Notas sobre o Livro de Números
“Disse o SENHOR a Moisés e a Arão: Levanta o censo dos filhos de Coate, do meio dos filhos de Levi, pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais; da idade de trinta anos para cima até aos cinqüenta será todo aquele que entrar neste serviço, para exercer algum encargo na tenda da congregação” (Nm 4:1-3).
“Disse mais o SENHOR a Moisés: Levanta o censo dos filhos de Gérson, segundo a casa de seus pais, segundo as suas famílias. Da idade de trinta anos para cima até aos cinqüenta será todo aquele que entrar neste serviço, para algum encargo na tenda da congregação” (Nm 4:21-24).
“Quanto aos filhos de Merari, segundo as suas famílias e segundo a casa de seus pais os contarás. Da idade de trinta anos para cima até aos cinqüenta contarás todo aquele que entrar neste serviço, para exercer algum encargo na tenda da congregação” (Nm 4:29,30).
Vamos examinar o serviço dos levitas, conforme descrito em Números 3 e 4 (Leia Nm 3:5-9). Os levitas representavam toda a congregação de Israel e atuavam em seu favor. O povo impôs as mãos sobre eles, que era um ato expressivo de identificação.
Entretanto o serviço dos Levitas era regulado por meio da nomeação do sacerdote, não havendo mais lugar para o exercício da vontade própria no serviço entre eles.
Aquelas pessoas poderiam até suspirar por alguma coisa nova, por alguma variedade no seu trabalho, mas, no entanto, sempre que a vontade era submissa e o coração estava em paz, cada um podia dizer: “O meu caminho é perfeitamente claro; eu só tenho que obedecer”. Este é sempre o dever do verdadeiro servo. Foi assim com o nosso Mestre, o único servo perfeito que passou pelo mundo:
“Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6:38).
“Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4:34).
Porém, há outro fato a respeito dos Levitas que merece nossa atenção: o serviço deles dizia respeito exclusivamente ao tabernáculo e o que lhe pertencia. Nada mais tinham que fazer. O mesmo acontece com um cristão agora. A sua tarefa exclusiva – a sua única grande obra – o seu serviço essencial é Cristo e os Seus interesses. Nada mais o Cristão tem que fazer.
Um verdadeiro Levita da antiguidade poria dizer: “para mim o viver é o tabernáculo”, e um verdadeiro cristão pode dizer: “para mim o viver é Cristo”. A grande questão relacionada a tudo quanto pode apresentar-se a um cristão é essa: “isso é o que Cristo quer? Se não for, nada tenho absolutamente que ver com o assunto”.
Esta é a verdadeira forma de encarar as coisas. Não se trata da questão de o que há de bom ou mau nisto ou naquilo. Não! É simplesmente uma questão de saber até que ponto aquilo interessa ao nome e à glória de Cristo.
Deve ter sito perfeitamente belo observar os obreiros de Deus no deserto. Cada um estava no seu posto e atuava dentro da esfera que lhe havia sido divinamente designada. Por isso, logo que a nuvem se levantava e a ordem de partir era dada, cada um sabia o que tinha que fazer, e dirigia-se para fazê-lo e nada mais. Ninguém tinha o direito de seguir os seus próprios pensamentos. O Senhor pensava por todos. Os Levitas haviam se declarado “do lado do Senhor”; tinham-se submetido à Sua autoridade; e este fato estava na própria origem de toda a sua obra e serviço no deserto. Encaradas as coisas à luz deste princípio, era indiferente que um homem tivesse que levar uma estaca ou uma cortina ou um castiçal de ouro. A grande questão para todos e para cada um era simplesmente esta: Este é meu trabalho? É isso que o Senhor tem me dado a fazer?
Um Merarita podia dizer ou pensar: “O que ? tenho que gastar a melhor parte da minha vida na terra – a flor da minha vida – cuidando de algumas estacas? Foi para este fim que eu nasci? Não haverá nada mais elevado perante mim como objetivo da minha vida? Tem que ser esta a minha ocupação desde a idade dos trinta aos cinquenta anos?” Mas essa era a sua porção na obra que o Senhor havia designado.
E além disso, havia também uma dignidade particular envolta na obra de um Merarita, ainda mesmo quando essa obra consistia apenas em cuidar de algumas estacas ou de bases. Tudo que se relacionava com o tabernáculo era do maior interesse e do mais elevado valor. Era uma dignidade santa e um sagrado privilégio ser autorizado a tocar na menor estaca que formava parte desse maravilhoso tabernáculo no deserto. Era infinitamente mais glorioso ser um Merarita, cuidando das estacas do tabernáculo, do que manejar um cetro do Egito ou da Assíria. As suas mãos pousavam sobre objetos que eram figuras de coisas que estavam nos céus. Cada estaca, cada base, cada cortina e cada cobertura era uma sombra das grandes coisas que haviam de vir – uma figura de Cristo.
Este era o segredo da ordem entre os 8.580 obreiros (Cap 4:48). E podemos dizer, com toda a confiança, que é ainda o único e verdadeiro segredo da ordem. Por que é que nós temos tanta confusão na igreja? Por que tantos conflitos de pensamentos, de sentimentos e de opiniões? Por que tanta colisão de uns contra outros? Simplesmente por falta de submissão completa e absoluta à Palavra de Deus. A nossa vontade trabalha. Escolhemos os nossos próprios caminhos, em vez de deixarmos que Deus escolha por nós.