C. A. Coates
“Depois, chamou Jacó a seus filhos e disse: Ajuntai-vos, e eu vos farei saber o que vos há de acontecer nos dias vindouros” (Gn 49:1).
A Falha em Desfrutar a Vida Abundante – Zebulom, Issacar e Dã
Zebulom entra em contato com o mundo na conexão comercial, porque Sidom é uma figura do comércio do mundo. Muitos de nós têm algum contato com o comércio, mas vamos ficar atentos para que nossos corações não sirvam de porto para navios. Se tornar demasiadamente ocupado com os assuntos relacionados a negócios e ganhar dinheiro já provou por diversas vezes ser um passo para o declínio espiritual; e frequentemente resultou em santos tendo contato moral com o mundo. Imagino que muitos de nós fomos embaraçados assim, e o que muitas pessoas chamam ‘ir em frente’ normalmente representa ‘voltar atrás’. Já ouvirmos sobre pessoas que abriram mão de privilégios espirituais por causa de um pouco de dinheiro. É um assunto sério que cada um de nós deve ponderar. Será que estamos aqui apenas para trilhar o caminho da vontade de Deus, ou estamos buscando alguma vantagem de natureza mundana para nós mesmos? Será que tocamos Sidom em algum momento?
[“Zebulom habitará na praia dos mares e servirá de porto de navios, e o seu limite se estenderá até Sidom” – Gn 49:13]
A questão é, onde está posto nosso coração? O verdadeiro exercício de cada santo é estar conectado com a vontade de Deus; não é fazer o bem, como os homens dizem, nesse mundo. Se alguém está aqui pela vontade de Deus, os outros deveriam permitir que a caminhada dessa pessoa seja moldada por essa vontade. É dito de Davi “serviu a sua própria geração, conforme o desígnio de Deus” [At 13:36]. Esse é o verdadeiro trabalho e dignidade de um santo. Se é a vontade de Deus que alguém cresça na posse de coisas desse mundo tudo bem; satisfaz o coração de Deus ordenar isso a alguns dos Seus santos, para que eles possam ter meios de ministrar aos irmãos necessitados. A pergunta é, damos ao mundo um porto em nossos corações por causa do ganho que vamos ter nele? Se um santo seguir essa linha, ele está praticamente igual ao mundo, e então suas fronteiras descem para Sidom muito rapidamente. Mas quando a salvação de Deus entra em cena, ela liberta o Seu povo de tudo isso.
O próximo passo para baixo é visto em Issacar.
“Issacar é jumento de fortes ossos, de repouso entre os rebanhos de ovelhas. Viu que o repouso era bom e que a terra era deliciosa; baixou os ombros à carga e sujeitou-se ao trabalho servil” [Gn 49:14,15].
[Na tradução do Rei Tiago KJV – rebanhos de ovelhas é traduzido como ‘duas cargas’. Na versão de Darby, é traduzido – ‘dois obstáculos’. A palavra original é mishpath – quem pode ter o sentido de fogueiras, montes de cinzas, aprisco de ovelhas, e também pode ter um sentido incerto. Cada tradutor usou a tradução que entendia fazer mais sentido. Entendemos que ‘dois obstáculos’ parece fazer mais sentido, considerando a interpretação de Coates].
Issacar é um jumento em uma posição muito diferente da descrita no versículo 11. Em vez de estar em bênção, alegria, bem nutrido, ele é cheio de ossos e está em cadeias. O que o levou a essa condição? O desejo de ter um tempo tranquilo, e viver confortavelmente no mundo. Mas para obter isso, ele teve que sacrificar sua liberdade como um servo de Deus, e se torna agrilhoado ao mundo. Se você tentar agradar a Deus e o homem, terá apenas cadeias; se encontrará entre dois obstáculos. Você não conseguirá assegurar tranquilidade egoísta e ainda ter liberdade espiritual; muitos crentes são encurralados pelo desejo de viver confortavelmente com as pessoas, e acabam caindo em completo aprisionamento como servos; se tornam temerosos de falar de Cristo para as pessoas. “Se agradasse a homens, não seria servo de Cristo” [Gl 1:10], disse o apóstolo Paulo.
Quando a salvação de Deus chega a nós temos liberdade. “Naftali é uma gazela solta; ele profere palavras formosas”. Se você se encontrar aprisionado, e buscar Deus a respeito disso, será liberto no poder da Sua salvação e será livre. Suponho que todos sabemos quão fácil é cair nos grilhões; mas devemos buscar nos manter livres para falar por Cristo. Quão mais longe andarmos com as pessoas nos seus termos, mais difícil será abrir nossas bocas para Cristo.
Um passo abaixo leva a outro. Em primeiro lugar temos o desejo pelo ganho mundano em Zebulom; então, em Issacar, o desejo de ter um tempo de descanso e conforto por aqui; e então Dã se torna uma serpente no caminho.
[“Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel. Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os talões do cavalo e faz cair o seu cavaleiro por detrás. A tua salvação espero, ó SENHOR!” Gn 49:17]
O falto “dele julgar seu povo” é, suponho eu, o lugar que ele deveria ocupar; e ele vai eventualmente ter essa posição na terra. Ele é o primeiro a receber sua porção em Ez.48, mas isso aconteceu depois que a salvação de Jeová chegou a ele. Antes disso ele tem uma história triste; Dã foi a primeira tribo a assumir definidamente a idolatria. Eles roubaram a imagem de Mica, e toda a parafernália ligada com ela, e tomaram um neto de Moisés, tornando-o seu sacerdote. Eles tomaram, como uma tribo, a liderança na apostasia. O curso de declínio, se perseguido, leva a pessoa se tornar avessa àquilo que provém de Deus. Isso leva à apostasia direta. É muito solene começar a trilhar um caminho de apostasia, porque não sabemos onde haveremos de chegar. Muitos que estiveram partindo o pão outrora estão hoje no mundo, e parecem ter jogado fora qualquer restrição divina, e tremo em pensar qual será o fim deles. É bom atentar para os primeiros sintomas de declínio, e nos voltarmos a Deus para Sua salvação. Obrigada Deus, porque essa salvação está disponível para cada um de nós! Que possamos ter as consciências sensíveis para essas primeiras indicações de declínio e apostasia, e que nossas almas possam se voltar logo para Deus e para a salvação!
Quando Dã é visto como um adversário e apóstata, Jacó diz, “na tua salvação espero, ó Senhor”. Ele percebe a futilidade de esforços na linha do que o homem é em si mesmo, e se deve haver um resultado para Deus, deve ser por receber a Salvação de Deus. O Versículo 18 é o ponto de virada nesse capítulo. Até esse ponto não há nada mais visto por parte do homem além de derrota, tanto pelo estado do homem natural, como pelas várias características de apostasia que marcam o povo de Deus quando eles caíram sob a influência do mundo. Se qualquer coisa for preservada ou restaurada deve ser pelo poder da salvação de Deus. O resultado de aguardar na salvação de Jeová é que haverá poder para vencer, e satisfação, e liberdade, como vemos em Gade, Aser e Naftali.
Extraído do livro “An Outline of Genesis”, de C. A. Coates.