T. Austin-Sparks
“A palavra “braço” é usada simbolicamente muitas vezes nas Escrituras, para significar aquilo em que o homem confia para obter força e apoio. Um braço representa a pessoa: quando ela está fraca, seu braço é descrito como fraco: em outros momentos está forte. Ele é empregado como símbolo da pessoa, do povo ou da nação, sempre indicando um estado de força ou de fraqueza. Esta expressão, portanto, “o braço do Senhor”, quando adotada em relação a homens ou nações, implica no Senhor conceder Sua força e apoio àquilo que está de acordo com Sua mente, manifestando-Se em poder em favor deles.
A quem, então, o Senhor se manifestará em poder? A quem o Senhor ‘desnudará’ Seu braço (Is. 52:10)? “A quem foi revelado o braço do Senhor?”
T.Austin-Sparks aborda nesse livro o que essa expressão significa. Analisando o Antigo Testamento, ele indica características em comum nas instâncias onde essa expressão era usada: uma exaltação dos poderes mundiais contra Deus e o seu Ungido, um envolvimento da glória ou propósito do Senhor, mediante condições de fraqueza ou apostasia no Seu povo, e um clamor interior por parte de um instrumento de intercessão.
Com sua visão muito clara e Cristocêntrica, T.Austin-Sparks nos leva a entender o que é o Braço do Senhor, qual a base para a revelação dele nos nossos dias, e as implicações e resultados da sua manifestação, tomando por base o livro do profeta Isaías.
“Algumas questões surgem em relação a tudo isso em nossos dias. Existe alguma situação no nosso tempo que corresponda a estas situações, nessa conexão tríplice? Temos uma condição como essa hoje? A resposta é óbvia. As potências mundiais estão levantando a cabeça contra o Senhor? Já houve um tempo em que o trono de Deus fosse mais desafiado pelas potências mundiais do que hoje? Há uma condição no Cristianismo que traz muita desonra ao Senhor? Estaria o verdadeiro testemunho do Senhor mais envolvido num estado espiritual contrário à Sua mente revelada do que hoje? Vemos que a resposta novamente é evidente. É impossível hoje em dia mover-se por este mundo sem encontrar essas duas coisas e ser quase oprimido por elas.
A tremenda força do mal que está colocada contra Deus! Você sente, se depara com ela em todos os lugares. E se isso por si só já é angustiante, posso afirmar sem exagero que ainda mais angustiante é o estado do Cristianismo em geral, que hoje é uma grande contradição com o que Deus revelou quanto ao Seu propósito. Somos quase compelidos a dizer que o maior inimigo do Cristianismo é o Cristianismo. Estou falando, é claro, honra e a glória de Deus estão profundamente envolvidas hoje numa condição entre o Seu povo que é muito desonrosa para Ele. Estas duas condições sem dúvida prevalecem nos dias de hoje.
E quanto ao terceiro ponto? Temos um clamor vindo de dentro? É difícil falar muito sobre isso – talvez sim e não. Há uma sensação crescente no coração de muitos filhos de Deus de que as coisas não estão bem – uma sensação real que não foi essa a condição que o Senhor intencionou para o Seu povo. Creio que há um clamor profundo em muitos corações por alguma mudança na condição espiritual entre Seu povo.
Apesar da satisfação geral com tão pouco, há aqui e ali um clamor por discernimento e compreensão, nascido da convicção de que o Senhor desejava algo diferente para a Sua Igreja. Essa condição nunca poderia atender ao padrão de Deus! “ Essa consciência e sua manifestação podem ser mais intensas e abrangentes do que conseguimos perceber. O Senhor precisa obter o que deseja, se for realizar algo; ainda que sejam apenas um Daniel e mais três ou quatro na Babilônia, já será suficiente para Ele. Minha ênfase maior está neste último ponto: a necessidade urgente de um clamor mais profundo, fortalecido a Deus.”
Considerando a seriedade do tema e a importância para nossos dias, disponibilizamos esse ebook e nossa oração é que o Senhor encontre em nós essa resposta! Usando as palavras do próprio irmão:
“O Braço do Senhor não irá simplesmente ‘acontecer’; o Braço do Senhor só será revelado em resposta a um clamor. “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça” (Lucas 18:7,8). Ele irá – mas Ele precisa do clamor de um eleito.”
“Esta é, eu sei, uma palavra solene. Mas este é um dia para sermos sérios, um momento para enfrentar a situação real, e não apenas viver num paraíso de tolos, como se tudo estivesse bem. Deus deve ser alcançado com um clamor nestes dias. Só posso dizer isso por estar em contato muito próximo com essa grande necessidade. (…) Portanto, trago esta ênfase no início, e depois poderemos ver algo dessa a base sobre a qual o Senhor se moverá.” (extratos selecionados do Capítulo 1).

Sobre o autor
T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério.
Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência.
Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church.