindouro” (Ef 1:20,21). Isso era algo plenamente realizado. Essa era a visão, convicção e consciência deles sobre essa questão; e ela era tão poderosa, que afetava cada aspecto de suas vidas.
Até que isso seja tão verdadeiro na vida e consciência da Igreja de hoje como foi na Igreja primitiva, os mesmos resultados e feitos de outrora não serão encontrados. É por isso que o poderoso impacto e registro de Cristo naquele tempo foi incomparavelmente maior do que o que vemos no estado deplorável da Igreja hoje. O segredo do poder, influência, progresso e marcha da igreja primitiva se encontra aqui: “Ele precisa reinar – Ele precisa reinar, até que tenha colocado Seus inimigos debaixo dos Seus pés”. Ele está reinando – isso porque, mesmo em meio a um mundo em terrível hostilidade, perseguição, martírio e todo tipo de adversidade, eles marchavam em frente “formidáveis como um exército em bandeiras” [Ct 6:4], e eram descritos como aquelas pessoas que “transtornaram o mundo” (At 17:6).
Para os apóstolos, o reino de Cristo já tinha começado, sendo experimentado por eles no tempo em que viveram. Como eles chegaram a essa convicção, esse conhecimento? Vamos nos manter, nesse momento, nos escritos do homem por quem foram proferidas essas palavras: o apóstolo Paulo. O conhecimento de Paulo a respeito do fato de Cristo estar reinando foi derivado de sua experiência pessoal desse fato. Ele teve um encontro com o Senhor reinante e glorificado; e o Senhor dos Céus teve um encontro com ele. Isso se tornou parte de sua experiência pessoal, história e vida. Isso era algo muito pessoal, como tal tipo de coisa deve ser. Até que algo se torne pessoal, pode ser que seja bastante teórico para nós. Por isso, nossa experiência deve ser pessoal e experimental, como aconteceu com Paulo.
Extraído do Capítulo 8 do livro “Men Whose Eyes Have Seen the King” – de T. Austin-Sparks.