Major W.Ian Thomas
“Disse o SENHOR a Moisés: Toma o bordão, ajunta o povo, tu e Arão, teu irmão, e, diante dele, FALAI à rocha, e dará a sua água; assim lhe tirareis água da rocha e dareis a beber à congregação e aos seus animais” (Nm 20:7,8).
O que o Senhor havia recomendado a Moisés, na primeira vez, quando em oportunidade semelhante, em Horebe, no deserto de Sin? Foi dito a Moisés que ferisse a pedra – uma figura simbólica de Jesus Cristo, e este crucificado.
E o que o Senhor agora pede que Moisés faça?
Foi-lhe dito que falasse à rocha – quadro simbólico do Senhor Jesus Cristo ressuscitado de entre os mortos e assunto ao Pai, o qual, “…tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” (Hebreus 10:12), cujo corpo nunca mais será quebrado, e cujo sangue nunca mais será derramado.
Falai à rocha, e dará a sua água… assim lhe tirareis água da rocha.
As instruções divina foram explícitas. A rocha não poderia ser novamente ferida, posto que Cristo “…com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados…” (Hebreus 9:14). Não devemos procurar agora o vivo entre os mortos, pois Ele ressuscitou e está glorificado! Deus disse a Moisés: “…falai à rocha..”.
Entretanto, Moisés se dirigiu à congregação nestes temos: “Ouvi, agora, rebeldes…”. É dessa maneira que gostaríamos de falar, não é? “Ouvi, agora, rebeldes, porventura faremos sair água desta rocha para vós outros?”.
Não, Deus não ordenou a Moisés que fizesse sair água da rocha. Deus ordenou apenas que Moisés e Aarão falassem à rocha, e esta produziria toda a água de que o povo necessitava. Pois, de conformidade com as palavras do Senhor Jesus Cristo, “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”(João 7:38,39).
Uma vez reconciliado com Deus pela morte de Cristo – a Rocha ferida – você será salvo pela Sua vida – a Rocha viva.
A vida cristã é a vida que o Senhor Jesus Cristo viveu há mil e novecentos anos, vivida agora por Ele no crente! Todas as coisas pertinentes à vida e à piedade nos tem sido outorgadas em Cristo, como participantes que somos da natureza divina (ver 2 Pedro 1:3,4).
“Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes com a vara…” (Números 20:11) – aquela rocha que só deveria ser ferida uma vez! Assim, pois, Moisés estava deixando Cristo na cruz! De conformidade com a linguagem simbólica da ilustração, Moisés se tornou homem dotado de apenas meia mensagem. Declarou o Cristo crucificado, mas não o Senhor ressurreto! E o homem que tem apenas meia mensagem, também só cumpre a tarefa pela metade! Por isso é que ele tirou o povo do Egito, mas não o introduziu em Canaã!
Moisés pregou ao povo, por muitas vezes, levando-os até às lágrimas ao arrependimento, mas não conseguiu introduzi-los em Canaã! Ele os atraía e ameaçava, ele os repreendia e encorajava, e, com incansável integridade, se punha na brecha e intercedia em favor deles; mas eles escorregavam vez após vez de volta ao seu desvio. Sim, Moisés jamais conseguiu introduzi-los em Canaã!
Isso deveria servir de solene advertência para cada um de nós, porquanto nós também, se pregarmos apenas meia mensagem, realizaremos apenas metade de nossa tarefa. Também ficaremos cercados de um bando de infantes espirituais; e então, a exemplo de Moisés, será nossa triste sorte não lhes dar outra coisa senão leite no deserto! Talvez consigamos fazê-los sair do Egito, mas jamais poderemos fazê-los entrar em Canaã!
“Mas o Senhor disse a Moisés e a Arão: Visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não fareis entrar este povo na terra que lhe dei” (Nm 20:12).
“Visto que não crestes em mim…” – “crentes incrédulos”. Esse foi o pecado de Moisés, homem que morreu cedo demais e foi sepultado no lugar errado.
É quase desconcertante testemunharmos a severidade do juízo de Deus contra aquele poderoso guerreiro, mas ele quebrou o tipo, violou o princípio fundamental da vida cristã vitoriosa – CRISTO EM VÓS, a esperança da glória! Moisés nunca foi além de Jesus Cristo, e este crucificado. Na linguagem ilustrativa do Antigo Testamento, o evangelho de Moisés nunca foi mais poderoso do que: “Vinde a Jesus, e os vossos pecados estão perdoados”. Era uma mensagem que prometia “o céu algum dia, mas agora, o deserto!”. Moisés deixou Cristo na cruz! Ele nada sabia com respeito à Vida Redentora de Cristo.
Nossa solene responsabilidade é a de apresentar o Senhor Jesus Cristo não somente como Aquele que morreu historicamente, para redimir os pecadores através de Seu sacrifício expiatório, mas também como experiência para o PRESENTE – como a Rocha viva, a origem daquele “…rio de água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22:1).
Continua amanhã…
Extraído do livro “Salvos pela Vida de Cristo”, Cap.10 – Major W.Ian Thomas